segunda-feira, 3 de abril de 2017

UM ARQUIVO PRIVADO

Ephemera. O arquivo privado mais público de Portugal (vídeo 360 graus)


José Pacheco Pereira mostra quatro das cerca de quinze salas do seu arquivo. Trata-se da primeira reportagem multimédia em 360 graus do Expresso, que permite “passear” com o historiador, que também assina o texto. Um trabalho pioneiro em Portugal, que “dá a imagem ‘borgeana’ da biblioteca universal, ou daquilo que eram no passado os ‘gabinetes de curiosidades’, que coloca visualmente este arquivo e biblioteca numa linha de combate contra a usura do tempo, que é a da Memória”. Entre connosco na Ephemera

PACHECO PEREIRA
O Arquivo / Biblioteca Ephemera é um arquivo (ainda) privado, mas funciona como um arquivo público. Recolhe, trata, inventaria, divulga materiais sobre a história cultural, social, económica e política de Portugal e internacional, numa perspectiva comparada. Está sediado em várias casas particulares na Vila da Marmeleira e tem pontos de recolha e de trabalho em Lisboa (Livraria Ler Devagar, na LX Factory), no Porto (numa sala cedida pelo Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura da Universidade do Porto, e na galeria Mira Forum), em Torres Vedras e em Viana do Castelo (no Café Girassol e numa sala da Associação de Comerciantes).
Tem literalmente “salvo” milhares de documentos, e outros materiais por todo o país, na sua maioria por oferta, mas também por aquisição, inclusive fora de Portugal. Mais de cem voluntários trabalham na recolha, digitalização, organização e inventariação dos materiais entrados e existentes, o que torna única esta iniciativa em Portugal e permite um output superior a muitos arquivos existentes, tudo apenas dependendo do valor imenso do trabalho dedicado dos seus voluntários, sem um tostão do Estado.
Os seus fundos incluem arquivos fundamentais para a história cultural e política contemporânea, como os papéis de Francisco Sá Carneiro, Vítor Crespo, Sousa e Castro, José Fonseca e Costa, etc., documentos da censura, vários núcleos de correspondência, Militaria, papéis de propagandistas do Estado Novo, o arquivo da Arcada, espólios de organizações sociais e políticas, da extrema-esquerda à extrema-direita, colecções do PCP, PSD, PS, movimentos dos referendos da regionalização e sobre o aborto, milhares de cartazes, autocolantes, pins, fotografias. A colecção é internacional pela sua natureza e inclui importante documentação espanhola, americana, irlandesa e dos PALOPs, contendo espécimes de mais de cem países. Uma lista dos principais arquivos está publicada na Internet. A Biblioteca com cerca de 200.000 títulos, para além do seu valor específico, serve, na sua parte mais especializada, o Arquivo.
Os filmes realizados por Rafael Antunes e a sua equipa em 360º dão uma ideia de quatro salas das cerca de quinze existentes, mas incluem algumas das que contém os espólios mais importantes e que são visualmente mais interessantes. É um trabalho pioneiro em Portugal, e dá a imagem “borgeana” da biblioteca universal, ou daquilo que eram no passado os “gabinetes de curiosidades”, que coloca visualmente este arquivo e biblioteca numa linha de combate contra a usura do tempo, que é a da Memória.
O lema do Arquivo e dos “cidadãos arquivistas” que o mantêm é que a preservação da Memória do Passado, é uma arma para a Democracia do Presente.
[Pacheco Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia]

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