terça-feira, 7 de dezembro de 2021

PRAIAS E DUNAS AMEAÇADDAS

 Praias e dunas do litoral tiveram uma redução de 15% entre 1985 e 2020


MapBiomas fez uma análise do litoral brasileiro a partir de imagens de satélites entre 1985 e 2020. O estudo também avaliou a dinâmica de áreas de manguezais, apicuns (entenda-se como áreas salinizadas sem vegetação), e da aquicultura/salicultura. As praias e dunas tiveram uma redução de 15%, ou cerca de 70 mil hectares. Há 36 anos elas cobriam uma área de 451 mil hectares. Em 2020, apenas 382 mil. Praias e dunas do litoral…

Especulação imobiliária ‘manda’ no litoral

Há anos este site denuncia a especulação imobiliária, muitas vezes comandada pelos prefeitos dos municípios costeiros, e a absoluta falta de fiscalização por parte do poder público.

Aliado à especulação, existe a omissão de parte dos ricos brasileiros, aqueles que podem ter uma casa de segunda residência, mas que fazem questão que seja uma ‘casa pé na areia‘. E este é mais um equívoco destes Tristes Trópicos.

Praiasdunas, e a zona costeira como um todo, são áreas extremamente frágeis, sujeitas às forças naturais como marés, ressacas, correntes marinhas, etc, e onde a erosão é uma realidade, um fator natural. E são ecossistemas importantes.

Não estão lá por acaso, mas pela dinâmica do litoral. Se uma pessoa ocupa erradamente construindo onde não se deve, como muito próximo à praia, ou em dunas, então a coisa desanda de vez. É o que está acontecendo no litoral do País.

A importância das praias e dunas

Segundo o MapBiomas, ‘a preservação das praias e dunas é essencial para o controle da erosão costeira e preservação da faixa litorânea e sua biodiversidade’.

Os manguezais também são importantes. Além de serem um berçário de vida marinha, ainda protegem a costa contra a natural erosão.


Acontece que os manguezais também são desrespeitados, e muitas vezes destruídos para a construção de marinas, novos bairros, resorts, condomínios, e ainda a famigerada criação de camarões em cativeiro.

O resultado não poderia ser outro. O estudo do MapBiomas informa que ‘apenas 40% desse tipo de depósito está protegido em alguma unidade de conservação’.

‘Protegido’ é força de expressão. Nós, que visitamos todas as unidades de conservação federais do bioma marinho, sabemos que a grande maioria delas é uma mentira, existem apenas no papel, não de fato. Infelizmente, o litoral e a zona costeira não comovem o público, ao contrário. Por isso estas UCs, que são poucas, não têm equipes ou equipamentos para realizar seu trabalho.

No Rio Grande do Sul pinheiros em campos de dunas

Voltamos ao estudo do MapBiomas: ‘Entre os casos de ocupação por usos da terra, chama a atenção o avanço dos pinheiros sobre campos dunares no Rio Grande do Sul em áreas que fazem limite com florestas plantadas e a expansão da estrutura aquícola/salineira na região costeira do Rio Grande do Norte’.

Foi outra besteira do poder público que, nos anos 70 do século passado, estimulou e promoveu reflorestamento com pinos e eucaliptos na planície costeira gaúcha. O Mar Sem Fim já cansou de denunciar mais esta ação desastrada.



Fizeram mais. Como estas áreas eram alagadas, houve drenagem antes dos reflorestamentos. De Torres, na divisa com santa Catarina,  até o final da restinga que separa a Lagoa dos Patos do mar, os reflorestamentos foram feitos em áreas de dunas. Para tanto os alagados, atrás, foram drenados!

Esta ação desastrada trouxe duas sérias implicações. A vegetação que fixava as dunas frontais na costa do Estado morreu sem a água. Agora, quando entra o nordestão, suas areias voam para o interior. Ao mesmo tempo, um sem-número de animais, especialmente mamíferos, anfíbios e répteis que habitavam as áreas úmidas, diminuiu drasticamente.

Os efeitos da erosão no litoral

Matéria da revista Fapesp, de 2019, alerta que ‘Além de tragar vias costeiras, os efeitos da erosão no litoral brasileiro se manifestam de múltiplas formas. Barrancos e crateras cortam a praia; rochas, antes cobertas pelo mar, vêm à tona. Palmeiras tombam e revelam suas raízes em razão da perda de sustentação’.



‘Publicada em novembro pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a segunda versão de um levantamento do Programa de Geologia e Geofísica Marinha, uma rede de instituições científicas brasileiras, indicou que a erosão e o acúmulo de sedimentos, a chamada progradação, atingem cerca de 60% dos 7,5 mil quilômetros (km) do litoral brasileiro’.

Impacto maior na região Norte

Segundo a Revista Fapesp, ‘O impacto é maior nas regiões Norte e Nordeste, com 60% a 65% do litoral atingido pela erosão, segundo o relatório Panorama da erosão costeira no Brasil. O Pará se destaca no levantamento, com a erosão remoldando 60% e a progradação 30% de seus 562 km de litoral’.

Você pode ter acesso ao estudo neste link.

Saiba mais assistindo ao vídeo “O avanço do mar”, publicado pela Revista Fapesp



Imagem de abertura: Arquivo MSF





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