domingo, 31 de maio de 2020
QUE ES LA CULTURA?
JORGE LEDEZMA BRADLEY
Director, Panamá
Ha dirigido más de 500 conciertos sinfónicos a lo largo de una carrera de más de 30 años.
El Maestro Ledesma Bradley ha adquirido la reputación de exigir absoluta claridad en cada plano del tejido orquestal. Los críticos lo alaban no solo por sus notables atributos de carisma y experiencia, sino también por su elegante fraseo.
Nacido en Panamá en 1943, inició sus estudios en la Facultad de Medicina en Bahia, Brasil. Más tarde encontró su verdadera vocación, llevándolo a la Facultad de Música y Arte de la Universidad Federal de Bahía, Brasil, donde obtuvo su diploma en Dirección de Orquesta en 1974, bajo el tutelaje de Ernst Huber-Contwig; Carlos Veiga; Sergio Magnani y George Byrd. Durante su educación en Brasil, dirigió en estreno mundial numerosas obras contemporáneas en colaboración con el Departamento de Compositores de la Universidad, entre los cuales se incluyeron composiciones de Ernst Widmer, Rufo Herrera, Lindembergue Cardoso y Jamary Oliveira.
En 1975, vuelve a Panamá, ganando en concurso la posición de Director Asistente de la Orquesta Sinfónica Nacional de Panamá, brindándosele la oportunidad de dirigir muchos conciertos. En 1979, es admitido a la Academia de Música Frederick Chopin en Varsovia, bajo la tutela de Stanislaw Wislocki, logrando un post grado en 1980.
En 1976, fundó el Coro Música Viva- Panamá, con el que ha realizado cuatro giras a través de Europa, participando en Festivales Internacionales en Europa y América, logrando varios premios, por ejemplo; el Premio de Escogencia del Público en Arezzo, Italia en 1985 y dos primeros lugares en la competencia Internacional de Coros de Ibagué en Colombia en 1983 en dos diferentes categorías, Folklore y Polifonía Clásica.
En 1994, se le nombra como Director de la Orquesta Sinfónica Nacional de Panamá con solo 37 músicos. A través de un constante proceso de perfeccionamiento, ha logrado hacerla crecer y convertirse en un organismo musical de dotes artísticas indudables, capaz de enfrentar un amplio y difícil repertorio que incluye partituras de toda América Latina, de Panamá y del repertorio universal.
La Sinfónica Nacional, bajo la dirección de Ledesma Bradley, es una fuente constante de enriquecimiento en la cultura musical de Panamá y ha presentado por vez primera en Panamá obras como Carmina Burana de Orff; la Sinfonía N° 1 de Mahler; El Sombrero de Tres Picos de De Falla; Ma Mere l’Oye de Ravel y La Consagracion de la Primavera de Stravinsky, entre muchas otras.
Ledezma-Bradley ha dirigido orquestas en Brasil, Nicaragua, Venezuela, China (Beijing Symphony), El Salvador, República Dominicana, Colombia y Costa Rica, con gran éxito y altamente aclamado por el público.
sábado, 30 de maio de 2020
LUTO NO MEU BAIRRO
Morre Porfírio, um galego querido , ícone da Cruz do Pascoal
Faleceu hoje, em Pontevedra, aos 88 anos, Porfirio Amoedo Barbeito , natural de Moscoso, Pontevedra, Galícia, Espanha.
Estou triste. Muito triste, com a morte do velho amigo Porfirio.
Falar de Porfirio é falar de minha infância. De minha história. Nascida e criada que fui no bairro de Santo Antonio Além do Carmo, - bairro que, aprendi a amar para todo o sempre -, o Armazém de Porfirio era , para meu imaginário infantil, algo lúdico, mágico.
Nossa famílias eram unidas por sólidos laços fraternos de galeguidade. Visitavam-se com frequência.
Não havia uma só vez que passasse pelo Armazém de Porfirio, que não nos presenteasse bombons, chocolates, seguido de um acolhedor e bondoso sorriso.
Porfirio era a mais doce, leve e serena das criaturas. O mesmo digo de sua esposa Concepción ( Concha ), uma simpática galeguinha que emigrou para estas terras ainda bem jovem. Lembro-me bem daquela "pareja" harmoniosa.
