A II Semana
Internacional do Azulejo não teve as honras da imprensa nem da televisão. A
informação soteropolitana perdeu assim um dos eventos mais significativos do
ano em referência a nosso tão maltratado patrimônio material.
A Bahia
possui o maior acervo azulejar do mundo lusitano fora de Portugal. Acervo este se
deteriorando de forma alarmante sob o olhar indiferente das autoridades, tanto religiosas
e federais, como estaduais e municipais. Cada um empurrando com a barriga.
Nossa cultura vai perdendo suas referências, a capital se parecendo “cada dia
mais com um paliteiro” e o turismo evaporando-se na relativa leveza do ar.
Apesar da total e costumeira falta de apoio oficial, conseguimos a proeza de
receber, no Museu de Arte Sacra, especialistas de Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão e Pernambuco, sem contar, é claro, com a
prata da casa. Em destaque especial, de Lisboa vieram os proprietários da tri-secular
fábrica Sant´Anna, última do gênero em toda a Europa, fábrica a quem devemos,
entre outras obras, algumas das mais belas figuras de convite do convento de
São Francisco de Salvador.
Faltou, para
prestigiar a inauguração ou qualquer dia do evento, o magnífico reitor da Ufba.
Faltou também o menos magnífico superintendente do IPHAN/Bahia, Bruno “La vue”
Tavares, na mesa de debate do último dia. Mas este não fez muita falta, já que
pouco teria a declarar sobre o estado dramático de nosso patrimônio.
Pessoalmente, lamentei esta ausência, tendo preparado alguns questionamentos.
Em consequência
do seminário, as conferências serão publicadas em breve em forma de e-book.
Resultado também deste encontro, estamos estruturando uma associação nacional
de preservação do patrimônio azulejar brasileiro no modelo português da S.O.S.
Azulejos.
Talvez possamos, com esta arma, impedir o desaparecimento de uma
expressão cultural comum a muitos países – assim irmanados - desde a Mesopotâmia até a Holanda, México e
Argentina.
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