terça-feira, 7 de agosto de 2018

VIVA O BALÉ FOLCLÓRICO DA BAHIA!

Foto de Walson Freitas Botelho.

Quando em 1988 nos unimos, eu e Ninho Reis, para concretizarmos a realização de nosso sonho de criar uma companhia de dança folclórica baiana, nunca pensamos que o céu seria nosso limite, ou melhor, que não teríamos limite. Infelizmente ele não ficou muito tempo entre nós para ver o quão alto voaríamos, mas tenho certeza que ele acompanha de muito perto, já que não tenho dúvidas que mora no céu, essa longa trajetória de lutas, tropeços, quedas, porém muitas, bastante, grandes, imensas, infinitas conquistas.

Foto de Walson Freitas Botelho.No começo ensaiávamos nos escombros de um prédio em construção, aos fins de semana, quando aproveitávamos o fim do expediente dos trabalhadores da obra, ao meio-dia, para retirarmos os tapumes e passarmos as tardes de sábado e o domingo, clandestinamente, dentro da construção. Tudo regado a um panelaço de macarrão com catch up para aguentar a jornada. No domingo, ao final dos ensaios, refazíamos os escombros tirados, os tapumes arrancados e tudo voltava ao normal, como se ninguém tivesse invadido o local. Pura ilusão, os donos sabiam, e com certeza foram eles que nos guiaram até aquele local e, com mais certeza ainda, nos protegiam ali dentro. Ficamos sabendo depois que a construção pertencia a um centro espírita. Como querer esconder alguma coisa?

Foto de Walson Freitas Botelho.Tão logo as coisas começaram a se estabelecer passamos a ensaiar numa sala emprestada no Teatro Castro Alves, sempre aos fins de semana, pois todos trabalhavam nos demais dias para ter dinheiro para ir aos ensaios. Do TCA fomos para o Espaço Xis, de lá para uma sala alugada no Pelourinho, e, finalmente, por um ato do Governo da Bahia, em 2003, quando fizemos 15 anos, ganhamos o comodato do Teatro Miguel Santana, para ali instalarmos a sede da Fundação Balé Folclórico da Bahia, criada naquele ano por uma iniciativa do Professor Edvaldo Brito, nosso maior incentivador e referência.

Foto de Walson Freitas Botelho.  Daquele domingo chuvoso de 7 de agosto de 1988, abençoado por Oxum e Oxalá, que com suas águas lavaram os caminhos que trilharíamos ao topo da nossa montanha, levamos a lembrança da presença de muitos amigos, familiares e imprensa baiana. Nossas primeiras matérias jornalísticas, escritas por Jacques de Beauvoir e Nilda Spencer, críticos de teatro e dança dos mais importantes jornais da época, noticiaram a chegada de um novo grupo folclórico, que prometia ser um sucesso no futuro. Hoje, ao lado dessas duas críticas, juntamos mais de oito mil publicações nos mais importantes jornais do mundo inteiro. Só no The New York Times, já fomos capa e matéria de páginas inteiras mais de dez vezes. Desde sermos considerados a "melhor companhia de dança folclórica do mundo", pela Associação Mundial de Críticos, à proclamação dos dias dedicados ao Balé Folclórico da Bahia - 1º e 2 de novembro se comemora o Balé Folclórico da Bahia´s Appreciation Day, nos Estados Unidos - mais de 700 pessoas passaram pelas salas de aula da companhia e deram certo no mundo, formados por professores altamente capacitados, sob a batuta do grandioso Zebrinha, nosso diretor artístico, o mestre de todos os grandes bailarinos baianos. 

Foto de Walson Freitas Botelho.Centenas que ganharam um destino na vida, como costumo responder em geral às entrevistas para a imprensa do mundo quando sou perguntado se mudamos o destino daquelas pessoas: "...não mudamos o destino dessas pessoas, nós damos um destino a elas, bem diferente...".
E hoje estamos aqui, comemorando 30 anos de existência, livro escrito e publicado aos 25 anos, mais de 700 bailarinos e músicos formados, dezenas e dezenas de países visitados, os palcos mais prestigiados do mundo já estiveram sob nosso pés, os jornais mais importantes do mundo já nos estamparam em suas páginas, os artistas brasileiros e internacionais mais famosos do cinema, da ópera, TV e do teatro já estiveram em nossa plateia. Uma grande comemoração está sendo preparada para mostrar ao Brasil e ao mundo nossa trajetória, espetáculo novo, com coreografias novas, projetos grandiosos, e um filme longa-metragem (documentário) sendo preparado para narrar essa grande aventura, que hoje chega ao seu trigésimo ano.


 Só falta agora arranjarmos um patrocinador que acredite na continuidade desse sonho, pois até agora não conseguimos um "tostão de mel coado", como dizia D. Edith, mãe do ilustre Professor Edvaldo, para apoiar nossos projetos. Parece que foi ontem, trinta anos e a mesma batalha, mas se vencemos quando tudo era mais difícil não vai ser agora que iremos fraquejar. E viva o BALÉ FOLCLÓRICO DA BAHIA

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