quarta-feira, 3 de maio de 2017

CARMEN, A PREDADORA

Poda irregular de árvores gera problemas entre vizinhos no Jardim Baiano

Entre as árvores podadas há irokos, que são consideradas sagradas pelo candomblé
Os moradores que residem nos arredores da Praça Olga Metting, no Jardim Baiano, estão em pé de guerra por conta da poda radical das árvores plantadas no local durante o último final de semana.  De um lado, um grupo defende a manutenção das plantas, inclusive, dos irokos – consideradas sagradas pelo candomblé. Do outro, há quem esteja fazendo isso por conta própria, como denuncia o professor universitário Ayrson Eraclito.
“Tem uma moradora, de prenome Carmen, que se acha a dona da praça. Ela contrata pessoas para podar as árvores sem qualquer segurança ou consulta a quem mora e frequenta a praça, com a desculpa de que a poda das árvores tira a visão e luminosidade dos prédios e favorece a presença de moradores de rua, homossexuais e adeptos do candomblé. O que está sendo feito aqui sem qualquer autorização é um atentado à natureza, homofobia e intolerância religiosa”,diz o professor.
O professor contou ainda que já registrou uma queixa por telefone à  Secretaria de Manutenção da prefeitura (Seman). O próximo passo é formalizar uma denúncia junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Temos árvores como figueira brava, aroeira e espécies que são sagradas para o candomblé. Ela extirpou essas árvores dizendo que está cuidando da praça. Moro aqui há 12 anos, não tem como não ficar indignado”.
Por outro lado, moradores são favoráveis à atitude de Carmen, ainda que tenha sido sem alvará, como assegura a funcionária pública. Um deles, que preferiu não se identificar, conta que Carmen sempre cuidou da praça e costuma fazer reuniões periódicas com moradores.
“A gente teve essa atitude para resolver a situação. Eu apoio Carminha totalmente. As árvores não estão tendo manutenção e ficam cheias de cupins. Sou a favor da ecologia e reciclagem, mas a praça está um antro de marginais, que fumam crack, utilizam o lugar como motel e banheiro público. Foi uma poda muito forte, mas necessária. São vários assaltos nesta rua”.

O morador diz que plantou uma das árvores que foi cortada logo que chegou ao Jardim Baiano. “Moro aqui há mais de 15 anos e plantei três árvores nesta praça. É uma situação delicada, mas não podemos ficar entregues à insegurança”.
O fato é que, para podar qualquer árvore, é necessário um alvará emitido pela Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur). Segundo a tabela de multas disponível no site da pasta, qualquer poda ilegal é passível à aplicação de multa por vegetal que pode chegar a R$ 4.070,41. A Sedur informou que realizar esse tipo de serviço em árvore no espaço público só pode ser feito com a autorização da pasta após solicitação. A secretaria disse ainda que irá verificar a situação no Jardim Baiano.
A Seman informou que a praça é vistoriada e que as podas são realizadas com frequência. O órgão, no entanto, ainda não confirmou o recebimento da denúncia feita pelo professor  através do número 156. O CORREIO tentou ainda contato com Carmen, mas não teve retorno.

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