sábado, 1 de junho de 2019

A BAHIA JÁ FOI MAIS BELA

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Não é saudosismo de velho rançoso, mas constatação básica de qualquer um que saiba abrir os olhos e tenha um mínimo de memória.
Dos abandonos e agressões ao centro histórico de Salvador já cansei – por enquanto - de falar. Mesmo assim, não posso deixar de estranhar que o mesmo prefeito que derruba o imóvel contemporâneo do Lelé, permite, com a conivência do IPHAN, um bizarro projeto de “modernização” dos arcos da Ladeira da Montanha. Triste. Os outros bairros da cidade não estão em condições muito melhores. A Barra de tantas festas parece uma velha farrista decadente. Do Comércio pouco resta senão sombras de uma época de prosperidade e dinamismo. O Corredor da Vitória perdeu a maioria de suas mansões, substituídas por espigões sem elegância nem criatividade e a Graça segue o mesmo caminho. Itapuã perdeu qualquer vestígio de sua poesia caymminiana. Hoje não passa de uma favela tentacular.
Saiu da capital, o cenário é constrangedor. A Estada do Coco nunca teve o mínimo planejamento e concorre em sordidez com a Suburbana. Desde o aeroporto até Itacimirim, construções selvagens – galpões, centros comerciais, borracharias... – são um triste prelúdio da Praia do Forte que também muito perdeu da beleza inicial do projeto Klaus Peter/ Wilson Reis.
Quem se aventura a caminho de sul, após a ilha de Itaparica com seus lixões à beira de estrada, cada dia mais favelada, melhor não esperar muito do idílico título de Costa do Dendê. Sua feiura e absoluta falta de fiscalização torna fastidioso aquilo que fora um magnífico passeio. Concorre sem dificuldade com as já citadas Suburbana e Estrara do Coco. Neste último carnaval, a caminho de Maragogipe, constatei que, desde a saída da BR até Cachoeira a anarquia e a sujeira estão agora complementadas por uma deprimente plantação de eucaliptos. Eucaliptos no Recôncavo!

Resultado de imagem para fotos DA ESTRADA DO COCO SALVADOR

Não existe, a nível estadual, nenhum órgão para fiscalizar a ocupação desordenada de espaços públicos. A Bahia tem uma natural vocação para a indústria supostamente não poluente do Turismo, mas não tem qualquer preocupação com seu patrimônio histórico e natural, os dois pontos essenciais para atrair belgas e coreanos. Quais são os critérios para alvarás, se é que os há? Existe, entre os diversos poderes públicos a mais total confusão de propostas e interesses.
Paisagens também são patrimônio cultural, natural e artístico, e é obrigação dos governantes preservá-las. Não as agressões imediatistas, mercantilistas que terminam em sistemática depredação, não somente da memória material, mas também das riquezas de nossa flora e fauna.
Temos que perguntar, mais uma vez, aos governantes: qual é a Bahia que vocês pretendem deixar a seus filhos? Um imenso lixão?

Dimitri Ganzelevitch
A Tarde 1 de junho 2019.


2 comentários:

  1. Salvador uma - Cidade em Ruínas - https://www.youtube.com/watch?v=3Q4-AY3HgGI

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  2. Você está coberto de razão, nossos mandatários não se preocupam, em nada, com manter um padrão estético, limpar as cidades e as vias. Nossas praias são verdadeiros depósitos de lixo a céu aberto ou no fundo do mar, tem de tudo. As faixas de domínio das estradas são ocupadas indiscriminadamente, sem planejamento algum. As fachadas das lojas são uma balbúrdia, principalmente nas lojas instaladas em prédios históricos. O pior disso tudo é que ninguém está atento a isso. Muito triste.

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