segunda-feira, 5 de agosto de 2019

BOLSONEPO

[Metro 1]

Ao longo de 28 anos, Bolsonaro e os filhos nomearam 102 pessoas com laços familiares

Segundo levantamento do jornal O Globo, há casos de funcionários que nunca tiveram crachás; defesa de Flávio Bolsonaro diz que nomeações ocorreram de acordo com as regras


[Ao longo de 28 anos, Bolsonaro e os filhos nomearam 102 pessoas com laços familiares]

Desde 1991, quando Jair Bolsonaro assumiu o primeiro mandato como deputado e deu início à trajetória da família na política, o presidente e seus três filhos empregaram 102 funcionários com parentesco ou relação familiar entre si, segundo levantamento do jornal O Globo. Há indícios de que vários desses assessores não trabalharam de fato nos cargos.
Segundo o mapeamento, feito pelo jornal durante três meses em diários oficiais e com uso da Lei de Acesso à Informação, 286 pessoas foram nomeadas nos gabinetes desde 1991. Dessas, após um cruzamento de informações de bancos de dados públicos e redes sociais, a reportagem identificou que ao menos 102 têm algum parentesco ou relação familiar entre si, fazendo parte de 32 famílias diferentes. O número representa 35% do total dos funcionários indicados no período.
O primeiro caso que veio à tona é o da família do policial militar da reserva Fabrício Queiroz, ex-assessor que emplacou oito parentes em três gabinetes da família Bolsonaro (Flávio, Carlos e Jair) desde 2006. Além disso, outro policial militar de confiança do presidente, o atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Antonio Francisco de Oliveira, também teve familiares empregados nos gabinetes dos Bolsonaro. Foram três — pai, mãe e tia — em períodos distintos entre 2001 e 2015. Márcia Salgado de Oliveira, tia do ministro, apareceu nos registros da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) como funcionária de Flávio de 2003 até fevereiro deste ano, mas nunca teve crachá emitido pela Casa. 
O gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores também abriga um militar de confiança que teve parte da família empregada. Desde 2001, o sargento da reserva do Exército Edir Barbosa Góes conseguiu cargos para a esposa Neula, a irmã Nadir e os dois filhos, Rodrigo e Rafael. 
Vinte e dois integrantes da família Bolsonaro foram nomeados nos quatro gabinetes ao longo de quase três décadas. Um dos primeiros parentes que Bolsonaro nomeou foi seu primeiro sogro, João Garcia Braga, pai de Rogéria Nantes Braga, mãe dos três filhos mais velhos do presidente. Ele foi assessor do hoje presidente entre fevereiro e novembro de 1991, e depois foi nomeado pelo neto Flávio na Alerj, onde ficou de 2003 a 2007, também sem crachá de identificação funcional. Quando Bolsonaro separou-se de Rogéria e passou a viver com Ana Cristina Siqueira Valle, em 1998, os pais dela também se tornaram assessores dele na Câmara.
Após fazer o levantamento, o jornal procurou o presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para comentarem os critérios de contratação, a nomeação de familiares e as funções de alguns de seus assessores. Apenas o advogado de Flávio, Frederick Wassef, respondeu à reportagem e afirmou que “a nomeação dessas pessoas ocorreu de forma transparente e de acordo com as regras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)” .

Nenhum comentário:

Postar um comentário