sexta-feira, 30 de abril de 2021

12 APÓSTOLOS DO GENOCÍDIO

 

12 Apóstolos do Genocídio. Quem patrocina 400.000 mortes

Ação denuncia os grandes apoiadores do projeto genocida do governo Bolsonaro




Lambes espalhados pela região central da cidade revelam “12 Apóstolos do Genocídio”, denunciando grandes apoiadores do governo Bolsonaro. Os 12 Apóstolos do Genocídio não se dignam a se unir para combater a situação pandêmica que atinge a assombrosa marca dos 400 mil mortos, majoritariamente pretes, pobres e perifériques.

Ao invés disso, os 12 Apóstolos do Genocídio atendem a jantares pleiteando apoio para a reprodução de suas mercadorias “custe o que custar”, revelando a histórica indiferença das elites com as milhares de mortes evitáveis.

O trabalho busca dar nome e rosto aos apoiadores deste governo, internacionalmente conhecido como “governo genocida”. Os lambes serão espalhados pela cidade por todo o mês de maio.

Os 12 Apóstolos do Genocídio são: André Esteves (BTG Pactual); Claudio Lottenberg (Hospital Albert Einstein); Alberto Saraiva (Habib’s); Paulo Skaf (Fiesp); Edir Macedo (Universal do Reino de Deus); Luiz Carlos Trabuco (Bradesco); Flavio Rocha (Riachuelo); Tutinha Carvalho (Joven Pan); David Safra (Safra); Carlos Sanches (EMS); Rubens Meni (CNN); Silas Malafaia (Assembleia de Deus)

ORÍGENES, CARYBÉ, CAYMMI, AMADO, ILDÁSIO...

 


Orígenes, Carybé, Caymmi, Amado, Ildásio ...

No Rio de Janeiro só se cantava “Pega no ganzá” o samba-enredo vencedor do carnaval em 1971. E “Jesus Cristo” na voz de Roberto Carlos. Trazia uma carta para Maria-Eduarda, filha do conde Marim, algarvio de Albufeira com muita honra. A gentil aristocrata vivia no pecado – o divórcio sendo proibido no Brasil – com Orígenes Lessa, autor de “O Feijão e o Sonho”. A empatia com o casal foi imediata e recíproca. Me desafiaram para ir ao casamento de João Jorge, filho de Jorge Amado. Desconhecendo os costumes do Além-Mar, declinei a boda por não ter sido convidado – nunca gostei de ser penetra – mas não hesitei em comprar passagem para o dia seguinte.

Ficaria hospedado no charmoso Vila Romana da Barra. Descendo a rua Greenfeld, só uma casa oferecia, debaixo da mangueira, uma macarronada pegajosa. Na Bahia, o arcebispo proibira a canção “Jesus Cristo”.

Foram curtos quatro dias, mas com agenda de ministro da cultura. Na casa dos Amado fui apresentado a Dorival Caymmi, com quem me deliciava em Lisboa com o LP “Maracangalha”. O poeta Ildásio Tavares nos conduziu uma noite à Lagoa do Abaeté onde nem se podia sonhar que cinquenta anos mais tarde um governo socialista (?) construiria uma estação de esgoto. Um buraco na areia para abrigar uma vela, um violão e haja seresta!

Carybé nos convidou para ir ao Axé Opo Afonjá, bem longe do centro. Eu não fazia ideia do que significava a palavra “Candomblé”. Uma tarde, depois de almoçar na Rua Alagoinhas, visitamos o atelier de um artista no Rio Vermelho. Todos elogiando. Preferi ficar calado.

Fui ao Mercado Modelo recém-inaugurado após um incêndio. No andar superior não havia quase nenhuma loja. Como poderia imaginar que neste mesmo piso, dez anos mais tarde, eu teria uma galeria de arte? E que também seria vítima de outro incêndio? Na Rampa do Mercado, por alguns cruzeiros, um saveiro me levou ao ritmo lento de uma brisa morna até Mar Grande, na ilha de Itaparica. Durante a travessia, o marinheiro me obrigou a tirar meus pés da água “por causa do cação”. Cação, o que é isso? Raras casas disseminadas à beira-mar, nenhum banhista, poucos moradores, muito mato e o sol impiedoso daquele princípio de março. Andei por longo tempo até chegar à praia da Penha onde me aguardava um boteco sombreado por palhas de coqueiro. Esqueci do cardápio, mas me lembro de ter perguntado se havia algum terreno à venda.

Voltando ao Rio, me senti meio decepcionado por Salvador não ter correspondido, com seus oitocentos mil habitantes, a fantasia criada pela leitura da tão sensual Gabriela Cravo e Canela. Porém, olhando pela janela do avião aquele modesto aeroporto parecendo casa de fazenda, rodeado de dunas brancas, pensei que um dia viria morar aqui.

 Dimitri Ganzelevitch

A Tarde, sábado 1 de maio de 2021

 

13 DE MAIO DE 1888


 Paço Imperial, Rio de janeiro. Foto tirada no dia 13 de maio de 1888.

Na sacada principal, a princesa Isabel e aclamada após assinar a Lei Áurea.

O prédio ainda existe..


Paço Imperial, Rio de janeiro. Foto tirada no dia 13 de maio de 1888. Na sacada principal, a princesa Isabel e aclamada após assinar a Lei Áurea. O prédio ainda existe..
Pode ser uma imagem de em pé, monumento e ao ar livre
Luiz Antonio de Almeida, Márcio de Oliveira e 497 outras pessoas
146 comentários
80 partilhas



PROFESSORA MORA NO AEROPORTO


 

FAROESTE CHINESA

 


COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO  A Justiça não vai investigar?

ODE A ALEGRIA

TORTURADO POR SER PETISTA


Pilha foi espancado e torturado na prisão

A recepção de Pilha foi realizada com crueldade. Ele recebeu chutes, pontapés e murros enquanto ficava no chão sentado com as mãos na cabeça. Enquanto Pilha estava praticamente desmaiado, o agente que o agredia e falava de Bolsonaro



https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Frevistaforum.com.br%2Fnoticias%2Fexclusivo-pilha-foi-espancado-e-torturado-na-prisao%2F%3Ffbclid%3DIwAR3zkcKUDxcL1Lc8W6MPyuEOYCfTgVQFqalGQZ_8vBSwz5GknNh1ziKNNO8&h=AT2IUxvUtRtCVckByUu5cgW81dT0bdS7LLjYM8eRoUeuu9wBPn2HK6VSDu4mVPsPdldkDyJPr4PT6dPjzcUuAgG5FknVAykKPewGjqJaY2JKn1Lr0h81rz_LkZopluX7prR3MRhGltm86PchOiXZWQ 

O LAMENTO DE DIDO

O lamento de Dido é a ária "Quando estou deitado na terra" da ópera Dido e Aeneas, de Henry Purcell. 

Está incluído em muitos livros didáticos de música clássica devido ao seu uso exemplar do passus duriusculus no baixo-solo.



Ann Lennox (Aberdeen25 de dezembro de 1954), mais conhecida como Annie Lennox, OBE é uma cantora, compositora e ativista Britânica, conhecida por ter sido vocalista do duo Eurythmics e da banda The Tourists.

Annie Lennox é considerada um dos maiores ícones femininos da música. Ela nunca teve um gênero definido. Cantou new wave, pop/rock, pop e outros diversos estilos musicais. É considerada a maior cantora branca de Soul e vendeu mais de 80 milhões de discos em toda sua carreira.

Foi nomeada por dois anos consecutivos, a maior cantora britânica. É influência para diversas estrelas femininas da música, tais como: Celine DionLady GagaJoss StoneChristina Aguilera, entre outras.

Em Setembro de 2011, Annie recebeu uma homenagem no museu britânico V&A em que foram expostos seus principais figurinos usados desde sua carreira no Eurythmics até sua carreira solo, incluindo roupas desenhadas pela própria Lennox.

A IMPORTÂNCIA DE CADA UM

MEMÓRIA DE RICARDO BOECHAT

quinta-feira, 29 de abril de 2021

COZINHA EXISTENCIALISTA

 

A cozinha existencialista de Jean-Paul: o melhor restaurante fenomenológico do Brasil


A gastronomia existencialista acaba de ganhar mais uma casa na cidade, o restaurante Compadre Jean-Paul, sob o comando do chef João Kierkegaard, que já passou pelo Le Canard Depressive . Desta vez, no entanto, a inspiração é a cozinha regional brasileira, que recebe sutis ingredientes existencialistas.
 
A Galinha Cozida Com Quiabo e Angústia, por exemplo, vem à mesa no ponto certo e cada garfada é um convite ao desespero. É como se o prato gritasse “a vida é uma experiência vazia e sem sentido, mas tem uma pimenta aí pra acompanhar?”
 