Ambos trabalharam, arduamente, com a peculiar dignidade, a coragem e a grandeza do galego emigrante . E não só trabalhavam para sobreviver , criar e educar os filhos mas pelo simples prazer de servir a todos os clientes com a cordialidade e a dedicação de sempre. Os clientes, fossem eles baianos, vizinhos, conterrâneos ou de outros recantos , em sua grande maioria tornaram-se seus amigos e hoje choram, igualmente, a sua morte.
O " Armazém de Porfírio", assim era conhecido o seu estabelecimento , desde os primórdios. Era e ainda é uma relíquia. Uma obra de arte , balcões antigos de madeira e vidro, que lembra os velhos armazéns das décadas de 40/50, como era o de meu pai, no Comércio.
Transformou-se, há décadas, num "point" que leva o nome "Bar Cruz do Pascoal " , onde servem drinks e pratos da terra. para quem não conhece, está localizado exatamente em frente à Cruz do Pascoal, bem ao lado do Elevador do Pilar, ( que liga a Cidade Alta à Cidade Baixa), com direto á Rua do Carmo.
A morte de Porfírio foi uma perda para a colônia galega na Bahia e para os vizinhos da sua local "terriña nai" que o viu nascer e morrer.
O corpo será enterrado hoje, dia 30 de maio, às 11:30h ( horário local de Pontevedra ) , no Cemitério Parroquial de Moscoso.
Porfirio deixa viúva Concepción Gomez Amoedo e 3 filhos Maria Victória, Karina e Antonio Carlos.
Minha solidariedade a toda a família, neste difícil momento de perda e luto.
Porfírio , que a Luz do Alto lhe acolha . Você soube plantar boas sementes e dar o melhor das boas energias neste plano. Missão cumprida.
Amália Casal
MEIO-FIO TAMBÉM É PATRIMÔNIO
Em dez dias
os chineses construíram um hospital de 25 mil metros quadrados para mil leitos.
A Conder deveria ter contratado o mesmo pessoal para resolver o projeto de
restauração dos passeios do centro histórico de Salvador, projeto bem modesto que
vem se arrastando há cinco ou seis anos! Lembro-me de ter assistido no Cinema
Glauber Rocha a uma manhã inteira de constrangedoras vênias e humilhantes beija-mãos
dos cortesãos do governador no lançamento dessa proposta, com direito aos
Tambores de Jesus, dramaticamente desafinados, na saída do evento.
O elefante
branco pariu a malfeita e constrangedora “adequação” dos passeios da Rua Chile,
maltratando as pedras portuguesas sem sequer tirar os famigerados postes que
agridem o visual de um bairro pretensamente “Patrimônio da Humanidade”
incluindo dois grandes hotéis de luxo recém-inaugurados.
Sem avisar
ninguém nem esperar passar o carnaval, uma empresa terceirizada pela Conder
começou a esburacar a Ladeira do Boqueirão. Logo após a quarta-feira de Cinzas,
foi a vez da Rua Direita de Santo Antônio ser transformada em trincheira.
Barulho, poeira e lama passaram a ser o pão nosso de cada hora. O cronograma de
trabalho é um insondável mistério. Um dia tem um monte de gente trabalhando,
outro dia, ninguém à vista, ouvindo-se
ao longe alguma fantasmagórica escavadeira isolada. Isto é, sem que
absolutamente nenhum órgão governamental tivesse feito o que seria normal:
informar moradores e comerciantes do projeto, duração do incômodo e custo da
obra. Afinal somos nós que pagamos técnicos, material e mão de obra. Um
panfleto, alguns painéis explicativos na Cruz do Pascoal ou no Largo de Santo
Antônio não nos parecem exigência descabida.
Mas nesta
curiosa interpretação da democracia, as decisões vêm lá de cima e nós assinamos
os cheques sem saber do que se trata e sem o direito de reclamar.
Algumas
aberrações preocupam quem observa com atenção essa pretensa “requalificação”.
Por exemplo: qual é a necessidade de retirar os belos meios-fios de granito
vermelho que aqui estão desde a primeira metade do século passado, talhados a
mão, para serem substituídos por banais peças industrializadas de concreto?
O
IPHAN nada tem a declarar sobre o assunto? Só para lembrar: o granito data do
tempo geológico – ou seja, alguns bilhões de anos – e é praticamente
indestrutível. Quantos anos de vida útil terão as peças de concreto? É evidente
que algo está errado nesta decisão, além da agressão à memória da rua. Ou os
costumeiros engenheiros envolvidos não consultaram os arqueólogos idôneos, ou
existem interesses financeiros tão subjacentes quanto escusos.
Dimitri Ganzelevitch
Jornal A Tarde
Sábado 30/05/20
sexta-feira, 29 de maio de 2020
SALLES DOS MILHÕES
MP descobre transferências milionárias em contas operadas por Ricardo Salles
De acordo com as informações, Salles repassou R$ 2,75 milhões da conta de seu escritório de advocacia para a sua conta pessoal em 54 transferências, feitas entre 2014 e 2017
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) quebrou o sigilo do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e descobriu transferências milionárias entre contas controladas por ele. As informações são da Revista Crusoé. A reportagem afirma ainda que as investigações do MP agora tentam avançar nas suspeitas de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
De acordo com as informações, Salles repassou R$ 2,75 milhões da conta de seu escritório de advocacia para a sua conta pessoal em 54 transferências, feitas entre 2014 e 2017.
No período, Salles exerceu dois cargos públicos na gestão do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), secretário particular do governador e secretário do Meio Ambiente, além de atuar como advogado na iniciativa privada.
Deve ter mais
O inquérito foi aberto pelo MP em agosto do ano passado para investigar a suspeita de enriquecimento ilícito de Ricardo Salles. A investigação ainda não acabou e deve aparecer mais por aí. O período todo a ser analisado pelo MP é de 2012 a 2017, quando Salles deixou de atuar como advogado para ocupar cargos no governo paulista. O ministro teria acumulado R$ 7,4 milhões em cinco anos.
Com base na declaração de bens que o ministro prestou à Justiça Eleitoral em 2012, quando foi candidato a vereador pelo PSDB, Salles declarou possuir R$ 1,4 milhão em bens. A maior parte era em aplicações financeiras, 10% de um apartamento, um carro e uma moto. Porém, em 2018, quando saiu a deputado federal pelo Novo, foram R$ 8,8 milhões, sendo dois apartamentos de R$ 3 milhões cada, R$ 2,3 milhões em aplicações e um barco de R$ 500 mil, correspondendo a uma alta de 335% em cinco anos, corrigindo o valor pela inflação.
Salles nega
O ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) rebateu as acusações, na manhã desta sexta-feira (29), na sua conta do Twitter. Segundo ele, a matéria é mentirosa. “Todos os meus rendimentos ditos ‘repassados’ são honorários declarados e decorrentes da minha atividade privada como advogado, fora do Governo, a qual muito me orgulho. Não tenho nada a esconder, de ninguém”, afirmou.
Escândalo internacional
Salles virou escândalo internacional recentemente. Até a ativista sueca Greta Thunberg se manifestou sobre a fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na reunião ministerial do governo Bolsonaro, que foi divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Greta cita trecho da declaração de Salles, onde ele defende “fazer um esforço enquanto estamos neste momento calmo em termos de cobertura da imprensa, porque eles estão falando apenas do Covid-19″. E completa:”Imagine as coisas que foram ditas fora da câmera… nosso futuro comum é apenas um jogo para eles. #SalvemAAmazônia”.
BRASIL NÃO APARECE
Mundo se reúne para reconstruir seu futuro. E Brasil não aparece
O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado do vice presidente Hamilton Mourão e dos ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Abraham Weintraub (Educação), e do governador do DF Ibaneis Rocha, dentre outros, durante cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares, no Palácio do Planalto
O governo brasileiro não faz parte de uma lista de mais de 50 países e entidades internacionais que se reuniram nesta quinta-feira para traçar uma estratégia para uma recuperação sustentável do mundo pós-pandemia. O evento, sob comando da ONU, foi liderado pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e da Jamaica, Andrew Holness. Banco Mundial, FMI e outras instituições também estiveram presentes.
