quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

REBELIÃO QUE ENVERGONHA

Editorial A TARDE 
 04/01/2017

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A simples existência de facções criminosas nomeadas, conhecidas e com atuação em áreas pré-estabelecidas é uma desmoralização para o sistema de segurança do País, uma prova robusta da falência do Estado em cumprir um ditame constitucional, direito e responsabilidade de todos, estabelecido no artigo 144, que determina, como dever, a preservação da ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio.

O descontrole nas prisões, hoje dominadas por membros dessas mesmas facções, de onde planejam crimes, impõem toques de recolher, determinam a destruição do transporte público, e usam descaradamente telefones celulares para cometer novos delitos deveria envergonhar todos os secretários de segurança pública e cobrir de vergonha o ministro da justiça.

A rebelião que deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus – que inclui cenas violentas de corpos decapitados sendo jogados dos muros e dezenas de corpos mutilados empilhados no chão – expõe não só o problema crônico de superlotação das prisões brasileiras, que hoje abrigam 70% mais presos do que sua capacidade máxima (a população carcerária do Brasil é a quarta maior do mundo, atrás dos EUA, da China e da Rússia). A matança mostra que o grupo paulista PCC hoje tem mais poder do que muitos secretários de Estado, do que muitos governadores, do que muitos ministros, o que é inaceitável.

Resultado de imagem para FOTOS DA PENITENCIARIA DE MANAUSAlguém seria capaz de imaginar uma desordem da natureza da que se vê nas penitenciárias brasileiras em um país como os Estados Unidos, por exemplo? Ou em qualquer outro europeu? A Holanda, por exemplo, está transformando suas prisões em hotéis, por falta de presos, e as que ainda continuam abertas são ocupadas, em parte, com detentos de outras nações.


No Brasil, criou-se um Estado paralelo, que dita as regras, julga, sentencia e executa. São os presos que controlam as celas, cobram aluguel, expulsam desafetos, sob os olhares impotentes das autoridades de segurança. A rebelião de Manaus é só mais uma prova disso.   

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