terça-feira, 25 de outubro de 2022

A BANCADA DA BALA

 57 deputados estaduais, 

44 federais e 

2 senadores eleitos 

vieram das forças de segurança, diz instituto

Por Kleber Tomaz, Carlos Henrique Dias e Rodrigo Rodrigues*, g1 SP — São Paulo

 


País terá no ano que vem 103 parlamentares que são ou foram ligados às forças de segurança e armadas — Foto: Fábio Tito/g1

País terá no ano que vem 103 parlamentares que são ou foram ligados às forças de segurança e armadas — Foto: Fábio Tito/g1

Levantamento do Instituto Sou da Paz aponta que 103 novos representantes eleitos neste ano para atuar em 2023 nas assembleias de 23 estados e no Distrito Federal, além do Congresso Nacional, vieram das forças de segurança e armadas (veja abaixo a lista completa com os nomes dos parlamentares).

O grupo de parlamentares dessas forças é conhecido, popularmente, como 'Bancada da Bala'. De acordo com o Sou da Paz, 57 deputados estaduais (sendo um deles distrital), 44 deputados federais e dois senadores são ou já foram policiais civis, policiais militares, bombeiros, policiais federais e integrantes do exército.


"Esse termo ['Bancada da Bala'] tem sido usado em várias acepções. Muitas vezes ligado aos parlamentares ligados às forças de segurança, outras para se referir ao grupo mais diretamente ligado à indústria de armas e ao armamentismo, outras para aqueles que defendem o endurecimento penal para resolver o problema da violência", disse ao g1 Felippe Angeli, gerente do Sou da Paz. "Muitas vezes o mesmo parlamentar integra todos os grupos, mas outras vezes não se reconhece nessa definição".

 

Alguns desses parlamentares, de acordo com o especialista, são conhecidos por defenderem pautas como a da flexibilização de leis para armar a população, permitir a compra de mais armas e munições pelos CACs, sigla usada para definir o grupo chamado de Colecionadores, Atiradores e Caçadores, endurecimento e redução da maioridade penal, e excludente de ilicitude para policiais envolvidos em ocorrências com suspeitos mortos, entre outras.


"São candidatos e políticos em geral, que se beneficiam muito mais do status policial para benefício próprio. E aí embarcam nesse debate político, mais no campo dos costumes, mais ideologizado, mais próprio nesse campo do bolsonarismo [como são chamados os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL)] do que policiais que estão ali, de fato, se candidatando para representar suas corporações", disse Felippe.


O Sou da Paz estuda dinâmicas das violências, do uso de armas no Brasil e desenvolve metodologias para tentar prevenir ocorrências de alguns crimes. Além disso, acompanha os índices de esclarecimentos de homicídio no país e nos estados, por exemplo.

Segundo Felippe, a eleição dos parlamentares ligados às forças de segurança poderá fortalecer as aprovações de pautas de costumes e ideológicas, deixando de lado questões relacionadas à própria categoria que cada um dos parlamentares representa. De acordo com o especialista, assuntos como salários, condições de trabalho e investimentos tecnológicos nas corporações podem ficar em segundo plano.

Para fazer o levantamento com os parlamentares oriundos das forças de seguranças e armadas, o Sou da Paz considerou as profissões que os candidatos informaram atualmente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mas também procuraram saber quais os empregos que eles tiveram no passado. Para isso, checaram o que cada um dos candidatos já fez antes de se eleger.

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