Países como Argentina, Haiti, Costa Rica e Colômbia, além da UE, França, Alemanha, Japão e Reino Unido fazem parte da lista de países que farão parte do debate. O governo de Donald Trump tampouco faz parte da iniciativa. A coluna apurou que, para participar do encontro, países teriam de ser representados pelo chefe-de-estado ou de governo.
Todos, inclusive Jair Bolsonaro, foram convidados. Seis grupos de trabalho para lidar com diferentes assuntos iniciarão agora uma negociação e avaliação de medidas concretas. Em julho, propostas serão apresentadas sobre financiamento de países em desenvolvimento, suspensão da dívida, clima e a reconstrução do mundo sob novas bases. "Lançamos uma parceria para pensar em soluções reais", declarou o primeiro-ministro da Jamaica.
Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, confirmou que a reunião foi "o maior evento" entre chefes-de-estado e de governo desde o começo da pandemia. Pedindo "humildade", o chefe da diplomacia das Nações Unidas mandou um recado a líderes que não estejam levando a crise à sério: "recusar a gravidade é arrogância".Trudeu indicou que o mundo "começou uma conversa sobre como sair dessa crise com um mundo mais forte". Para ele, a crise demonstra que o "mundo precisa multilateralismo como nunca precisou antes".
Há duas semanas, numa outra reunião da ONU, o chanceler Ernesto Araújo sugeriu o termo "multilateralismo" deixasse de ser usado, já que ele implicaria uma "ideologia". Para ele, palavras que terminam com "ismo" se referem a uma ideologia. Araújo aposta numa nova ordem internacional, no momento pós-pandemia, construído a partir de cinco ou seis países. Na reunião ministerial do dia 22 de abril, com Bolsonaro, o chanceler afirmou que estava seguro que o Brasil faria parte dessas novas potências que vão redesenhar o mundo. Nesse projeto, porém, não haveria lugar garantido para a ONU, pelo menos não em seu formato atual. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro tampouco participou da Assembleia Mundial da Saúde, espaço ocupado pela Colômbia e Paraguai. Procurado, o Itamaraty não explicou se Bolsonaro foi ou não convidado. Em abril, o governo ficou ainda de fora de uma aliança internacional para o desenvolvimento de uma vacina. Mas o governo prepara uma reunião inter-ministerial para avaliar como fazer parte da iniciativa.
Desta vez, documentos revelam que o projeto tem como objetivo pensar na recuperação da economia global, com base em novos pilares e maior foco em questões de justiça social e clima. Trata-se de uma "iniciativa conjunta para acelerar a resposta global aos significativos impactos econômicos e humanos da COVID-19, e avançar soluções concretas para a emergência do desenvolvimento". "Esta pandemia requer uma resposta multilateral em larga escala, coordenada e abrangente para apoiar os países necessitados, permitindo-lhes uma melhor recuperação para economias e sociedades mais prósperas, resilientes e inclusivas", indicam.
O "Evento de Alto Nível sobre Financiamento para o desenvolvimento na Era da COVID-19" busca encontrar formas de "focar na recuperação sócio-econômica e nas necessidades de financiamento da pandemia". "Devemos continuar a coordenar esses esforços para evitar um impacto devastador na vida e na subsistência das pessoas", indica. Seis áreas de ação serão debatidas para mobilizar o financiamento necessário para a resposta e recuperação. Elas incluem "expandir a liquidez em toda a economia global; lidar com as vulnerabilidades da dívida; conter os fluxos financeiros ilícitos; aumentar o financiamento externo para o crescimento inclusivo e a criação de empregos; e estratégias para que os países se recuperem melhor, enfrentem as mudanças climáticas climáticas e restabeleçam o equilíbrio entre a economia e a natureza."
"A pandemia tem demonstrado nossa fragilidade", disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. "Estamos em uma crise humana sem precedentes, por causa de um vírus microscópico. Precisamos responder com unidade e solidariedade, e um aspecto fundamental da solidariedade é o apoio financeiro", completou. Para Trudeau,"todos os países estão sendo testados pela COVID- 19, e isso ameaça minar nossos ganhos de desenvolvimento duramente conquistados. Sabemos que a melhor maneira de ajudar todos os nossos povos e economias a se recuperarem é trabalhar juntos como uma comunidade global", defendeu.
"Se não agirmos agora, as projeções da ONU indicam que a pandemia poderá cortar quase US$ 8,5 trilhões da economia global nos próximos dois anos, forçando 34,3 milhões de pessoas à pobreza extrema este ano, e potencialmente, mais 130 milhões de pessoas durante esta década", alertou a ONU.
GEDDEL NOS BASTIDORES
Ex-assessor de Geddel é nomeado chefe de gabinete do Iphan
Ministro do governo Temer foi condenado por improbidade administrativa por fazer pressão para conseguir autorização do Iphan na construção de um prédio de luxo em Salvador
Um ex-assessor do ex-ministro Geddel Vieira foi nomeado nesta quinta-feira (28/5) a chefe de gabinete do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A nomeação de Marco Antônio Ferreira Delgado foi assinada pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, e publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (28/5).
Geddel foi ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República do governo de Michel Temer. Ele foi condenado neste ano pela Justiça Federal por improbidade administrativa por fazer pressão para conseguir um parecer favorável do Iphan na construção do edifício de luxo La Vue, na Barra, em Salvador. O ex-ministro da Cultura e deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) o acusou de pressioná-lo. Geddel nega.
Marco Antônio foi nomeado assessor de Geddel em maio de 2016. Antes ele atuava como assessor do gabinete do ministro da extinta Secretaria de Aviação Civil. Ele ficou no cargo de assessor do Departamento de Relações Político-Sociais da Secretaria Nacional de Articulação Social da Secretaria de Governo até maio de 2018, mesmo depois de Geddel ter saído da secretaria - o que aconteceu em novembro de 2016.
Marco também já havia atuado anteriormente, entre 2011 e 2013, no Ministério do Turismo, tendo sido inclusive chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.
VÍDEO, MENTIRAS E PALAVRÕES
Você sabe o que vai acontecer. No entanto, desconhece como
os atores vão representar o texto, como reagirão às falas, como
se movimentam no espaço cênico.
O famoso vídeo da reunião do Conselho de Ministros já foi
vazado a ponto de termos uma ideia de como transcorreu.
Sim, havia dúvidas sobre os palavrões. Como foram ditos,
com que expressão facial, em que contexto, que tipo de olhar
suscitaram.
Tenho impressão de que o vídeo veio na íntegra. O corte da fala
de Weintraub é tão óbvio que todo mundo percebe o que disse:
não queria ser escravo do PC chinês. Talvez seja uma das frases
mais inocentes de todo o texto.
Não foi uma reunião de Conselho de Ministros tal como a
supomos. Foi mais parecido com uma pajelança, uma tentativa
de Bolsonaro de animar seu Ministério. O debate mesmo era
sobre o plano Pró-Brasil.
O trecho básico, que interessa ao processo nascido com a queda
de Moro, é o que afirma que não vai deixar sua família se foder,
nem seus amigos. Por isso, mudaria até o ministro se necessário.
Mudou o superintendente da Polícia Federal, e Moro caiu em
seguida.
O nível das intervenções de Bolsonaro é bastante singular se
cotejado com os documentos de reuniões presidenciais. Um dos
momentos mais dramáticos foi afirmar que, se a esquerda
vencesse, todos estariam cortando cana e ganhando 20 dólares
por mês.
Como escritor, o que mais me impressionou foi a maneira como
figurou a perda da liberdade: “Eles querem nossa hemorroida”,
disse. Da primeira vez, hesitei. Seria isso mesmo? De onde tirou
a hemorroida para expressar a perda da liberdade, não tenho a
mínima ideia. Os analistas talvez nos ajudem.
A divulgação na íntegra, exceto referência aos chineses, deu uma
boa ideia de como estamos sendo governados. Não apenas pelas
palavras escolhidas, mas pela falta de conexão, de uma liderança
que tivesse a agenda na cabeça e tentasse trabalhar o Ministério
no conjunto como o maestro que rege uma orquestra afinada.
A perversidade ficou evidente na fala do ministro Ricardo Salles.
Ele sabe que a Amazônia está sendo destruída num ritmo alucinante:
de agosto de 2019 a abril de 2020 o desmatamento cresceu 94,4 %
em relação ao período de agosto de 2018 a abril de 2019.
A tática explícita de Salles é aproveitar a grande preocupação com
a pandemia e passar todas as agendas que significam enfraquecer
a legislação ambiental e acelerar o processo destrutivo em curso.
Eu já intuía isso. O Human Rights Watch publicou um relatório
semana passada, mostrando como as multas na Amazônia deixaram
de ser devidamente cobradas desde outubro e como os funcionários
sentem-se desamparados na execução da lei.
Consegui passar essa mensagem no meio de uma notícia sobre
Covid. É preciso usar todas as brechas para neutralizar a tática
perversa.
O general Heleno escreveu uma nota ameaçadora antes da
divulgação do vídeo. Não entendeu que o ministro Celso de Mello
apenas submeteu ao procurador-geral a hipótese de periciar o
telefone de Bolsonaro e seu filho Carlos.
A ameaça é clara: intervenção militar. Heleno é um militar com
experiência internacional. Creio que ele e as Forças Armadas
sabem que existe uma pandemia e que ela é um tema decisivo
para a Humanidade.
Creio também, caso leiam os jornais, que sabem o papel de
Bolsonaro no imaginário internacional: o de um negacionista,
cada vez mais perigoso na medida em que o Brasil torna-se o
epicentro da pandemia mundial.
Um golpe militar no Brasil vai colocar o país em choque com o
mundo. Dois temas vão se entrelaçar: a pandemia e a destruição
da Amazônia.
Não creio que depois de tanta reflexão histórica, estudos, seminários,
palestras, cursos no exterior, as Forças Armadas queiram participar
dessa aventura. Já associaram sua imagem à cloroquina. Será que
ouviriam o general Heleno e os defensores de uma intervenção
militar?
Desta vez, não cairemos no erro de resistir com armas. Será uma
luta longa e pacífica, alavancada pelo próprio mundo. Da primeira
vez foi uma tragédia; agora, será uma farsa com consequências
profundas. Se é possível dar um conselho, ai está: por favor, não
tentem.
Artigo publicado no jornal O Globo em 25/05/2020
EU FIZ A CAGADA EM ESCOLHER
Ex-chefe do Iphan acusa Flavio Bolsonaro
A ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Kátia Bogéa diz ter sido demitida da chefia da instituição após pressões geradas pelo dono das lojas Havan, Luciano Hang, e pelo filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Em reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, Bolsonaro fala sobre o Iphan e o empresário.
“Eu fiz a cagada em escolher… não escolher uma pessoa que tivesse também outro perfil. É uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Encontra lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder”, disse.
Em agosto do ano passado, Hang gravou e divulgou um vídeo nas redes sociais reclamando que a obra de uma loja Havan no Rio Grande do Sul estava paralisada porque o Iphan encontrou “fragmentos de pratos”. No local, segundo Kátia, foram encontradas cerâmicas, vestígios arqueológicos de civilizações passadas. Na época, o próprio Iphan divulgou nota dizendo que a paralisação foi recomendada pela empresa de consultoria em arqueologia contratada pela própria Havan.
“Quem paralisou a obra foi o próprio arqueólogo da empresa de arqueologia que ele contratou para acompanhar a obra. O vídeo foi mentiroso, ele vendeu essa mentira para o presidente e o presidente comprou essa mentira dele. Aí, a imagem que o presidente formou na cabeça dele do que seria o Iphan seria de um órgão que estava ali para paralisar obras, impedir o desenvolvimento”, disse Kátia.
Depois disso, outro fato se somou e finalmente resultou em sua demissão, segundo Kátia. Em dezembro, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, participou de um encontro na Bahia com representantes do setor imobiliário. Na época, Katia diz ter sido informada que empresário reclamaram de sua atuação ao senador, falando especificamente de uma portaria publicada dias antes. E menos de uma semana depois do encontro, a ex-presidente do Iphan foi exonerada.
A portaria em questão trazia diretrizes e critérios para intervenção na área do entorno dos conjuntos e bens tombados na região da Barra, em Salvador, após a polêmica envolvendo o edifício La Vue, que envolveram o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira, no governo de Michel Temer. Na época, o ex-ministro da Cultura e deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) pediu demissão dizendo que havia sofrido pressão de Geddel para que o empreendimento fosse liberado pelo Iphan. Geddel nega.
Katia afirma que ficou sabendo de sua exoneração pelo Diário Oficial da União (DOU), não tendo sido avisada antes ou chamada para auxiliar no processo de transição. A presidência estava sendo ocupada interinamente pelo técnico Robson de Almeida, que ficou no cargo até maio deste ano. No dia 11 deste mês, 19 dias depois da reunião ministerial cujo conteúdo foi divulgado na última sexta-feira, o governo federal nomeou como nova presidente do Iphan a servidora do Ministério do Turismo, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. A nomeação é amplamente questionada por servidores do Iphan e pessoas ligadas a preservação do patrimônio histórico e cultural, pela ausência de experiência por parte da nova presidente.
Para ela, o vídeo da reunião deixa claro o que o governo quer, em especial na fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ele disse que deveriam aproveitar que a imprensa está com o foco em cima da cobertura da pandemia do novo coronavírus para “passar qualquer mudança infralegal”.
“Enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério do Meio Ambiente”, disse. Sobre isso, Kátia disse: “Eu jamais me submeteria a uma coisa dessas”.
A ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Kátia Bogéa diz ter sido demitida da chefia da instituição após pressões geradas pelo dono das lojas Havan, Luciano Hang, e pelo filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Em reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, Bolsonaro fala sobre o Iphan e o empresário.
“Eu fiz a cagada em escolher… não escolher uma pessoa que tivesse também outro perfil. É uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Encontra lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder”, disse.
Em agosto do ano passado, Hang gravou e divulgou um vídeo nas redes sociais reclamando que a obra de uma loja Havan no Rio Grande do Sul estava paralisada porque o Iphan encontrou “fragmentos de pratos”. No local, segundo Kátia, foram encontradas cerâmicas, vestígios arqueológicos de civilizações passadas. Na época, o próprio Iphan divulgou nota dizendo que a paralisação foi recomendada pela empresa de consultoria em arqueologia contratada pela própria Havan.
“Quem paralisou a obra foi o próprio arqueólogo da empresa de arqueologia que ele contratou para acompanhar a obra. O vídeo foi mentiroso, ele vendeu essa mentira para o presidente e o presidente comprou essa mentira dele. Aí, a imagem que o presidente formou na cabeça dele do que seria o Iphan seria de um órgão que estava ali para paralisar obras, impedir o desenvolvimento”, disse Kátia.
Depois disso, outro fato se somou e finalmente resultou em sua demissão, segundo Kátia. Em dezembro, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, participou de um encontro na Bahia com representantes do setor imobiliário. Na época, Katia diz ter sido informada que empresário reclamaram de sua atuação ao senador, falando especificamente de uma portaria publicada dias antes. E menos de uma semana depois do encontro, a ex-presidente do Iphan foi exonerada.
A portaria em questão trazia diretrizes e critérios para intervenção na área do entorno dos conjuntos e bens tombados na região da Barra, em Salvador, após a polêmica envolvendo o edifício La Vue, que envolveram o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira, no governo de Michel Temer. Na época, o ex-ministro da Cultura e deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) pediu demissão dizendo que havia sofrido pressão de Geddel para que o empreendimento fosse liberado pelo Iphan. Geddel nega.
Katia afirma que ficou sabendo de sua exoneração pelo Diário Oficial da União (DOU), não tendo sido avisada antes ou chamada para auxiliar no processo de transição. A presidência estava sendo ocupada interinamente pelo técnico Robson de Almeida, que ficou no cargo até maio deste ano. No dia 11 deste mês, 19 dias depois da reunião ministerial cujo conteúdo foi divulgado na última sexta-feira, o governo federal nomeou como nova presidente do Iphan a servidora do Ministério do Turismo, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. A nomeação é amplamente questionada por servidores do Iphan e pessoas ligadas a preservação do patrimônio histórico e cultural, pela ausência de experiência por parte da nova presidente.
