PESQUISA SURPREENDENTE
Eleonora
Ramos
Jornalista
Cerca de 31% da população
brasileira têm menos de 18 anos e o país é o segundo em número de homicídios de
crianças e adolescentes, atrás apenas da Nigéria. São mais jovens assassinados no Brasil do que
em áreas de conflitos e guerras, como a Faixa de Gaza e o Afeganistão.
A maioria, como se sabe, negros, pobres e
moradores de regiões periféricas.
Vinte
e oito por dia.
Já o Disque 100 recebe cinco denúncias por hora de violência
física e sexual e negligência.
Daí os inesperados resultados de recente pesquisa da ong Visão Mundial e
do Projeto Igarapé sobre a percepção de insegurança (ou segurança) e violência
por parte de crianças e adolescentes. Foram ouvidos 1404 entre 8 e 17 anos de doze cidades em
diferentes regiões.
Os resultados revelam
que a com a presença da violência e a
falta de segurança estão de tal maneira introjetadas em suas vivências e cotidiano, que não mais
as percebem, como não se percebem como vítimas de violações de seus direitos.
Mostra a pesquisa que 89% se dizem seguros com a própria família, amados e bem
tratados. Mas 35% precisaram recorrer à delegacia ou hospital como vítimas de
situações violentas. e 63% declararam ter sofrido violência física e psicológica.
Os agressores são, principalmente, os próprios pais, a pretexto de educar ou punir.
Fica evidente a naturalização da violência doméstica. Mais de metade, 62%, se
sentem seguros na escola e na comunidade, apesar de 35% declararem já ter
sofrido ameaça, xingamentos ou agressões na escola. E apenas 40% confiam na
polícia.
No geral, a pesquisa revela que crianças e adolescentes se sentem bem e
seguros, apesar da insegurança institucional e amados pela família, apesar de
sofrer violência doméstica. A pesquisa utilizou um aplicativo criado por
especialistas em lugar de entrevistas presenciais, o que também deve ser
observado na análise dos resultados.
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