quinta-feira, 15 de março de 2018

ENTRE A IGREJA DO PILAR...

 ... E A ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

Nesta última quarta-feira, fui, com uns amigos estrangeiros, dar uma volta pelo Comércio, usando o Plano Inclinado do Pilar que, por enquanto, está funcionando.



Começamos pela bela e esquecida igreja do Pilar, onde reina a siciliana Santa Luzia.
Em grande destaque na fachada rococó do templo, notamos este admirável relevo de Nossa-Senhora do Pilar.




No muro onde se apoia o imponente cemitério, um cartaz, nem evidente chamou minha atenção...


 

Mas uma vez, mais um pedido de socorro dos responsáveis pela igreja pedindo ajuda em caráter de urgência.




Já conhecemos esta cantiga. Inaugura-se com grande alarde uma restauração geralmente antes de acabar, para depois, e muitos anos, não prestar a mínima manutenção.
Uma telha quebra. Não vale a pena substituir. As autoridades só acordam quando o telhado inteiro começa a ruir...




Mas os que deveriam zelar pelo monumento também têm sua parte de culpa. Aqui. por exemplo. É razoável colar cartazes com larga fita adesiva ...




Ou até com cola?

 



 Na sacristia, onde entramos sem a mínima vigilância, nos deparamos com magníficos painéis ricamente emoldurados. 

Mas onde estão todos aqueles que deveriam estar enfeitando e ilustrando os textos sacros no interior da nave?




 A igreja, como tantas na Bahia, abolindo a preciosa decoração barroca do século XVIII, foi reformada no século XIX no estilo neoclássico. Assim mesmo algumas pelas talhas ainda testemunham o esplendor inicial



 Entre estas, as belas e maciças portas.



Infelizmente, pudemos também observar  o desleixo de algumas áreas...




 ... Até dentro do cemitério.



Outro reparo é a costumeira falta de fiscalização para a proteção da encosta. Multiplicam-se as construções irregulares sob a conivência dos órgãos da prefeitura. Mas quando um temporal mata quatro pessoas, todos lamentam a inclemência divina.



Aqui documentando o absurdo destas construções.





Com a chegada da época de chuvas pesadas, colunas, telhados e azulejos da Igreja do Pilar, tombada desde 1938 pelo IPHAN, sofrerão mais um pouco - ou muito - como todo nsso preciosa patrimônio.


CONTINUAMOS NOSSO PASSEIO.


 Aquilo que foi um dos mais curiosos e interessantes imóveis da Cidade Baixa, o Mercado de Ouro...

 ... rebatizado de Museu du Ouro pelo novo inquilino Carlinhos Brown, encontra-se em avançado estado de arruinamento.


 Desde que o conhecido percussionista/compositor ocupa o espaço pouco ou nada foi feito para reerguer o antigo esplendor
 

  As poucas lojas que animavam três dos lados do Mercado do Ouro, fecham, uma após a outra.  Ficando o restaurante Juarez um dos últimos.


 Este é o triste espetáculo do lado da Praça Marechal Deodoro...



 ...E do lado da Secretaria da Fazenda.



Hoje enfeitada por uma nova "fonte"!



CHEGAMOS, 
APÓS UMA DIFÍCIL CAMINHADA SOB O SOL 
DE UMA MANHÃ DE MARÇO.


 A aristocrática sede da Associação Comercial. Minha intenção era mostrar aos meus amigos franceses o imenso painel de Cândido Portinari "A chegada da família Real á Bahia em 1808"



"No dia 22 de janeiro de 1808, após quase dois meses no mar, os navios que traziam ao Brasil a família real portuguesa e sua comitiva chegaram a Salvador. O conde da Ponte, governador da Bahia, os recebeu em meio a muitos festejos, com repique de sinos, salva de canhões e fanfarras.
 D. João, o príncipe regente, permaneceu na Bahia apenas 35 dias, mas, nesse espaço de tempo, assinou dois documentos importantes: a famosa Carta de Abertura dos Portos, que franqueava os portos brasileiros às nações que estivessem em paz com Portugal, e a Decisão Régia de 18 de fevereiro de 1808, na qual fundava a Escola Médico-Cirúrgica da Bahia. Além disso, tal como aconteceu com o Rio de Janeiro, a cidade de Salvador começou a receber uma grande quantidade de estrangeiros através de seu porto, o que ocasionou grandes mudanças nos costumes e na vida social da cidade.(...)" Blog da Biblioteca Nacional.



Notem a única figura negra do painel.



Sem dúvida a Cidade do Salvador pode agradecer - com muitas palmas - o resultado  do "decisivo apoio que vêm dando (...) ao bairro do Comércio".






Um comentário:

  1. Dimitri, meu amigo. Sou realmente seu fã. Que postagem importante. Fico feliz por existirem pessoas como você que trazem a tona problemas de nossa cidade. Sem deixar de mostrar história em tudo que fotografa e escreve. Ao mesmo tempo me sinto envergonhado por não conhecer nada de minha cidade e, também, da sua história. Triste é o povo que não conhece a sua história e que precisa ter um estrangeiro (chamo de estrangeiro sem um mínimo de preconceito) para contá-la. Obrigado pelo trabalho que presta. Clamo as autoridades que não deixem a velha Salvador morrer. A Salvador de Comércio, da Avenida Sete, da Rua Chile, do verdadeiro centro da cidade.

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