AUGUSTO PONDÉ
IPHANme
Para que serve o IPHAN?
Para cuidar do amanhã!
O hoje não lhe interessa,
sua preguiça tem pressa,
quer chegar logo às ruínas.
Rara ave de rapina,
de voo lento e rasteiro,
bem mais lenta que as raízes
que se infiltram no mosteiro.
O cinema art déco,
onde o filme é de terror,
todo dia se desfaz,
não está no seu cartaz.
E o solar que estertora
suscita sua demora.
A indiferença lhe cresce,
se o campanário ergue preces
implorando seu auxílio.
Ignora seu martírio.
Grita, em vão,o Pelourinho,
nele vergastam a história.
Em horrendos "puxadinhos",
também se olvida a memória
no Santo Antônio vizinho.
Se o miolo se vai
do prédio já combalido,
a fachada que não cai
recebe o apoio urdido
pela desídia do órgão.
São escoras bem fornidas
que lhe prolongam a vida
já quase toda perdida.
Pobre capital primeira!
A muralha que a cercava,
construída por Tomé,
antes fosse ela mantida,
conservada bem em pé.
Talvez ela rechaçasse
a horda feia e ignara,
que , um dia, a habitara,
de Seabras e Henriques
que a puseram a pique.
Quem devera defendê-la
da sanha dos desafetos
é quem deixa ruir tetos,
cupins devorarem portas,
heras medrarem em muros,
pisos ficarem escuros
por serem,à luz do dia,
banheiro em que evacua
todo menino de rua.
Quem devera ser escudo
é, decerto,mais que tudo,
um covil de sinecuras
que mais fere,jamais cura
a ferida que supura
no patrimônio escorado,
que foi , um dia, tombado,
em vão teatro burlesco,
por um abraço da UNESCO.
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