LOUVRE CONTA COM BRIGADA DE BOMBEIROS DENTRO DO MUSEU
Equipes são treinadas para transportar obras sem danificá-las em caso de incêndio
Fernando Eichenberg
Paris - O Museu do Louvre, inaugurado em 1793 no antigo palácio da monarquia francesa, possui um importante e sofisticado sistema de prevenção contra incêndio para preservar suas seculares e históricas edificações e as cerca de 35 mil obras artísticas em exposição (de um acervo total de mais de 680 mil exemplares) a um público de mais de 8 milhões de visitantes anuais. A 43ª companhia da Brigada de Bombeiros de Paris possui uma unidade especial alojada em uma pequena caserna no próprio Louvre. Integrada por um total de 52 bombeiros, a Unidade Elementar Especializada (UES, na sigla em francês) Louvre-Carrousel, está sempre pronta para agir nas dependências do museu e também nos espaços comerciais do Carrossel do Louvre.
O Louvre conta com cerca de 2.000 extintores e 8.000 detectores de incêndio, instalados nos 70.000 m2 do museu. À noite, os bombeiros de plantão são espalhados por diferentes pontos, batizados de "bases de vida", para que tenham acesso mais rápido aos eventuais locais alvos de incidentes. Uma dezena de despensas de emergência estão distribuídas nas localidades do museu, providas de equipamentos básicos contra fogo e inundações. Para o combate a incêndios, existem ainda cerca de 400 torneiras para mangueiras, muitas delas dissimuladas no mobiliário do museu, para não prejudicar a estética, e cerca de 2.000 portas corta-fogo.
A vigilância pode ser feita em 3D em visitas virtuais, mas a checagem in loco é tarefa diária da equipe, que percorre os 14,5 quilômetros de corredores e passagens ao longo de várias rondas. Para seus deslocamentos nas vias do subsolo, há dois pequenos veículos elétricos. Os bombeiros também são treinados por especialistas do museu, que lhes ensinam como segurar e transportar as obras em caso de remoção obrigatória por alerta de incêndio.
Durante o dia, há ainda a ajuda suplementar dos 1.372 agentes de vigilância, que se revezam nas salas de exposições e em outras áreas. Os bombeiros têm acesso exclusivo aos sótãos e telhados do Louvre, que podem alcançar 70°C em dias de calor. Ninguém é autorizado a subir nestes espaços sem a permissão da UES, incluídos os funcionários do museu.
O Louvre mantém um programa Esquema Diretor Incêndio (SDI, na sigla em francês), que tem por missão colocar o museu e todos seus espaços em conformidade com a regulamentação anti-incêndio. As primeiras ações do plano começaram em 2010, com término previsto em 2020. Em 2017, foi finalizada a substituição de todo o sistema de segurança de incêndio na ala Richelieu, e também realizados os estudos de concepção de dispositivos de ventilação nas últimas áreas do museu ainda não equipadas. Também no ano passado, foi executada a modernização de uma parte das instalações elétricas, num investimento de € 1,5 milhão. Em maio de 2016, foi aprovado um novo procedimento de gestão das evacuações em caso de incêndio.
Em seu Twitter oficial, o Museu do Louvre escreveu que soube com "grande emoção" do "dramático incêndio" ocorrido no Museu Nacional do Rio de Janeiro, e expressou sua "mais viva solidariedade com o museu brasileiro e suas equipes". "É uma perda importante para o Brasil e o patrimônio mundial."
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