O mesmo não se pode dizer do Pato Desolado ao Tucupi que, com sabor amargo e carne dura, é um convite para que o comensal cometa suicídio antes do final do jantar. A existência precede a essência, mas o Pato Desolado de Kierkegaard beira a indecência.
 
Já o Filé a Camus é um prato desiludido, com um bife amarguradamente insípido coroado com um ovo frito inútil como a queda de uma árvore num lugar desprovido de observadores. Terá o filé existido per-se ou é apenas a representação imperfeita de um filé ideal que existe num universo perfeito? E, neste caso, será que é possível pedi-lo ao ponto, ligeiramente mal passado?

O clamor pela vida é parcialmente recuperado com as sobremesas de João Kierkegaard. A Banana Suicidada em Calda de Laranja acrescenta delicado engajamento marxista-leninista à fruta, trazendo algum sentido à existência vazia do comensal. O Picolé Amargo da Solidão é o fecho perfeito para uma refeição plena de ansiedade, agonia e amargura. Saltar de uma ponte é de bom tom, mas só se ninguém se jogar na água para socorrê-lo.

PERIGO PARA A HUMANIDADE

quarta-feira, 28 de abril de 2021

A DANÇA DAS HORAS


Uma excelente coreografia. 
Infelizmente não consegui nenhuma informação, nem de autor nem de companhia...

FORTUNAS DE ANGOLA

 Entrega da lista das fortunas milionárias angolanas em Portugal é "sinal encorajador"

A Justiça portuguesa entregou a Angola uma lista das fortunas milionárias angolanas em Portugal, onde figuram nomes como Isabel dos Santos e os generais "Kopelipa" e "Dino". Analistas aplaudem a atitude das autoridades.

Capa do jornal português "Correio da Manhã" (26.04)

A Justiça portuguesa, através do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), entregou, na semana passada, uma lista das fortunas milionárias angolanas em Portugal, de acordo com um pedido da Procuradoria-Geral (PGR) de Angola formalizado em janeiro de 2020.

A notícia, avançada pelo jornal português Correio da Manhã na segunda-feira (26.04), dá conta que mais de sete mil páginas discriminam todas as contas bancárias, bens móveis e imóveis, assim como as participações em empresas portuguesas em nome de vários elementos da cleptocracia angolana. O diário refere que a empresária angolana Isabel dos Santos e os generais "Kopelipa" e "Dino" estão entre os visados na lista.

Susana Coroado, presidente da Transparência e Integridade – Portugal

A entrega do relatório a Angola "é um sinal encorajador" que indica existir vontade dos dois países em cooperar no domínio da justiça, considera Susana Coroado, presidente da Transparência e Integridade – Portugal (TI-PT)

"Pode ser o início de um processo que, embora se preveja longo pela natureza da cooperação judicial, será inédito dentro da própria Comunidade dos Países de Língua Portuguesa [CPLP], visando a recuperação de ativos. E, com certeza, que será muito útil para o combate à grande corrupção e ao fim da impunidade", explica Coroado em declarações à DW.

Património deve ser restituído

A presidente da TI-PT considera que, caso se venha a concluir que os ativos aqui estacionados têm origem ilícita, "e correspondem, de facto, ao património roubado, é óbvio que as autoridades portuguesas devem restituí-los aos angolanos".

"De resto, é precisamente isso que exigimos na nossa petição. Porque este é um dos grandes problemas nesta luta. É que o dinheiro que é efetivamente roubado raramente é recuperado e devolvido ao povo que ficou sem ele", salienta.

De acordo com o Correio da Manhã, o relatório com mais de sete mil páginas apresenta detalhadamente todos os bens que existiam em Portugal, incluindo contas bancárias, aplicações financeiras em fundos de investimento, ações de várias empresas cotadas e não cotadas, imóveis e participações sociais.

Procuradoria-Geral da República Portuguesa

O documento, ao abrigo de uma carta rogatória apresentada há mais de um ano às autoridades judiciais portuguesas, foi entregue em mão a um funcionário judicial da PGR de Angola que se tinha deslocado a Lisboa com esse propósito. 

Em janeiro de 2020, recorda o jornal português, o procurador-geral de Angola, Hélder Pitta Grós, reuniu-se em Lisboa com a PGR portuguesa, Lucília Gago. A DW África tentou a propósito obter mais informação junto da Procuradoria-Geral da República Portuguesa mas sem sucesso. 

Entrega da lista é um "ato de coragem"

O jurista português Rui Verde considera que a entrega a Angola da lista das fortunas angolanas em Portugal é um ato de coragem das autoridades portuguesas.

"É um sinal que Portugal está a colaborar com Angola e não tem medo de deixar investigar os vários investimentos e movimentos financeiros angolanos que existiram no passado. Este problema de investimentos, possivelmente de origem ilícita, feitos em países da Europa não é só um problema português. Portanto, Portugal está aqui a dar um sinal à Europa de muita transparência, de muita abertura e que é, nesse aspeto, muito animador", enaltece.

No entanto, para o investigador na Universidade de Oxford, na Inglaterra, a atitude positiva das autoridades portuguesas coloca o ónus fundamental nas mãos da PGR angolana, que deve agir de forma rápida e mais intensa.

Rui Verde considera que entrega da lista é um ato de coragem das autoridades portuguesas

Usando uma linguagem desportiva, neste momento a bola está em Angola. Foi em Angola que estes processos foram iniciados. É a República de Angola que tem interesse em que estes processos vão para a frente, mas também sabemos que tem havido alguma hesitação, alguma dormência, algum ziguezague nos processos contra a corrupção", salienta.

Minissistema judicial para combater a corrupção

Para colocar um ponto final nestas hesitações, o académico aponta o recente relatório da CEDESA, entidade encarregue de estudar assuntos económicos e políticos de Angola, que propõe a criação no país de um minissistema judicial específico para combater a corrupção.

"Porque o que se tem notado é que o sistema de justiça tradicional que, aliás foi montado pelas mesmas pessoas que agora supostamente serão acusadas, é um sistema que não funciona. Alguns processos perdem-se, algumas provas não se encontram, outros processos são lentos, outros não arrancam. Portanto, é fundamental que a resposta angolana a esta lista seja muito intensa", sublinha.

O grosso da informação disponibilizada refere-se à empresária 
Isabel dos Santos

Para aquela entidade, constituída por vários académicos e peritos que integravam a Angola Research Network (ARN), o que existe hoje em Angola é uma "máquina e pessoas (…) capturadas no passado pelos interesses corruptos a fazer essa luta contra a corrupção".

Correio da Manhã avança ainda que são dezenas os nomes de cidadãos angolanos que constam daquela listagem. Entre os mais sonantes figuram os familiares do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, radicado em Espanha. 

O grosso da informação disponibilizada refere-se a Isabel dos Santos, mas também constam no documento os nomes do general Leopoldino do Nascimento "Dino", antigo chefe das secretas angolanas, e de Manuel Hélder Vieira Dias "Kopelipa", antigo chefe da Casa Militar, que chegou a ter mais de 400 milhões de euros em Portugal.


DANSER ENCORE

ESTA CANÇÃO ESTÁ SE TRANSFORMANDO 
EM HINO DO COVID-19
NA EURTOPA SE TRATA DE UM AUTENTICO 
STUNAMI MUSICAL




O CRIADOR DA CANÇÃO
















QUEREM QUE A GENTE TENHA JUÍZO?



Como isso é possível??
Desde pequenos vimos o *Tarzan* andando nu.
A *Cinderela* chegava meia noite.
O *Pinoquio* mentia pra caramba.
O *Aladim* era ladrão.
O *Batman* dirigia a 320km/h.
A *Branca de Neve* morava com 7 homens e o *Popeye* fumava uma ervinha muito estranha e ficava loucão!
A *Olivia* palito tinha anorexia.
O *Pica pau* sempre foi trapaceiro.
O *Cascão* não tomava banho.
*Cebolinha* falava tudo errado.
A *Monica* baixava o pau nos meninos.
A *Magali* era gulosa.
O *Mickey* nunca casou com a *Minie*.
O *Pato Donald*, tambem não casou com a *Margarida*, não trabalhava e os *tres sobrinhos* sempre faltavam as aulas.
Tio *Patinhas* era pão duro.  O *Gastão* vivia da sorte.
*Dick* vigarista vivia de falcatruas.
Esses foram os exemplos que tivemos desde pequenos...
E depois querem que tenhamos juízo!!

terça-feira, 27 de abril de 2021

O QI DA POPULAÇÃO MUNDIAL

 Nunca vi esta problemática tão bem explanada desde a monumental obra “A era do vazio” do Gilles Lipovetsky (Manuel Tavares).



  

“O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até o final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos …É a inversão do efeito Flynn.

Parece que o nível de inteligência medido pelos testes diminui nos países mais desenvolvidos.Pode haver muitas causas para esse fenômeno.

Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem. Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as sutilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos. O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no tempo.

