segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

REQUIÃO PARA O SERVIÇO SUJO

Requião: a peça-chave para o serviço sujo


Por Elisa Robson*
Enquanto os brasileiros manifestavam-se com educação, firmeza e protestos organizados, um dos seus políticos, que ocupa um dos cargos mais importantes, xingava-os abertamente. O senador da República Roberto Requião se dirigiu aos brasileiros com as seguintes palavras: “Eu recomendo alfafa… É própria para muares e equinos, acalma e é indicada para passeatas nonsense.”
Resultado de imagem para fotos de requiãoQuando votamos em políticos, a cada dois anos, supomos que eles serão capazes de atender às nossas necessidades de administração da vida em sociedade. Acreditamos que o serviço que eles vão nos entregar relaciona-se com o alívio da pobreza, eliminação do desemprego, redução de preços e uma crescente estabilidade econômica. Mas o que acontece é o contrário: a cada novo ciclo eleitoral, vemos a implantação de medidas econômicas destrutivas que beneficiam apenas ao próprio político e seus auxiliares.  Além de não haver a devida prestação de contas e nem imputabilidade.
Ironicamente, continuamos votando repetidamente nas mesmas pessoas que apresentam os mesmos planos de sempre. E, claro, pagamos um preço alto por isso, seja por meio dos impostos ou pela circulação de propinas dadas em troca de privilégios.
Mas, agora, estamos vendo muitos políticos darem um passo a mais, que vai além da economia. Embora, a maioria deles não tenha a menor ideia de como nos ajudar, pois não sabem minimamente o que estão fazendo, em uma coisa eles estão evoluindo: na arte de mentir e trapacear.
A nossa última evidência disso foi a destruição das 10 Medidas Contra Corrupção. Esse ato revelou que houve um vertiginoso declínio da, já péssima, qualidade política.
Não foi à toa que Requião foi escolhido como peça-chave para dar progresso a todo o trabalho sujo contra o pacote anticorrupção. Com um discurso infame, ele tenta fazer a população crer que a alteração da lei de abuso de autoridade deve ser tratada agora, isto é, sem a devida discussão com a sociedade e durante o processo de trabalho da Lava Jato.
E você sabe por quê?
A Lava Jato tem, no momento, mais de 250 réus sendo processados. A maioria são pessoas poderosas que possuem todos os recursos para contratar equipes de advogados e levantar, simultaneamente, dezenas de retaliações combinadas contra promotores, procuradores, juízes e delegados, por exemplo.
Em um cenário desses, as autoridades não terão tempo para outra coisa exceto responder a acusações. Não há dúvidas de que promotores e juízes, vitimados pela vingança, poderão concluir que o melhor a fazer é desistir, abandonar o seu trabalho. Como explicou o dr. Dallagnol, “a cada ação penal proposta, algumas contra mais de dez réus, o que é comum na Lava Jato, os procuradores e promotores poderão ser vítimas de dez ações de indenização.”
O que Requião cobiça, portanto, é a criação de um mecanismo que vai servir de desestímulo para o combate à grande corrupção e para a acusação de poderosos. Ora, exatamente o oposto que as medidas buscavam.
Naturalmente, Requião, escolhido por Renan Calheiros, demonstrou estar à altura dessa função. Seu discurso sobre equinos e alfafas só poderia ser conclusão de um raciocínio elaborado dentro de uma estrutura que só contempla este nível de aprendizagem. Só um tipo escroque poderia se encaixar tão perfeitamente na insídia em que transformaram as 10 Medidas. Quem mais se ajustaria completamente às exigências para defender um estratagema obsceno desses contra a sociedade?

* Elisa Robson é jornalista, administradora da página República de Curitiba e do site Movimento Mãos Limpas.

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