quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

ECOVILAS: PRENÚNCIOS DO FUTURO?

 por Débora Nunes



Estima-se que existam no mundo hoje cerca de 15 mil comunidades vivendo de modo alternativo, buscando o bem pessoal e coletivo e em harmonia com a Natureza. Embora com valores e práticas parecidos, as ecovilas são diversas: podem ser pequenas, como a Terra Mirim, situada em Simões Filho, com menos de 30 moradores, ou grandes como Auroville, no sul da Índia, com cerca de 2500 habitantes. A maioria dessas comunidades são “teimosas” em sua proposta de vida na contracorrente do mundo estressado e insustentável de hoje: Terra Mirim tem quase 25 anos e Auroville completa 50 anos em 2018, ambas realizando seus projetos e perseguindo seus sonhos, com destemor, dedicação, coerência e alegria.
O que fez essas pessoas buscarem uma vida alternativa? Certamente, a insatisfação com o modo de vida na sociedade moderna e capitalista. O que faz com que as ecovilas estejam se desenvolvendo de norte a sul do planeta e atraindo mais e mais gente? O fato de haver cada vez mais pessoas insatisfeitas com suas vidas e que buscam alternativas. A percepção da futilidade do consumismo exibicionista como foco da vida em sociedade, o desalento com a política sem princípios, o desespero com o trânsito e a violência urbana e a desesperança causada pelo individualismo exacerbado são alguns dos motivos que expulsam pessoas das cidades “normais”. As ecovilas atraem os que buscam uma vida mais saudável e simples, os que querem construir comunidades solidárias que se autogovernem, os que querem proteger a Natureza e contribuir para mitigar o aquecimento global... enfim, gente que quer dar mais sentido à própria vida e viver melhor.
Nem todo mundo conseguiria viver com menos dinheiro (e uma vida menos estressante), com maior responsabilidade para com os demais (e o ambiente cooperativo que isso cria), ou com uma dedicação maior à dimensão imaterial da vida (e o profundo sentido de realização que isso traz), portanto, as ecovilas ainda são apenas “alternativas”. Entretanto, com a falta de perspectivas de solução para um mundo que caminha a passos largos para a inviabilização da vida nas cidades e para o colapso ambiental, as ecovilas plantam sementes e trazem esperança. Do mesmo modo, ir morar no interior é também uma alternativa, mas é como viver em um mesmo mundo, em escala menor, porém na mesma estrutura. As ecovilas se baseiam em outras concepções de mundo e outras práticas, mais solidárias e ecológicas. Observa-se que essas comunidades, mesmo ancoradas em práticas sociais que evocam sociedades antigas de ajuda mútua e afetividade, não abrem mão das novidades tecnológicas e das redes sociais. Vá na internet e busque “Ecovilas”: um mundo promissor e variado se abrirá para lhe inspirar.

Artigo publicado no jornal "A Tarde", dia 26/12/2016. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário