domingo, 2 de agosto de 2020

LA MER - CHARLES TRENET

OU A HISTÓRIA DE UM HOMOSSEXUAL ASSUMIDO
E HERÓI DA RESISTÊNCIA CONTRA O NAZISMO 



Charles Trenet (Narbona18 de Maio de 1913 – Créteil19 de Fevereiro de 2001) foi um cantor francês.
"Quem veio ao meu show está dispensado de ir a meu enterro", disse Charles Trenet, pouco antes de morrer em sua última apresentação na sala Pleyel (Paris, abril de 2000).
Vítima de preconceito por assumir abertamente a sua homossexualidade e obrigado a provar que não era judeu na França ocupada pelos alemães, Trenet produziu uma série de hits

Um deles - Douce France - virou hino da Resistência, durante a ocupação nazista.
Cantor, compositor, letrista de cerca de mil canções, artista plástico, poeta e escritor, revolucionou a música francesa nos anos 40 com versos inspirados e estética semelhante aos poemas de Paul Éluard e Jacques Prévert. 
Por sua vez, influenciou compositores e intérpretes que lhe sucederam, como Charles AznavourJacques Brel e Georges Brassens.


Maurice Chevalier, impressionado com a popularidade de Trenet, decidiu colocar em seu repertório uma canção que achava "meio sem pé nem cabeça", "Y'a d'la Joie", sucesso estrondoso e imediato nos vaudevilles de Paris.
Durante a segunda guerra mundial, mesmo sendo um homem marcado pelas suas preferências sexuais e pela amizade com artistas judeus, Charles Trenet resolve continuar na França. Suas canções, verdadeiros hinos à liberdade, são censuradas pelo governo de Vichy. "Douce France" torna-se o hino da Resistência.
A imprensa colaboracionista sugeriu que o sobrenome Trenet seria um anagrama de Netter e ele teve que provar que em quatro gerações de sua família não havia nenhum judeu. Em 1943, em um trem para Perpignan, Trenet compõe La Mer, que ficou 3 anos nas paradas.
Ferido por membros da Gestapo durante um interrogatório, torna-se uma glória nacional.
A grande visibilidade leva Trenet a interpretar suas próprias canções e, para isso, cria um visual original usando sua experiência de artista plástico: aba do chapéu arredondada como uma auréola (para disfarçar o rosto redondo), terno vermelho e sorriso constante iluminado pelos olho azuis: um showman de primeira qualidade.
Em 1983, lançado candidato à Academia Francesa, sofreu duplo preconceito: foi impedido por não compor música "cabeça" e por ser homossexual declarado. Mas, em contrapartida, recebeu muitas homenagens, como a Légion d'Honneur e o Grand Prix National des Arts et Lettres.
Retomando a carreira em 1987, lançou, dois anos depois, seu último disco sempre com a mesma temática - infância, alegria e amor - e se engajou na campanha de François Mitterrand e Jack Lang na eleição presidencial de 1988.

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