terça-feira, 1 de maio de 2018

EXCESSO DE TURISTAS: VENEZA

Veneza instala torniquetes para controlar fluxo de turistas

A medida é temporária e só vai durar quatro dias. Ainda assim, um dos torniquetes foi arrancado por manifestantes, no sábado.
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A Câmara de Veneza instalou torniquetes temporários à entrada de duas das principais atracções da cidade para limitar a enchente de turistas. Esta medida é temporária e só vai durar quatro dias, até 1 de Maio, para evitar que a cidade fique sobrecarregada de turistas durante as “mini-férias” que antecedem o Dia do Trabalhador. Ao todo, são quatro torniquetes: dois antes da Ponte da Constituição, também conhecida como Ponte Calatrava, e dois perto da entrada para a Praça de São Marcos.
"La Sereníssima" foi vítima da sua própria popularidade e é um exemplo paradigmático das consequências do turismo massificado. Com apenas 50 mil habitantes, a cidade italiana recebe 30 milhões de visitantes por ano. Numa tentativa de controlar o fluxo de turistas, a Câmara Municipal de Veneza instalou torniquetes à entrada de dois dos locais mais procurados por quem visita Veneza. A medida temporária é motivo de orgulho para o autarca Luigi Brugnaro, de centro-direita e adepto de políticas polémicas: “É a primeira vez que se tentam regular os fluxos [de turistas] em Veneza. Claramente cometemos muitos erros e teremos muitas críticas, mas até agora está a funcionar perfeitamente”, avaliou, citado pelo El País. Justificou a decisão no Twitter, onde escreveu que a sua missão é “assegurar que visitantes e locais estejam em segurança, gerir o tráfego” e, se necessário “ordenar o fluxo de pessoas”. “Os trabalhadores municipais estão a tentar perceber como se pode melhorar a experiência em Veneza, de maneira a torná-la mais acolhedora e habitável para os residentes”, continuou Brugnaro.
A medida não agradou a um grupo de extrema-esquerda, que, neste sábado, se manifestou em frente à Ponte da Constituição, arrancando os torniquetes que ali foram instalados. Durante o protesto, empunhavam cartazes onde se lia “Veneza não é uma reserva. Não estamos em perigo de extinção”. Tommaso Cacciari, um dos activistas que havia já liderado os protestos contra a entrada de mega-cruzeiros no Grande Canal, lembrou: "Não precisamos de torniquetes mas sim de políticas concretas de alojamento e habitação em Veneza."  
Durante o mandato de Matteo Renzi, ex-presidente do Conselho de Ministros italiano, Veneza recebeu dez milhões de euros para encontrar maneiras efectivas de controlo dos fluxos de turistas. É que, com o aumento do número de visitantes, vários residentes fizeram as malas. Desde meados do século passado, a população de Veneza caiu dois terços. Por ano, a cidade perde cerca de 1000 habitantes.
Em 2014, a autarquia de Veneza colocou restrições aos mega-cruzeiros que chegavam à cidade, impedindo-os de passar em frente à praça de São Marcos, após protestos e polémicas provocados pelos riscos que representam para o frágil ambiente desta cidade erguida sobre as águas.

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