sábado, 14 de julho de 2018

OS HERÓIS DESCONHECIDOS

Os heróis desconhecidos da missão de resgate da Tailândia




A equipa que resgatou a equipa de futebol "Javalis Selvagens" era verdadeiramente multinacional, numa união de esforços sem precedentes. Porém, por detrás desta equipa, há ainda outros heróis que permitiram que a missão de resgate fosse bem-sucedida e que ainda não foram totalmente reconhecidos. Entre eles, estão tailandeses e pessoas de outras nacionalidades que se encarregaram de objectivos tão simples como limpar o uniforme dos mergulhadores, preparar comida para a equipa de resgate ou transportá-los para a gruta de graça. Tarefas simples, mas que se revelaram fulcrais no conjunto da missão.
A operação de resgate provavelmente não teria começado tão rapidamente se não fosse as acções deste homem: Vern Unsworth, um explorador britânico que já explorou esta gruta na Tailândia. Este desenhou um mapa da gruta que guiou os mergulhadores e foi quem escreveu uma carta aos 3 mergulhadores britânicos considerados os melhores do mundo – Rob Harper, Rick Stanton e John Volamthen. Os dois últimos lideraram a equipa de mergulhadores e escreveram a outros profissionais da área a pedir auxílio para a operação.
Além destes mergulhadores referidos, a equipa contou ainda com a ajuda preciosa de Richard Harris, Claus Rasmussen, Mikko Paasi, Erik Brown, os marinheiros SEAL da Tailândia, o falecido Saman Guman e outros.


Rawinmart Luelert, uma mulher tailandesa, foi a pessoa que se voluntariou para lavar os uniformes dos mergulhadores. Esta tem uma loja de lavagem de roupa automática na província de Chiang Rai e ofereceu-se para limpar os fatos sem qualquer custo. Todas as noites às 21h conduzia até à gruta para recolher os kits de mergulho da equipa de resgate e levá-los para a sua loja, onde uma equipa de voluntários trabalhava até de madrugada para limpar os fatos, entregando-os lavados às 4h. "Um dia, um amigo meu enviou fotografias dos mergulhadores com os uniformes todos sujos", conta Luelert. "A polícia disse que eles não eram limpos há quatro dias (…) Por isso, tive todo o prazer em ajudar". Luelert explicou também que lavam os uniformes à noite porque a equipa precisava deles prontos logo de manhã cedo.
Um voluntário desta equipa, Suwan Kankeaw, falou com a BBC e disse na altura: "Eu não tenho as capacidades para tirar as crianças da gruta directamente. O que eu posso fazer é lavar estas roupas."
Outra tarefa importante para garantir que o nível da água dentro da gruta não subia para níveis alarmantes, passou por extrair muitos litros de água para fora de Tham Luang. Isto implicava que o líquido recolhido fosse despejado noutro lugar e o local mais apropriado foi os campos de cultivo de agricultores locais. Mae Bua Chaicheun foi uma das agricultores da zona que aceitou que o campo de cultivo de arroz fosse inundado e destruído com 130 milhões de litros de água retirada da gruta durante a missão de resgate. Quando foi questionada sobre o prejuízo que iria ter – a perda de um ano de trabalho -, Chaicheun respondeu simplesmente que "as crianças são mais importantes do que arroz. Podemos cultivar arroz novamente, mas não podemos fazer o mesmo com crianças". Tal como Mae Bua Chaicheun, houve outros agricultores da província que autorizaram ter água despejada para os seus terrenos.
Em modo de agradecimento, a equipa que tratou da extracção da água resolveu ficar no terreno após a conclusão da operação, de forma a conseguir retirar o líquido das áreas de cultivo dos agricultores. "Nós respeitamos muito a bondade dos agricultores", disseram. "Decidimos não ir embora até conseguirmos retirar a água dos seus campos."
Seguindo o exemplo dos seus compatriotas, outro habitante local de identidade desconhecida, dono de uma pequena loja de equipamento de mergulho, deu apetrechamento e tanques de oxigénio aos mergulhadores da missão de resgate sem cobrar nada. Sublinha-se que este senhor é dono de um pequeno negócio e não de uma companhia.
Além das equipas de voluntários que cozinharam para toda a equipa da operação, uma senhora chamada Sophia Thaianant apercebeu-se que os envolvidos de origem ou religião árabe na missão teriam dificuldades na hora das refeições e por isso encarregou-se pessoalmente de cozinhar comida Halal para estes elementos, respeitando as normas do Islão seguidas pelos mesmos.
Além de todos estes, dezenas de voluntários vieram de diversas zonas da Tailândia trazendo comida, roupa e outros objectos úteis para a equipa de resgate, auxiliando também a extrair água, a manusear diversas máquinas e ajudando em tudo o que conseguiam.

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