A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de “golpes mortais” na precisão e variedade de expressão. Apenas um exemplo: eliminar a palavra “signorina” (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermediárias. Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento.

Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras. Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível. Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece. A história está cheia de exemplos e muitos livros (Georges Orwell – “1984”; Ray Bradbury – “Fahrenheit 451”) contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.

Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras. Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional? Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro? Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, realmente aconteceu?

Caros pais e professores: Façamos (“fazemos” na tradução brasileira) com que nossos filhos, nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinar e praticar o idioma em suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado. Porque nesse esforço existe liberdade. Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem de seus “defeitos”, abolir gêneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana.

Não há liberdade sem necessidade. Não há beleza sem o pensamento da beleza.

Christophe Clavé

MÚSICAS DA ARMÊNIA

CONHEÇA UM POUCO DA ARMÊNIA

A PROMESSA

Michael (Oscar Isaac) é um jovem armênio que sonha em estudar medicina, mas não tem dinheiro para arcar com os estudos. Por isso, ele promete se casar com uma garota de seu vilarejo, na intenção de receber o dote. Com o dinheiro em mãos, Michael viaja à Turquia e faz seus estudos durante os meses finais do Império Otomano. Neste contexto, conhece a armênia Ana (Charlotte Le Bon) e se apaixona, embora a professora namore o fotógrafo americano Chris (Christian Bale), enviado à Turquia para registrar o genocídio dos turcos contra a minoria armênia. Um triângulo amoroso se instaura em meio à guerra.



Em 1915, o Império Otomano (atual território da Turquia) deu início ao segundo maior genocídio de todos os tempos: o massacre de mais de um milhão de armênios. O crime foi motivado por questões étnicas, territoriais e religiosas, intensificando-se com a decisão dos otomanos em forçar as suas minorias étnicas a lutarem na Primeira Guerra Mundial, e em perseguir centenas de intelectuais armênios. Mas você não descobrirá nenhum destes complexos eventos históricos em A Promessa, épico romântico dedicado ao período.

O diretor Terry George preferiu simplificar os fatos através de duas ferramentas de apelo universal: o triângulo amoroso entre pessoas de bom coração e o maniqueísmo extremo. Na versão hollywoodiana deste holocausto, os turcos atacam porque são tiranos sanguinários, enquanto os armênios se sacrificam por serem realmente puros, e até certo ponto ingênuos. A visão do bem contra o mal soa equivocada para representar uma das maiores tragédias do século XX, especialmente quanto os armênios são vividos pelo guatemalteca Oscar Isaac, pela canadense Charlotte Le Bon e pela iraniana Shohreh Aghdashloo.

 

De modo geral, o filme troca as especifidades do evento por um pastiche indistinto da luta pela sobrevivência. O imaginário da vítima contra o algoz gera fácil identificação, mas poderia ser aplicado a milhares de outras tramas. O resultado, ironicamente, deve incomodar os dois lados da questão: os turcos vão detestar se ver como vilões impiedosos, enquanto os armênios podem protestar contra o retrato paternalista desenvolvido por não-armênios. Se a intenção é dar voz aos protagonistas do genocídio, não seria fundamental fazer apelo à tudo que aquela cultura possui de mais único? Ao seu povo? Temos um elenco comprometido e imagens luxuosas, mas era esta a prioridade correta?


O cineasta prefere apelar ao heroísmo: para disputar o coração da mocinha - uma mulher que cuida dos homens quando estão feridos e carrega órfãos em seus braços - entram em cena um armênio (Isaac) e um americano (o britânico Christian Bale), representando a valentia de seus respectivos povos. Isaac tem direito a meia dúzia de cenas de coragem, incluindo resgates em alto mar, libertação de prisioneiros num trem em movimento e defesa de um colega ferido, explorado pelos turcos na guerra. Bale desafia os generais, os pequenos líderes locais e aproxima-se das cidades mais perigosas para registrar os crimes para a posteridade. Ambos são ótimos profissionais, munidos pelo amor à mesma mulher e à libertação dos oprimidos.

 

Para vender sua mensagem tão importante quanto genérica (“A guerra é ruim, a paz é boa”) o projeto apela ao gigantismo kitsch. São centenas de cenas, de acessórios, de figurinos, de figurantes e de cenários paradisíacos (alguns deles em tela verde) filmados em câmera aérea e gruas. A trilha sonora insiste no melodrama e na vilania, na luz e nas trevas. A iluminação busca o pôr do sol e as noites estreladas, além da textura excessivamente nítida. Todas as grandes virtudes humanas (amor, coragem, piedade, compaixão, perseverança, humildade etc.) são retratadas com tamanha autoimportância que beiram a paródia. A Promessa parte de um tema importantíssimo, merecedor de um posicionamento claro, para oferecer um filme inchado, longo, antiquado em sua forma e perigosamente genérico.

O GENOCÍDIO ARMÊNIO

 Entre 1915 e 1923, o Império Turco-Otomano promoveu um dos maiores massacres já vistos na história da humanidade. Esse massacre ficou conhecido como genocídio armênio.



O século XX ficou marcado como um século de catástrofes e morticínios. As duas guerras mundiais levaram cidades inteiras à destruição e milhões de pessoas à morte. Nesse ínterim, alguns regimes de governo que se pautavam por orientações políticas ideológicas nacionalistas, eugenistas e racistas levaram a cabo o projeto de extermínio sistemático de povos que julgavam ser inferiores ou que divergiam de seu projeto de expansão territorial, entre outras razões. Os motivos eram inúmeros. 

O caso do holocausto dos judeus, isto é, o genocídio dos judeus pelos nazistas, é um exemplo. O holodomoristo é, o genocídio de ucranianos pelos soviéticos, é outro. 

Porém, antes desses dois, houve o genocídio dos armênios perpetrado pelo Império Turco-Otomano.



O Império Turco-Otomano controlava uma vasta região, que ia do Cáucaso, passando pelos BálcãsAnatóliaPenínsula Arábica e por grande parte do Oriente Médio. A Armênia, que havia sido conquistada pelos turcos, tornou-se súdita dos sultões. 

Durante a Primeira Guerra Mundial, que teve início em 1914, os interesses do Império Turco-Otomano iam contra os de vários povos e nações envolvidos na guerra, inclusive contra tribos árabes muçulmanas.

Boa parte dos combatentes armênios, bem como da liderança política e intelectual desse povo, aliou-se a outros povos contra os turcos. Alguns combatentes armênios lutaram junto aos russos (inimigos históricos do Império Turco-Otomano). 

As autoridades turcas alegaram tal fator como alta traição e usaram esse subterfúgio para instituir uma política sistemática de morte contra a população da Armênia.



O programa genocida foi autorizado pelo sultão Abdul-Hamid II e organizado pelo primeiro-ministro turco, Mehmet Talaat, o ministro da guerra, Ismail Enver, e o ministro da Marinha, Ahmed Jemal. A estratégia consistia em: 

1) Convocar os soldados armênios para a guerra. Isso implicava deixar as cidades e vilas desprotegidas, ao passo que, no front de batalha, os armênios apenas serviam para cavar trincheiras, sendo logo exterminados pelos soldados turcos. 

2) remover a população das cidades, provocando enormes ondas migratórias em direção a campos de concentração no deserto de Deir al-Zor. A justificativa dada para a evacuação dos armênios era uma suposta ofensiva da Tríplice Entente.


Na medida em que a população, sobretudo composta de mulheres, anciãos e crianças, vagava em direção aos campos no deserto, alguns já morriam no caminho de inanição. As mulheres sofriam abusos sexuais e eram vendidas como escravas. 

Como destaca Yuri Vasconcelos: “'As jovens armênias eram vendidas como escravas e as crianças eram encaixotadas vivas e atiradas no Mar Negro', relata Nubar Kerimian, no livro Massacres de Armênios

'Os padres também eram queimados amarrados em cruzes, como Jesus, e os fetos, arrancados dos ventres das mães, jogados para o ar e aparados na espada.'” [1].



Esse tipo de atrocidade tornou-se intenso entre os anos de 1915 e 1918. Com o fim da guerra, a Armênia foi anexada à URSS. Entretanto, a população de armênios que conseguiu voltar para regiões centrais da Turquia passou a ser novamente alvo de ataques dos turcos, tal como enfatiza Yuri Vasconcelos:

“Desta vez, a violência foi dirigida a armênios que haviam retornado às suas casas na Anatólia Oriental após o final da Primeira Guerra Mundial. As execuções, torturas, expulsões e maus-tratos foram arquitetados e promovidos pelo governo nacionalista de Mustafá Kemal Atatürk, considerado o pai da Turquia moderna. Em 1923, a população armênia na Turquia estava restrita à comunidade existente em Constantinopla.” [2].


Até hoje a Turquia não reconhece esse genocídio
.


[1-2] Vasconcelos, Yuri. Genocídio armênio. Guia do Estudante Abril.