Trata-se de uma coroa iorubá (adé), objeto investido com valor espiritual, político, estético. Como emblema do rei Oduduá (Odùduwà), o ancestral primigênio dos reinos iorubás, o adé “encarna a instituição da força ancestral do rei”. Uma franja de fios de missangas cobre, como uma cortina, o rosto do portador, pois acredita-se que o rei (ọba), enquanto pessoa sacralizada, não pode ser exposto à vista do povo. Os adélà, ou grandes coroas, têm a parte superior cônica, decorada com motivos geométricos e alegóricos, amiúde na forma de pássaros, confeccionados com missangas. O historiador Robert F. Thompson escreve que “ocultar [o rosto] diminui a individualidade do portador, de modo que ele vira também uma entidade genérica”. Nesse sentido, a máscara ou adé, “combina a dupla presença do rei e do ancestral, este mundo e o outro”, o presente e o passado, constituindo, assim, a encarnação da dinastia.[1] No caso de Sakété, é provável que a incumbência de carregar o adé fosse reservada, não ao rei, mas a algum “duplo”, iniciado e preparado para assumir essa função político-religiosa."
Luis Nicolau Pares
Nenhum comentário:
Postar um comentário