quarta-feira, 17 de maio de 2017

FESTIVAL DO AUDIOVISUAL

Ricardo Rangel

Resultado de imagem para FOTOS DO FESTIVAL AUDIO-VISUAL DE RECIFE

Dias atrás, oito cineastas retiraram seus filmes do Festival do Audiovisual 2017, que ocorreria no fim deste mês no Recife. Foi um protesto à participação de dois filmes supostamente “alinhados à direita conservadora”: um documentário sobre Olavo de Carvalho e um drama sobre o Plano Real. O festival foi suspenso em decorrência do boicote.
Os cineastas que boicotaram o festival o fizeram, claro, em nome da liberdade, da diversidade, da democracia e do diálogo. Com seu gesto, assassinaram a liberdade, impediram a diversidade, pisotearam a democracia e inviabilizaram o diálogo.
A atitude dos que tentam construir um “mundo melhor” feito de opiniões uniformes, onde as vozes dissonantes são intimidadas e caladas tem um nome: stalinismo.
O ocorrido me remete a Rosa Luxemburgo (1871~1919), autora de uma de minhas frases favoritas: “a liberdade que importa é a liberdade de quem discorda de nós”.
Rosa viveu num tempo pré-Stalin, em que socialismo e democracia não eram ideias mutuamente excludentes, e foi um dos maiores expoentes da esquerda em todos os tempos. Mas pouco se fala dela: é um assunto desconfortável, porque ela foi a primeira a denunciar a revolução bolchevique e foi assassinada por ordem de um governo de esquerda.
Menciono Rosa não apenas por seu aforismo, uma perfeita definição do que é a democracia, mas por seu caráter simbólico (a esquerda lida melhor com símbolos do que com fatos concretos), que ilustra como uma esquerda stalinista, cega e intolerante acaba por matar a esquerda democrática -- sim, ela ainda existe, e não gostou do episódio.
Torço para que o ocorrido sirva de publicidade e ajude os filmes boicotados a fazer sucesso.
Em tempo. Como produtor de cinema, escrevo este post com muito pesar: essa atitude dos oito cineastas me enche de tristeza e vergonha. (Este post, como tudo o que escrevo nesta página, representa estritamente minha opinião pessoal. Não falo em nome de nenhuma empresa nem de nenhuma outra pessoa.)
P.S. A maioria dos nomes não é conhecida do grande público, mas há uma porção de gente de cinema dando like neste post. A ideologia cega na classe artística e no meio audiovisual é grande e é barulhenta, mas está longe de ser unânime.

Marcos Cavalcanti Temos que estudar a polêmica Sartre - Camus. Os dois eram super amigos e brigaram porque Sartre ficou cego, surdo e mudo diante das atrocidades de Stalin. Camus não se conformava com esta atitude do amigo que passou, inclusive a boicotá-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário