sábado, 31 de agosto de 2024

CINCO ANOS

DO CAMPO DE OURIQUE A CASA DOS BICOS

 



Tinha prometido a Cecília, companheira desta viagem, leva-la até a casa onde Fernando Pessoa morou pelos seus últimos quinze anos, no bairro de Campo de Ourique.

O famoso bonde 28 – a esta hora sem pick-pocket -  nos deixou no jardim de Estrela, frente a Real Basílica. Ainda tivemos que enfrentar uma longa ladeira até chegar a sossegada, quase adormecida rua Coelho da Rocha. A fachada do 28 pouco se diferencia dos outros imóveis do final do século XIX que nunca ultrapassam quatro ou cinco andares. Não reparei se ainda existe “a Tabacaria do outro lado da rua.”

Além da fachada, da escada e de dois quartos, pouco quedou da arquitetura original. Museologia certeira, mas fria. Nenhuma tentativa de recriar algo do ambiente original.  A máquina de escrever exposta dentro de um caixão de acrílico pousado numa tábua no meio da parede. A cama, colocada num estrado que lhe tira toda intimidade. “Conquistamos todo o mundo antes de levantar da cama / Mas acordamos e ele é opaco”. Os 1300 livros, que, dizem, foram fartamente anotados, bem arrumados em estante distante do visitante. Existiria poeta sem emoção? Mais humana, uma longa mesa com muitas edições espalhadas da obra do Fernando Pessoa em várias línguas.

Como museólogos bem-intencionados podem desalmar até um poeta, e que poeta! Nem o café adjunto estava aberta, o que nos levou de volta a Baixa Pombalina e, mais além, até a renascentista Casa dos Bicos, cuja história cobre séculos de glórias e decadências que hoje abriga a prestigiosa Fundação José Saramago. Agora sim, a adaptação museológica convence o visitante mais exigente. Mas também é verdade que o ilustre português nunca aqui viveu. Nos três andares, vida e obra do famoso ribatejano são cuidadosamente arquivados.

Farta bibliografia, ampla documentação iconográfica, espaço para reuniões e conferências e uma boutique irresistível. Por estreita fresta, nos sentimos como indiscretos voyeurs ao observar uma reconstituição, talvez imaginária, do ambiente de trabalho do escritor em Lanzarote.

Aproveitei para comprar “Viagem a Portugal” onde o Prêmio Nobel começa por estradas vicinais, vilas e morros de Trás-os-Montes, ancestral província que fotografei detalhadamente nos anos 50 para um filme que nunca se realizou. E todos as fotos me foram roubadas. A viagem e seu relato terminarão neste mágico Algarve onde passei os melhores verões de minha juventude. Mergulharei na escrita de vocabulário rico, de frases poéticas, num português algo arcaico e sempre elegante.

Tínhamos notado uma oliveira centenária na pracinha da fundação. Cecília descobriu uma placa informando que debaixo desta árvore, trazida propositalmente de Azinhaga, terra natal do escritor, estavam enterradas suas cinzas.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

FRANK SINATRA

 

Pode ser uma imagem de 2 pessoas e saxofone

Nat King Cole ganhava 4.500 dólares por semana em Las Vegas em 1956 (o que mesmo hoje seria considerável). Era cabeça de cartaz no Thunderbird Hotel, só para brancos, onde não lhe era permitido aventurar-se para além da sala de espectáculos e da zona de descanso do cozinheiro, atrás da cozinha. O road manager de Cole teve direito a um quarto no hotel por ser branco, mas a atração altamente remunerada teve de encontrar outras acomodações. Ficava regularmente numa casa modesta no West Side.

Frank Sinatra era um grande fã de Cole. Enquanto actuava no Sands, Sinatra reparou que Cole jantava quase sempre sozinho no seu camarim. Sinatra pediu ao seu camareiro, um homem negro chamado George, para descobrir porquê. George explicou os factos a Frank. "Os negros não podem entrar na sala de jantar do Sands."
Sinatra ficou furioso. Disse ao maitre e às empregadas de mesa que, se voltasse a acontecer, faria com que todos fossem despedidos.
Na noite seguinte, Sinatra convidou Cole para jantar, fazendo do seu convidado o primeiro homem negro a sentar-se e a comer na Sala Jardim do Sands.

LACRIMOSA

ARE YOU READY?

SIT DOWN, SERVANT

UM DESASTRE HUMANITÁRIO

 O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, afirmou que a Venezuela não é de esquerda ou de direita, mas “um desastre humanitário”. 

A declaração foi concedida ao jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.

Barroso lança nesta terça-feira 20 o livro Inteligência Artificial, Plataformas Digitais e Democracia — Direito e Tecnologia no Mundo Atual, pela Editora Fórum.

Ele diz descrever na obra o papel das Supremas Cortes em diferentes países e menciona a Venezuela, onde, segundo o ministro, houve uma “captura total” desde o governo de Hugo Chávez.

“Até me surpreendo quando as pessoas discutem se a Venezuela é de direita ou de esquerda. Venezuela não é uma coisa nem outra, é só um desastre humanitário“, afirmou. “Nunca entendi bem por que a esquerda brasileira se amarrou no mastro desse naufrágio que é a Venezuela. A vida, na minha visão, gravita também em função de certo e errado, e não de alinhamentos ideológicos apenas.”

De acordo com o presidente do STF, é legítimo ter “alinhamentos ideológicos”, mas seria necessário respeitar premissas anteriores como “integridade, seriedade, o certo e o errado”.


ABUSADORES DO BRASIL

 Pedro Cardoso critica homenagens a Silvio Santos: 'Abusadores do Brasil'

Pedro Cardoso expôs incômodo com a situação pós-morte de Silvio Santos


Pedro Cardoso utilizou as redes sociais para criticar as recentes homenagens feitas a Silvio Santos, falecido no último sábado (17) aos 93 anos. O ator afirmou que o apresentador foi colaborador da ditadura militar no Brasil, e que sua fortuna não foi fruto de mérito, mas de "fraquezas éticas".

Em sua publicação, o ator, conhecido pelo papel de Agostinho Carrara na série A Grande Família, da Globo, iniciou dizendo: "Serviu à ditadura militar torturadora de 61, 64, 68. A ditadura que assassinou pessoas que a ela se opunham, como todas as ditaduras o fazem", destacou.

Apesar das críticas, Pedro Cardoso fez questão de separar sua opinião da dor dos familiares dos homenageados. "Mas quando a morte parece redimir automaticamente abusadores do Brasil, sinto-me ofendido", afirmou.

O ator argumentou que tanto Silvio Santos quanto Delfim Netto enriqueceram graças ao apoio que deram ao regime militar, e não por suas qualidades intelectuais. "Silvio e Delfim foram empregados da ditadura militar. Enriqueceram porque serviram a ela", criticou.

sábado, 17 de agosto de 2024

PALESTINE, L´HORREUR

 Palestine, ne jamais cesser de dénoncer l’horreur




Des corps calcinés, déchiquetés. Des familles qui pleurent, hurlent la perte de leurs proches. Des enfants qui errent, des milliers d’orphelins livrés à leur propre sort. Depuis neuf mois, les images en provenance de la bande de Gaza sont les mêmes. Elles défilent sous nos yeux, sans aucun filtre. Malgré les centaines de journalistes assassinés par Israël pour tenter de cacher aux yeux du monde le génocide en cours à Gaza, personne ne peut ignorer ce qui se passe aujourd’hui. 

Et malgré ça nous assistons toujours au même scénario, inlassablement : d’abord les images sur les réseaux sociaux. La dépêche AFP qui arrive. Le récit froid d’un massacre. Les « explications » de l’armée israélienne. Parfois les condamnations de la France et d’autres. La promesse de sanctions. Et puis plus rien jusqu’au nouveau massacre. Jusqu’à quand ? Jusqu’à quand la France va-t-elle pouvoir se regarder dans une glace alors qu’elle livre des armes à un gouvernement génocidaire ? Jusqu’à quand l’Union Européenne va-t-elle pouvoir être crédible en sanctionnant les crimes russes tout en protégeant ceux commis par Israël ? Jusqu’à quand la communauté internationale va-t-elle être en mesure d’être prise au sérieux alors qu’elle continue de livrer des armes à Israël qui vont servir à assassiner des enfants ?



Deux sentiments guettent les défenseurs de la paix. D’abord le désespoir. Il ne faut pas le nier. À chaque fois notre certitude « cette fois les image sont terribles, c’est un tournant, les gens vont réagir, ce n’est pas possible autrement  » vient se fracasser sur la réalité d’une communauté internationale qui feint l’émotion pour mieux regarder ailleurs. Ensuite la colère. Comment des gens peuvent-ils encore rester silencieux, voire pire soutenir ce qui se passe à Gaza ? De retour de la polio à l’utilisation de la famine comme arme de guerre en passant par usage de la torture, l’assassinat de soignants, les tirs de snipers sur les enfants ou encore la destruction méthodique de l’accès à l’eau, tout est documenté et sourcé. Personne ne peut dire, ou ne pourra dire, « je ne savais pas ». Il y a ceux qui savent et qui cautionnent, mais pour moi les plus lâches sont ceux qui préfèrent faire comme si cela n’existait pas. L’histoire ne les oubliera pas.



La violence contre les Palestiniens se poursuit au-delà de la bande de Gaza. Les attaques de colons Israéliens sur le village de Jit en Cisjordanie mettent une fois de plus en lumière ce qui se joue devant nous. Ce n’est pas une guerre, encore moins une opération de légitime défense. C’est l’exécution d’un projet politique mûri depuis des décennies. Contrairement aux propos du président Isaac Herzog et de son gouvernement il ne s’agit pas « d’acte isolé » mais bien de la « conséquence directe de la politique d'Israël de colonisation en Cisjordanie » pour reprendre les mots de la porte-parole du Haut-Commissariat de l'ONU aux droits de l'homme, Ravina Shamdasan. Ne reculant devant aucune ignominie, Israël Herzog a affirmé sur X que cette attaque nuisait «  à la communauté des colons respectueux de la loi et à la colonie dans son ensemble ». Comme s’il y avait des colonies respectueuses et d’autres violentes ! Dans un rapport qui court sur la période de novembre 2022 à fin octobre 2023, soit avant le déclenchement du conflit actuel à Gaza l’ONU avait indiqué que l'établissement et l'expansion continue des colonies « équivalent au transfert par Israël de sa propre population civile vers les territoires qu'il occupe » et « de tels transferts constituent un crime de guerre ». Israël mène un projet colonial constitutif de crimes de guerre et de crimes contre l’humanité, incompatible avec la paix.

Alors que nous avons franchi le seuil de 40.000 morts, nous savons que le bilan est largement supérieur. L’ensemble des experts militaires, qu’on ne saurait accuser d’être des insoumis, s’accorde sur cette réalité. Un bilan qui ne doit rien au hasard. Un bilan assumé au plus haut niveau de l’État israélien.


Comme le rappelait cette semaine Guillaume Ancel : « Israël sait pertinemment qu’avec les munitions utilisées neuf victimes sur dix seront des civils sans aucun lien avec le Hamas ». Le journal israélien Haaretz estime que « le taux et le rythme des décès éclipsent les conflits en Irak, en Ukraine et au Myanmar. [...] Environ 2% de la population de Gaza a été tué." Si on ramenait le bilan à un pays comme la France, cela reviendrait à 1,5 millions de personnes tuées dont plus de 600000 enfants dont 75000 nourrissons.

Face à cela nous devons continuer à agir. Utiliser tous les leviers à notre disposition pour faire cesser ce massacre. La première négation de ce que vivent les Palestiniens tient dans la tentative des relais du gouvernement israélien en France d’interdire l’usage du mot génocide. Il faut utiliser ce mot, pas simplement car il permet d’éveiller les consciences du monde sur ce que commet Israël mais parce qu’il repose sur des éléments concrets, documentés, factuels qui permettent de qualifier juridiquement la situation de génocide.

Ne jamais cesser de parler de la Palestine. La plus grande victoire des criminels de guerre israéliens serait de réussir à invisibiliser aux yeux du monde la souffrance du peuple palestinien. Ce qui se joue en Palestine va dessiner l’avenir du monde. Deux chemins peuvent s’ouvrir : celui, enfin, où la communauté internationale décide d’agir pour faire cesser un génocide, envoyant un message d’espoir et d’humanité au peuple du monde entier ; l’autre, qui peut faire basculer le monde dans la guerre généralisée, celui où la loi du plus fort dessine les frontières et l’avenir des peuples, peu importe que le sang de milliers d’innocents coule.

L’Histoire n’oubliera pas ceux qui se rendent aujourd’hui complices de ce génocide. L’Histoire n’oubliera jamais ces femmes et ces hommes qui viennent sur les plateaux télés, sourire aux lèvres, expliquer que l’armée israélienne est la plus morale du monde, qu’elle protège les Palestiniens du mieux qu’elle peut. Ces gens finiront dans les poubelles de l’histoire, aux côtés des pires régimes que l’humanité a vu naître. Je ne serai jamais du côté des lâches, ceux qui ferment les yeux et se bouchent les oreilles pour ne pas avoir à prendre position. Pour ma part, je les mets au même niveau le gouvernement d’extrême droite israélien tant leur complicité silencieuse permet aujourd’hui à ce dernier d’agir dans l’impunité la plus totale. Je ne serai jamais du côté des génocidaires mais toujours du côté de la paix et du droit à l’autodétermination des peuples. Vive la Palestine et les peuples du monde.


thomas Portes (avatar)

thomas Portes

Député de Seine-Saint-Denis et Président de l'observatoire national de l'extrême droite.

 

PRECISO APRENDER...

LADROAGEM

 


A LARVA VENENOSA

 


sexta-feira, 16 de agosto de 2024

A ÚNICA SOLUÇÃO...

 ... É COBRIR A ABOMINAVEL OBRA COM UM JARDIM VERTICAL

Edifício-garagem é finalizado após atraso e revela descaracterização de cartão postal de Salvador

Quase dois anos depois do início das obras, o edifício-garagem ainda não foi oficialmente inaugurado, mas já tem incomodado a população

Edifício-garagem é finalizado após atraso e revela descaracterização de cartão postal de Salvador

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

A NARCO-EVANGELIZAÇÃO CHEGANDO!

 

 

Pouco depois de minha chegada a Salvador, talvez em novembro de 1975, conheci Miguel Huertas, um uruguaio irrequieto e culto que viera à Bahia por causa da então muito famosa Escola de Música da Ufba.

Acabava de chegar de Nova Iorque onde conhecera um antiquário que lhe passou uma estranha informação. A CIA estaria fomentando uma invasão de New Born Christians na América Latina. Parecia argumento medíocre para filme de terror. O que os Estados Unidos ganhariam com este projeto?

Nos anos 80, a imprensa começou a noticiar que pastores entravam nas penitenciárias e em pouco tempo conseguiam converter perigosos marginais. Estes, inesperada expressão angelical no semblante, passariam doravante a andar com a Bíblia debaixo do braço. 

Em meio século, estão por toda parte. De costureira a cantora sertaneja, de vereador a desembargador, de fuzileiro naval a brigadeiro.

Vez ou outra, algum “religioso” é encarcerado por tráfico de divisas. Ninguém esqueceu o casal preso ao desembarcar em Miami com uma bíblia recheada com dólares.  Estelionato e violência doméstica fazem parte. Pedofilia e assassinato também. Ou você não se lembra de Lucas Terra? Enriquecem com o dízimo suado de semi analfabetos. Compram mansões no Morumbi e resorts em ilhas paradisíacas, andam calçados de Louis Vuitton, ostentam Rolex de ouro e se deslocam de avião particular e carro blindado. No Youtube, dão métodos infalíveis para extorquir bolsas, contas correntes e poupanças dos que se aventuram nos templos. Geralmente antigos supermercados ou cinemas.

E o governo, sempre à cata de votos, fica omisso, conivente com tão pouca vergonha. Pior: nossos edis não hesitam em comparecer a eventos “De Jesus” onde terão a certeza de boa visibilidade para futuras eleições.

Acordos são estabelecidos entre evangélicos e narcotraficantes. Do Rio de Janeiro a Maragogipe, de Manaus a Curitiba e Salvador, bairros inteiros são administrados não mais pelas prefeituras, mas pela bandidagem que anda pelas ruas ostentando pesadas correntes de ouro e armamentos mais pesados ainda. 

Em grande parte do Rio de Janeiro, no Complexo Israel (140 mil habitantes), por exemplo, os traficantes evangelistas, sob a suspeita bandeira sionista, destroem os terreiros de ritos africanos, perseguindo quem se veste de branco. As igrejas católicas são impedidas de celebrar missa e até mesmo de abrir as portas.

Com um histórico de prefeitos incompetentes e corruptos, a Cidade Maravilhosa prepara um belo tapete vermelho para uma teocracia que, longe dos talibãs e aiatolás, servira de trampolim para a internacionalização do Crime Organizado De Jesus sob o olhar complacente de Brasília.

Claro que existem responsáveis evangélicos honestos e piedosos. Mas onde estão?

A Tarde, sábado 17 de agosto 2924

 

 






E AGORA, JOSÉ?

VIETNAM...

 


BRAINS

 


O SILÊNCIO DOS INTELECTUAIS

 

O SILÊNCIO DOS INTELECTUAIS BAIANOS DIANTE DE FECHAMENTO DO ARTE SACRA

O comentário é do jornalista Tasso Franco, 79, também escritor
Tasso Franco ,  Salvador | 14/08/2024 às 19:44


Houve uma época na Bahia em que os intelectuais, os artistas, os escritores, os acadêmicos, enfim, as pessoas que amavam a cultura e as obras de arte no estado, especialmente em Salvador, gritavam, brigavam, protestavam, iam às ruas e aos artigos dos jornais quando aconteciam fatos como a derrubada da Sé Primacial, o bombardeio da biblioteca e do palácio governamental em 1912, a derrubada da igreja de São Pedro Velho e muitos outros acontecimentos. 

   Recentemente, no governo do bronco Jair Bolsonaro ouvimos muitos gritos em defesa da universidade pública, da Amazônia, da saúde pública e assim por diante, contra as escolas cívico militares, contra tudo que emanasse do governo. Lembrava com relevância e empatia do "Fora FHC". Nada que Fernando Henrique fizesse ou propusesse era péssimo, então, gritava-se "Fora FC", até o Plano Real.

   Pois bem, a UFBA fechou o Museu de Arte Sacra - o mais importante do barroco no país; o monastério de São Bento fechou a biblioteca - mais importante do país em obras raras da Bahia e do Brasil; o Convento das Mercês foi fechado e uma escola de 125 anos; o TCA fechado após um incêndio no teto; o Teatro Vila Velha fechado; a Biblioteca dos Barris da época do saudoso Luís Viana Filho desatualizadíssima e precisando de investimentos; o IGHB com a antiga Casa do Senado caindo e precisando de investimentos de uns 10 milhões; o Balé do TCA sumiu de cena; o cinema (produção) sumiu de cena; a música erudita (sumiu de cena), etc, etc, e ninguém diz nada. 

   A ministra da Cultura do Brasil é da Bahia há dois anos; os intitulados intelectuais caviar da esquerda que protestavam por tudo recentemente e outros do passado se calam diante dessa enxurrada de bens culturais em descenso. 

   É impressionando o silêncio da UFBA, IGHB, ALB, OAB, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, CMS, Arquidiocese, etc, etc, como se nada estivesse acontecendo. A Bahia - isso é o que se vê - está sem voz na cultura. No século XVII tínhamos os satíricos Gregório de Matos; no século XX, Fernando Perez e o "Salvadolores"; os poetas da praça; os artista de pincel e os padres de passeata. Agora, infelizmente, temos somente a turma do amém, dos editais, do bajulamento. 

    Vocês já imaginaram fechar o Museu D'Orsey, em Paris (nem vamos falar do Louvre); a Galeria Tate, de Londres; o Paço do Frevo, em Recife; o Museu da Inconfidência, em Minas; o Museu de Arte de SP Assis Chateaubriand? 

   Vozes - e muitas - teriam se levantado em defesa dessas instituição. E na Bahia, o que acontece? Nada. Os rebeldes do modernismo e a turma de Jorge Amado todos (ou quase todos) já faleceram. Não tivemos reposições das peças à altura.

  Há, sim, bajuladores em cada esquina - como diria Gregório -; caçadores de editais em cada canto e janela - como acertaria o Bocage Aloisio Short; e defensores do politicamente correto. 

   Arlindo Fragoso, em "Espírito dos Outros" cita o ator Xisto Bahia que, certa ocasião levou ao teatro o tabaréu da Festa de Reis e deu, de testa, com o retrato de Dom Pedro II, no album dos compadres e exclamou: - Está veio! 

