Editorial
Jornal A TARDE
de 13/03/2017
O Brasil ostenta o
triste título de país com mais cesarianas do mundo. A cada 10 partos realizados
em maternidades particulares no País, 8,5 são cesáreas, proporção que
ultrapassa em muito aquela recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
de 1,5 a cada 10 partos.
A
realidade se mostra um pouco melhor na rede pública de saúde, onde o percentual
de partos normais prevalece – 59,8%, contra 40,2% de cesarianas. E pela
primeira vez desde 2010 registra-se o dado positivo de estabilização do número
de cesáreas: informações divulgadas na última semana pelo Ministério da Saúde
revelam que esse tipo de procedimento, que até então apresentava curva
ascendente, caiu 1,5 ponto percentual em 2015, no Brasil.
A
boa notícia vem acompanhada de iniciativas como o anúncio, pelo governo
federal, de novas diretrizes de assistência ao parto normal, que servirão de
consulta a profissionais de saúde e gestantes, garantindo à mulher o direito de
definir o seu plano de parto. É ele que reúne informações como local onde será
feito o nascimento e orientações quanto aos benefícios do parto normal.
O
avanço, no entanto, ainda não se mostra suficiente para assegurar as bases
necessárias para reverter o quadro de epidemia de cesarianas no País e oferecer
às novas mães o ambiente de respeito, acolhimento e conforto tão necessários a
esse importante momento de chegada de novas vidas ao mundo.
É
preciso garantir medidas que coloquem as gestantes como protagonistas do
processo de decisão sobre o momento do primeiro encontro com seus filhos, o que
envolve reorganização do sistema de saúde, com qualificação de profissionais e
maternidades, atuação junto aos planos de saúde para rever o modelo de
remuneração de obstetras, e realização de campanhas de esclarecimento e
estímulo ao parto natural. Só assim conseguiremos, de fato, que a maioria dos
partos não tenha como desfecho uma cesariana.
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