quarta-feira, 16 de outubro de 2019

UM RELATO DE OUTROS TEMPOS

Usina Vitória, na margem do rio Paraguaçu. 

Passei as férias aí, dos 7 aos 11 anos. Meu cavalo era castanho, seu nome era Patusco. Foi meu irmão Armando quem deu este nome. Aprendi a montar em um selim inglês de salto. Tudo aí era uma aventura. A casa era imensa. Meus irmãos gêmeos e eu aprontamos todas espécies de aventura nesta casa. Para chegar à Vitória, saíamos de Salvador no vapor de Cachoeira. O navio atravessava a baía de todos os Santo, naquele tempo cardumes de botos, peixes da família dos golfinhos, acompanhavam o navio. Uma vez fomos a noite, nem sei que palavras usar para descrever tanta beleza. Era uma noite de lua cheia. Minha mãe fez de tudo para nos botar para dormi. Como se dorme se os botos eram ainda mas bonitos na luz do luar. Eles pareciam de prata, acompanharam o navio, que subia em direção à foz do Rio Paraguaçu, foi inesquecível, posso ainda sentir o cheiro do mar que o vento trazia, respingos de água molhava meu rosto. A Vitória ficava antes da cidade de Cachoeira. O cais da usina não era fundo o suficiente para o navio atracar. Por isso está canoa grande que se vê na foto, ela tinha motor de centro, navegava ao lado do navio, que diminuía a marcha. A canoa era amarrada e nos pulávamos, com ajuda de mestre Vává para a canoa. Está era uma grande aventura para quem só tinha 7 anos. O Rio tem muita correnteza, por causa da maré e por ser perto da foz. Chegar na usina Vitória era um impacto para qualquer pessoa adulta, para nos crianças era uma Disney só para nos.
Por esta grande arcada passava o trole que levava a cana para a usina, aí se fazia açúcar e cachaça. Nesta parte de baixo ficavam os escritórios. O apartamento do padre com seu jardim, tinha uma fonte com Netuno e peixinhos vermelhos. Do outro lado ficava o consultório médico de tio Francisquinho, com sala de espera é tudo, e outro jardim, neste tinha Afrodite na fonte.
A imensa escada, pelo menos para mim parecia, levava para a casa. Ela dava numa saleta de espera, tinha um sino para que a porta fosse aberta. Dava direto no meio da sala de jantar. Aí estava a ela a mesa de jantar, parecia interminável, 36 lugares, todas as cadeiras de braço, nas cabeceiras da mesa cabiam duas cadeiras.
Esqueci de dizer, foi a primeira vez que vi um mordomo, todo empertigado, Domingos metia medo, era alto e magro. Ele é vovó Júlia, a governanta da casa, reinavam sobre os outros empregados da casa.
Bom dia a todos 



🌸


A usina Vitória como a conheci


A imagem pode conter: oceano, céu, ar livre e água

O navio de Cachoeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário