quarta-feira, 12 de setembro de 2018

ELEITORES DO INOMÁVEL

      Sergio Sobreira



PARA ENTENDER OS ELEITORES DO INOMINÁVEL (SE FOSSE POSSÍVEL):

- É idolatrado por seu eleitores porque diz ser a antipolítica mas é político profissional (deputado federal) há 28 anos, ofício no qual amealhou um patrimônio de alguns milhões sem ter apresentado um MÍSERO projeto de lei relevante aprovado;
- É reputado como homem de bem e honesto, mas em vários momentos esteve associado na política a notórios corruptos como Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Eduardo Cunha (a quem chamou de herói na votação do impeachment).
- É elogiado por ser honesto mas manteve (até ser descoberta pela imprensa), uma “assessora” fantasma que morava a muitos quilômetros de Brasília, tomando conta dos cachorros dele no Sítio de Angra, enquanto trabalhava vendendo açaí. A mesma assessora cujos irmãos, gêmeos, PMs, acabam de ser presos acusados de integrar o crime organizado...
SÃO ELEITORES CONVICTOS MESMO QUANDO CONTRADITADOS. Só me resta concluir que a contradição esconde razões não declaradas pelos eleitores mas muito bem elucidadas por observadores sagazes da cena política como Wilson Gomes, cujo texto nesse sentido compartilhei ontem. Procurem e leiam. Está na minha timeline.



                Wilson Gomes

"Vou votar em Bolsonaro, mas é:
( ) Por desespero?
( ) Por falta de opção?
( ) Porque odeio os comunistas, esquerdistas, petralhas?
( ) Por o PT fez isso ou aquilo
( ) Porque se não for ele, sobra quem?"
Desculpe, amigo, mas isso não é razão, mas desculpa. A fome, a miséria, a humilhação sofrida pelo país, o desemprego, a falta de aspiração dos jovens, o desespero dos velhos, o medo dos bolcheviques e do comunismo, o ódio aos banqueiros, a inveja dos ricos, o rancor dos países estrangeiros, o sentido de que se está fazendo história, tudo isso já foi usado como justificativa para o apoio a Hitler, Mussolini, Franco, Salazar e o diabo a quatro nos anos 1920, 1930 e 1940. E deu nos vários tipos de fascismo, inclusive no nazismo, no Holocausto, na 2ª Guerra Mundial.
Não voto em Bolsonaro porque ele é mau, suas ideias são más, seus planos para o Brasil são malvados. Não voto em Bolsonaro porque sou liberal, democrata e humanista e as ideias que ele sustenta, as atitudes que tem, a agenda que defende são incompatíveis com as minhas convicções do que seria um país decente, uma sociedade digna e um governo compatível com o estado atual da democracia. Não voto em Bolsonaro porque os meus valores são tolerância, respeito, liberdade, compaixão e os dele são justamente o contrário disto.
Se você vai votar em Bolsonaro e se considera liberal, deixe-me ser claro. Nada há nele ou no seu séquito que seja minimamente compatível com liberalismo. Não nos engane: você provavelmente é só mais um conservador antiestatista que quis dar um nome bonito para as suas premissas feias.
Se você vai votar em Bolsonaro e se considera um autêntico humanista cristão, vou ser bem explícito: você é simplesmente um moralista desses desumanos, autoritários e ferozes que usam o cristianismo e a Bíblia para justificar e batizar a sua própria maldade, pois não há qualquer ideia ou atitude bolsonarista compatível com um cristianismo de misericórdia, tolerância e amor ao próximo. Você é apenas mais um malvado escondido atrás da Bíblia.
Não procure desculpa para a sua escolha perversa, não culpe o PT, a devassidão, a esquerda, a corrupção dos políticos ou o pecado original por você ter abraçado o mal. Assuma que você está curtindo o ódio que o bolsonarismo instila, que você está adorando não ter limites ou peias para insultar e desprezar minorias políticas, ou para botar para fora sua personalidade autoritária, por anos reprimidos por civilização, religião e leis. Assuma que você está cada vez mais parecido com o seu candidato no que ele tem de pior. Assuma que, ao votar nele, você conscientemente subscreve e autoriza todas as consequências do governo autoritário, iliberal, antidemocrático a quem você quer dar o máximo poder político no país. Seja uma pessoa minimamente decente, assuma o que de fato lhe faz votar nele
PS. Ninguém jamais me viu aqui dizendo em que candidato vou votar ou quem as pessoas deveriam ou não eleger. Bolsonaro e o bolsonarismo, contudo, não merecem a minha isenção.

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