Ruy Castro
"Os jovens não sabem mais o que é um arquivo ou uma pasta", diz um triunfante O'Neill. Significa então que, neste momento, não há um único menor de 30 anos consultando pastas cheias de papéis antigos, em busca de informações ali depositadas há um século ou mais. Donde consultar pastas ou arquivos deve ser uma atividade relegada a macróbios pré-agônicos, como eu, e todas as informações de que os jovens precisam já está no Evernote.
Chris O'Neill é um idiota. Segundo ele, "Antigamente, o conhecimento dobrava a cada 25 anos. Hoje dobra a cada 30 horas. Nossos cérebros não foram feitos para lembrar tanta coisa ao mesmo tempo". Só um idiota imaginaria que o cérebro precisa comportar todo o conhecimento produzido pelo homem.
O dele, por exemplo, não dá conta nem da ferramenta com que ele trabalha. "Quando tenho uma ideia, não consigo digitá-la tão rápido no celular e registrá-la na velocidade que quero", disse. "O ideal seria fazer isso com a voz. A inteligência artificial a entenderia e a colocaria em texto". Ou seja, O'Neill sonha com um mundo sem escrita – deve lamentar não ter vivido no Paleolítico.
Apesar disso, o número de pessoas de quem ele tem pena continua firme. "Nosso maior concorrente ainda é o papel", lamenta. Eu acrescentaria: "E a indestrutível Bic".
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