segunda-feira, 19 de março de 2018

NEM O SOL, NEM O MAR, NEM O BRILHO DAS ESTRELAS...


Ygor da Silva Coelho

Image may contain: Ygor Coelho, standing, beard, outdoor and natureConservo na memória e no coração algumas árvores plantadas por mim pela cidade. Uma parte plantada com autorização da Prefeitura de Salvador, graças à intermediação do meu caro Professor Moisés Waxman e do amigo George Waxman. Outras foram plantadas clandestinamente. Há quem as arranque, eu procuro plantá-las. Plantei em vários bairros onde morei e em avenidas por onde circulei. Claro, observando os critérios sobre o plantio área urbana. Não dá para plantar uma árvore, onde cabem apenas rosas e margaridas.
Recentemente, fui ao Tororó observar se sobreviviam as mangueiras e abacateiros plantados em terreno baldio, lá por volta da década de 70. O local se tornou uma invasão e à sombra de um abacateiro repousavam algumas pessoas. Parei o carro sob olhares curiosos e intimidantes. Tive vontade de dizer, por questão de vaidade e orgulho, "vocês se deliciam e colhem frutos deste abacateiro que plantei em 1975!" Mas os olhares não eram simpáticos. Fugi.
Na Paralela, que já foi considerada uma das mais belas avenidas do Brasil, espalhei muitas mangueiras das variedades 'Espada' e 'Carlota'. Mas as pistas foram sendo duplicadas e as árvores desaparecendo. Sobrou uma, frondosa, no meio do canteiro, próximo ao Iguatemi. Veio um novo viaduto e, como as outras, foi eliminada.
No largo canteiro central da Avenida Centenário, estão espécies que me orgulham. Pena que um pé de fruta-pão, que frutificando parecia uma árvore de natal com bolas verdes, sucumbiu numa das reformas. Apesar de tudo, muitas mangueiras sobreviveram à insensibilidade.
Um provérbio hindu diz: "A melhor época para plantar uma árvore foi há 20 anos; o segundo melhor momento é agora". Venho obedecendo. Ontem, contando com a chuva que não costuma falhar no dia de São José, espalhei sementes de pau-brasil, pitanga e acerola no Campo Grande. Espero que germinem.
Se com o chegar da minha idade eu não aproveitar a sombra e frutos, os pássaros, os passantes e os casais de namorados aproveitarão. Ficarei feliz olhando à distância. E a brisa, certamente, há de me soprar uma canção: "Nem o sol, nem o mar, nem o brilho das estrelas. Tudo isso não tem valor sem ter você... Árvore!"

Um comentário:

  1. Boa ideia.
    Também planto,sem licença da prefeitura,árvores no meu bairro desde que o dono do espaço permita.

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