sábado, 10 de março de 2018

RACISMO NA FGV

 “Achei esse escravo no fumódromo! 

Quem for o dono avisa!”

O agressor é o aluno Gustavo Metropolo (na foto à direita), que após a repercussão de sua postagem retirou todas as suas redes do ar.

 

 
Um aluno da Faculdade Getulio Vargas (FGV), no Centro de São Paulo, tirou uma foto de outro estudante da mesma instituição e compartilhou em um grupo de whatsapp com a frase: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. A vítima registrou boletim de ocorrência por injúria racial e o autor da foto foi suspenso da faculdade por 3 meses.
 O agressor, de acordo com o boletim de ocorrência, é Gustavo Metropolo que, logo após a mensagem se espalhar pelas redes internas, retirou todos os seus perfis das redes sociais.

A Fórum tentou entrar em contato através do seu celular, mas ele não atendeu.
Em um grupo da GV no Facebook, a vítima conta que foi chamada pela Coordenação de Administração Pública na terça-feira (6) e informada que um aluno do 4º semestre do curso de Administração de Empresas compartilhou a foto com a frase.


No post, a vítima diz que o colega teve atitude “covarde”. “Tão perto de mim…porque não foi falar na minha cara? Mas você optou pela atitude covarde de tirar uma foto minha e jogar no grupo dos amiguinhos. Se seu intuito foi fazer uma piada, definitivamente você não tem esse dom. Acha que aqui não é lugar de preto? Saiba que muito antes de você pensar em prestar FGV eu já caminhava por esses corredores. Se você me conhecesse, não teria se atrevido. O que você fez além de imoral é crime! As providências legais já foram tomadas e você pagará pelos seus atos”, diz post publicado em grupo da faculdade no Facebook.
“Não descansarei até você ser expulso dessa faculdade. Pessoas como você não devem e nem podem ter um diploma da Fundação Getulio Vargas. A mensagem é curta e direta. Mas serve para qualquer outrx racista da Fundação. Não passará!”


O boletim por injúria racial foi registrado no 4º Distrito Policial da Consolação, na região central da cidade, nesta quinta-feira (8).
Em nota, a FGV afirma que ante “possível conotação racista da ofensa” “aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso por três meses”.


“O comentário ofensivo foi feito em grupo privado do qual o ofensor fazia parte, sem qualquer participação, ainda que indireta, da FGV. Ante a possível conotação racista da ofensa, firme em sua postura de repúdio a toda forma de discriminação e preconceito, a FGV, tão logo tomou conhecimento dos fatos, tal qual prevê seu Código de Ética e Disciplina, de imediato aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso de suas atividades curriculares por três meses, estando impedido de frequentar a escola, sem ressalva da adoção de medidas complementares, a partir da apuração dos fatos pelas autoridades competentes”, diz o texto.

O Diretório Acadêmico Getúlio Vargas disse, por meio de nota, que uma carta de denúncia será apresentada à Congregação, órgão colegiado capaz de deliberar a respeito da expulsão do aluno.
“Reiteramos, ainda, nosso profundo repúdio ao ocorrido. Nossa gestão assumiu o DAGV com o compromisso de trabalhar junto aos coletivos por uma faculdade mais inclusiva e democrática, e por um ambiente universitário verdadeiramente acolhedor a todos e todas que nele estão”, diz a nota.

O coletivo negro 20 de Novembro FGV também se manifestou e pediu “basta de preconceito”.
“Vivemos num país livre. Infelizmente essa liberdade muitas vezes é tão somente formal. As desigualdades de renda, classe, gênero e de cor nas terras de Machado de Assis, Dandara, Luís Gama, Carolina de Jesus, Joaquim Barbosa e Thais Araújo, nos dizem que indivíduos ainda são cerceados de ser quem realmente são. Negros e negras são minoria nas prestigiadas instituições de ensino superior. Homens negros são a maior parte da população carcerária do país. Mulheres negras sofrem duas vezes mais com o feminicídio do que mulheres brancas. Crianças negras são a grande maioria do corpo discente do péssimo ensino público. LGBTSs negros fazem parte de uma das populações mais vulneráveis para o desenvolvimento de doenças mentais. Sendo assim, o coletivo 20 de novembro se levanta e diz: Basta!”

Nota de Repúdio Cursinho FGV

Nós, do Cursinho FGV, expressamos nosso repúdio ao ato de racismocontra um dos alunos da Escola de Administração de Empresas (EAESP), denunciado terça-feira dia 06/03, dentro da Fundação, praticado por um ex-docente do Cursinho FGV. Tendo a situação chegado ao nosso conhecimento no dia 08/03 após ter sido divulgado em grupos da FGV.
Como entidade estudantil que visa promover a diversidade dentro da Fundação Getúlio Vargas e a promoção do acesso à educação de maneira geral, é com grande tristeza e revolta que enxergamos o ocorrido. Possuímos o ingresso de nossos alunos na Fundação Getúlio Vargas como objetivo e passamos a imagem da Fundação como um ambiente convidativo e enriquecedor, porém, diante episódios hostis como esse, nos sentimos desacreditados. Consideramos absolutamente inadmissível a perpetuação desses comportamentos dentro do ambiente acadêmico e, por essa razão, enfatizamos a importância de medidas que efetivamente combatam esse tipo de conduta.
Uma vez que o referido aluno não faz parte de nosso corpo docente desde outubro de 2017, gostaríamos de declarar aos atuais e antigos alunos do Cursinho FGV que a Fundação é um espaço nosso, e que vamos continuar o ocupando mesmo que isso gere incômodo e desconforto em um ambiente no qual os privilégios ainda são evidentes, mas que têm caído a cada dia.
O Cursinho FGV aguarda um posicionamento oficial da Escola de Administração de Empresas (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas e da Congregação da Fundação Getúlio Vargas. Por fim, gostaríamos de oferecer nossos sentimentos e nosso apoio à vítima do ocorrido e ao Coletivo 20 de novembro.

Com informações do G1

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