Para ela, o vídeo da reunião deixa claro o que o governo quer, em especial na fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ele disse que deveriam aproveitar que a imprensa está com o foco em cima da cobertura da pandemia do novo coronavírus para “passar qualquer mudança infralegal”.
“Enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério do Meio Ambiente”, disse. Sobre isso, Kátia disse: “Eu jamais me submeteria a uma coisa dessas”.
MONSTROS SEM CONTROLE
Escuta Aí – Os ataques à imprensa e os monstros sem controle
Fernando Perlatto*
Ontem a Rede Globo publicou uma nota em solidariedade ao jornalista Wiliam Bonner, que vem sendo covardemente atacado por determinados grupos autoritários na internet. A mensagem repudia a campanha de intimidação contra o apresentador do Jornal Nacional, que decorre, em grande medida, da cobertura crítica que a emissora vem fazendo ao governo Bolsonaro, em especial de sua condução irresponsável no enfrentamento da pandemia do coronavírus. Os ataques, que contam com a anuência do presidente da República, não têm sido dirigidos somente à emissora, mas também têm como alvos outros órgãos da imprensa brasileira.
Diante das ofensas e insultos que recebem todos os dias por parte de bolsonaristas, os grupos O Globo e Folha de São Paulo decidiram suspender a cobertura jornalística na saída do Palácio do Alvorada. Hoje, a Folha de São Paulo publicou um editorial intitulado “Fascismo de segunda” no qual justifica esta decisão e critica as “hostes fanáticas” que “açuladas pelo presidente” colocam em risco o exercício do jornalismo. William Bonner, por sua vez, em entrevista concedida ontem a Pedro Bial, disse que se assustava com “a bile, com o ódio que escorre nas palavras, nas palavras mal escritas, nas palavras cuspidas” daqueles que o atacam.
Acredito que caiba a qualquer democrata convicto se solidarizar e defender os jornalistas que vêm sendo atacados pelos fanáticos bolsonaristas. Compete a todos cobrar a investigação de indivíduos e grupos que financiam e dão suporte a estas agressões e defender a liberdade da imprensa, sem a qual não é possível conceber uma sociedade democrática. Contudo, seria um equívoco perder a oportunidade aberta por estes lamentáveis episódios e não refletir no quanto determinados setores da imprensa brasileira, que hoje padecem com estas investidas autoritárias, contribuíram, anos atrás, para a disseminação deste clima de ódio do qual atualmente são vítimas. Esta raiva que atualmente é dirigida a eles – e contra o “sistema” em geral, aí incluídos o Legislativo e o STF – foi sendo gestada e alimentada durante os últimos anos, direcionada contra a esquerda, com a condescendência e muitas vezes com o silenciamento de vários destes setores que hoje são atingidos pelos ataques.
Em artigo publicado nesta revista em 2016, ao analisar a possibilidade da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, eu chamava a atenção para a irresponsabilidade de setores do Partido Republicano que, na ânsia de combater Obama e o Partido Democrata, silenciaram diante da retórica de ódio mobilizada pelo então candidato.[1] Fazia um paralelo com a situação do Brasil, na qual o PSDB, também motivado pelo enfraquecimento do PT, fazia ouvidos moucos às agressões direcionadas à esquerda. Dizia naquele artigo que “os segmentos conservadores vêm se comportando ao longo dos últimos anos como o aprendiz de feiticeiro – na feliz metáfora de Marx, no Manifesto Comunista –, dando impulso a determinadas forças mais à direita as quais eles não têm condições de controlar”.
No momento atual, lideranças do PSDB como o governador de São Paulo João Dória e setores da imprensa brasileira têm sido alvos de grupos de extrema-direita que se expandiram de forma significativa nos últimos anos, contando com a cumplicidade de seus silenciamentos. Reitero que a solidariedade com todos aqueles que são alvos de segmentos autoritários deve ser uma premissa para qualquer democrata. De todo modo, é importante que este momento sirva de lição no sentido de percebermos que uma vez alimentado o monstro fica muito difícil colocá-lo novamente na jaula. Ele devora seus inimigos, mas depois aparece para devorar aqueles que o nutriram. Um país que se quer democrático deve permanecer sempre vigilante para não alimentar os seus monstros.
* Fernando Perlatto é um dos Editores da Revista Escuta.
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