domingo, 12 de março de 2017

O RIO JOANES

Águas do Rio Joanes chegam poluídas na praia de Buraquinho

O Joanes é o principal rio de uma bacia que é responsável por 40% do abastecimento de água de Salvador
Aos 12 anos, quando começou a pescar, Carlos Antônio da Cunha viu na foz do Rio Joanes o seu sustento para a vida inteira. Ele se lembra da água límpida e de como o rio podia ser aproveitado. “As marisqueiras trabalhavam em paz, todo mundo pescava aqui. A gente bebia a água desse rio”, recorda o pescador que hoje tem 63 anos e sofre com a atual situação do rio, na praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas, onde ele se encontra com o mar.

Com o olhar triste e revoltado, ele olha para as águas do Joanes, o principal rio de uma bacia que é responsável por 40% do abastecimento de água de Salvador. “Hoje você olha essa água preta, ninguém suporta esse fedor quando a maré baixa”, conta o pescador. “Até desembocar aqui, ele pega esgoto de um monte de lugar”.

O Joanes nasce em São Francisco do Conde e passa por São Sebastião do Passé, Candeias e Camaçari. Ele integra a Área de Proteção Ambiental Joanes-Ipitanga, que abrange ainda os municípios de Simões Filho, Salvador e Dias D’Ávila.

Em Buraquinho, ele encontra com o mar, formando uma paisagem bonita, mas poluída. É justamente em Lauro de Freitas que o rio sofre com a maior poluição, segundo o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Inema).
 
Das 16 coletas realizadas pelo instituto entre 2008 e 2013 nesse trecho, 11 apontam a qualidade da água como ruim, quatro mostram a água com índice regular e em apenas uma amostra a qualidade é boa.

O Índice de Qualidade das Águas (IQA), que serve de base para a classificação do rio, é baseado em 18 parâmetros, entre eles: temperatura, pH, oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, sólidos suspensos e sólidos dissolvidos totais. A partir da soma desses fatores, a qualidade do rio pode ser classificada em ótima, boa, regular, ruim e péssima. A escala vai de 0 a 100. 


Ocupação 
O coordenador de monitoramento do Inema, Eduardo Topázio, atribui essa situação à ocupação urbana próximo ao Joanes. “O rio não é uma unidade única. Ele tem a qualidade associada de onde ele está passando e a gente percebe que ele piora à medida que entra nos centros urbanos”, observa. 

Segundo Topázio, outro fator que contribui para a poluição é a falta de saneamento básico, um problema que atinge boa parte de Lauro de Freitas. “O Brasil tem uma cobertura baixa de esgotamento sanitário. E em Lauro de Freitas isso prejudica a qualidade do rio, porque existem muitas ligações clandestinas com a rede pluvial”, diz.

Ipitanga 
Já o secretário do Meio Ambiente de Lauro de Freitas, Marcos Crusoé, atribui a poluição do Joanes a outro rio: o Ipitanga. Os dois se encontram cerca de 800 metros depois que o Joanes chega a Lauro de Freitas, dentro de uma propriedade privada. 













Um comentário:

  1. Até a enchente da década de sessenta que destruiu a ponte o rio era caudaloso e não continha coliformes. O pescador Carlos Antonio da Cunha está coberto de razão.

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