domingo, 3 de setembro de 2017

MICRO APARTAMENTOS

Neilton Dórea

...lendo na gazeta, que quase cinquenta por cento dos apartamentos comercializados no Brasil, já são com menos de quarenta metros quadrados. 
Recentemente, o lançamento de um com dez metros quadrados vem sendo muito comentado e criticado.

Resultado de imagem para fotos de pequenos apartamentos japoneses
Torre de Nakagin A Génese dos Micro Apartamentos Modulares no Japão

E com o custo total de só R $ 99.000,00....O imóvel faz parte da obra, do engenho humano denominado : CIDADE. Algo que oferece todas as facilidades de um viver simples e prático, atendendo as necessidades vitais do ser humano.

 Bem , pelo menos deveria, mas não é a realidade, devido a sua extensão horizontal, a falta de planejamento público e privado, com as inadequações dos espaços projetados, e a completa falência dos serviços que lubrificariam seu funcionar...a começar do pensar e projetar o núcleo básico do habitar, entendendo-o como algo plano, não como volume.

 O espaço é pensado e ocupado com a projeção dos equipamentos necessários no plano horizontal, e esquecendo o espaço/tempo, algo completamente inconcebível nesta era digital. Ainda fala-se em espaço útil, não em desenvolver o conhecimento do espaço inútil dentro do que é realmente espaço ( triaxial ), não o "espaço plano"( biaxial ).Já de algum tempo, temos capacidade e tecnologia construtiva para desenvolvimento de espaços habitáveis mais inteligentes que este que nos apresentam com toda ilusão dos 3Ds. e que continua sendo construídos e vendidos. 

E o pior com a chancela das escolas ditas de ARQUITETURA, que de arquitetura para o mundo digital não tem nada. Nem discussão , nem pensar, nem proposta, nem conhecimento de tecnologias além da cerâmica e do concreto, no seu sentido mais pobre e ultrapassado tecnologicamente.

 São escolas que não preparam para o futuro, nem para o hoje por viverem no "ontem", apoiadas em ainda uma ditadura do lattes, ou em respostas respaldadas em publicações, fechando-se para o intuitivo, a prática e a realidade do "mundo real".

O espaço do século XXI não é , pelo menos não deveria ser, o mesmo da metade do século passado. Mas, continua sendo tudo igual desde dos processos apresentados, e instrumentalizados, nas escolas de arquitetura, que refletem num exercício profissional massificado sem pensar e sem pesquisar, apenas redesenhando o plano como espaço.

Gerando reduções do metro quadrado para caber no bolso do otário, OPS digo usuário. Pensar a arquitetura, e propor, como elemento triaxial, além de qualificar o arquiteto, qualifica o engenho humano CIDADE, tanto na sua qualidade de vida ( contanto que venha com o planejamento necessário ), quanto plasticamente , por sair completamente dos paralelepípedos empilhados que caracterizam nossos atuais "ESPAÇOS" que vivemos, frutos dos des-engenhos dos arquitetos sem escolas adequadas , que os provoquem e os questionem. 

Meros desenhadores das vontades empresariais e das culturas engessadas nos procedimentos de vida ainda da metade do século passado. Vide os demais equipamentos do nosso cotidiano, basta olhar os carros, que teremos uma pequena amostra e resposta do nosso atraso....digo da e na arquitetura. . .

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