O CAMINHO DAS FORMIGAS

 Ygor da Silva Coelho

Há uma frase da escritora americana Muriel Strode que minha mãe adaptou ao seu modo e costumava nos dizer: "Não ande apenas por onde o caminho o levar. Ande melhor, ande por onde não há caminho e deixe por onde passar uma trilha".

Ela usava a citação para nos animar na hora de tomar decisões e de enfrentar os desafios. De tão citada, a frase foi impressa no "santinho" distribuído em sua missa de Sétimo Dia.

Aquelas palavras me acompanharam na vida, me inspiraram e me encorajaram, sobretudo na área profissional.

Durante os 35 anos de atuação na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, em vários momentos, lembrar aquela frase me fez mudar de rota, evitar os caminhos intensamente trafegados, fugir das ideias preconcebidas e da rotina.

Nunca fiz nada de excepcional profissionalmente. Apenas busquei trilhar novos caminhos que chamaram a atenção de autoridades e de pesquisadores. Com o trabalho, ganhei títulos que me honram e prêmios valiosos como um carro e um trator agrícola. Muito me honrou também a visita de uma missão designada pela então Primeira Dama do Brasil, a socióloga Ruth Cardoso.

Por que lembrei de tudo isso? Ao sentar hoje num jardim vi formigas abrindo caminhos e fazendo desenhos na relva. Algumas seguiam na frente, buscando o novo, analisando o cenário, sentindo as oportunidades. As demais seguiam a trilha fazendo a limpeza.

Aos meus estagiários, que sempre encarei como filhos, repartia a frase de minha mãe: "Não ande apenas por onde o caminho o levar. Ande melhor, ande por onde não há caminho e deixe por onde passar uma trilha". E acrescentava que se o futuro lhes reservasse o papel de pesquisadores ou cientistas, trafegar por caminhos estabelecidos seria somente seguir por onde outros já foram.

Nada fiz de excepcional! Apenas sonhava ser diferente e andava por onde ainda não tinham andado. Simples assim!