   Estou a pensar - escreveu Arlindo - que se Xisto vivesse nos dias de hoje (1917) e visse os antigos ranchos e os bailes em vez de sambas, e cavatinas e romances onde estavam dantes as modinhas, havia de bradar: - oh!  mas isso não é véspera de reis. 

   Conclui Fragoso na crônica "Véspera de Reis": - Tudo é mudado realmente e as nossas tradições vão se destingindo e apagando, a não serem mais que sobras de outra idade.

   Assim está a Cidade da Bahia, uma sombra da outra idade, os intelectuais (nem todos) protegidos pelos guarda-chuvas dos editais, dos pagodões, dos showzões, aplaudindo os governos. (TF)

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

ESTAVÃO MORRENDO DE FOME

 TJ dobra valor e vai pagar auxílio alimentação de até R$ 3,9 mil para juízes e desembargadores

Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt13/08/20242 Mins Read

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Desembargadores aprovaram aumento e vão receber R$ 3.971 de auxílio alimentação             (Foto: Arquivo)

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul promoveu reajuste de 100% no valor do auxílio alimentação pago aos 216 magistrados estaduais – 37 desembargadores e 179 juízes. A partir deste mês, o valor pago vai variar de R$ 3.064 a R$ 3.971 – mais que o dobro do salário mínimo de R$ 1.420.

O aumento do penduricalho foi determinado pelo presidente do TJMS, desembargador Sérgio Fernandes Martins, conforme a Resolução 323, aprovada na sessão do Órgão Especial do dia 7 deste mês e publicada nesta segunda-feira (12).


O valor do auxílio alimentação equivalia a 5% do subsídio pago ao magistrado sul-mato-grossense. A partir da publicação da nova resolução, o percentual dobrou e chegou a 10%. Como o juiz substituto recebe subsídio de R$ 30.647,65 – o valor do benefício salta de R$ 1.532 para R$ 3.064. Para o desembargador, com subsídio de R$ 39.717,68, o auxílio passa de R$ 1.985 para R$ 3.971.

De acordo com a resolução de Martins, o valor será pago junto com a folha mensal do Poder Judiciário. Na prática, o benefício vai incrementar o salário pago aos juízes estaduais.

No ano passado, de acordo com o levantamento “Justiças em Números 2024”, divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça, o salário pago aos juízes estaduais foi de R$ 120.354, em média, por mês – o maior valor pago no País e o dobro da média nacional de R$ 68.057.

Pela Constituição, o maior teto do funcionalismo não deveria superar R$ 44.008,52, valor do subsídio pago a um ministro do Supremo Tribunal Federal. No entanto, os penduricalhos, como auxílio alimentação, auxílio saúde, gratificação e outras indenizações, não são contabilizados e o valor chega a ser três vezes ao teto.

domingo, 11 de agosto de 2024

MESAS DE PARIS

 Vamos começar pelo negativo. A multinacional McDonald´s está encantada com a receptividade do público francês e fatura um dos mais altos benefícios desta firma na Europa. E em várias “brasseries” tidas como tradicionais, talvez lhe sirvam pratos congelados esquentados na hora no micro-ondas. Moral da história: o francês também é capaz de aceitar o pior quando senta á mesa.

Mas existem os que recusam o duvidoso e conhecem os bons endereços da cidade. Então, acompanhe-me. Vou lhe levar a alguns endereços famosos, outros mais secretos. 

Plazza-Athénée

Se você for político e quiser encontrar colegas do Senado ou até simples prefeitos do Acre ou do Amapá o endereço certo é o luxuoso restaurante do chefe Jean Imbert no suntuoso hotel Plazza-Athénée, avenue Montaigne, a dois passos de Dior, Chanel etc. Até há pouco tempo, também poderia dar um alô ao Cavendish, dono da empreiteira Delta, mas dizem que, ultimamente, anda sumido. O Paulo Maluf, também era freguês assíduo. Sugiro, para não ter surpresa, pegar o menu. Para 250,00 euros (ou mais),  sem contar as bebidas, você terá a certeza de provar uma das melhores cozinhas da capital.

 

Petrossian

Achou, talvez, a conta um pouco salgada? Então vamos atravessar o rio Sena em direção aos Invalides. Por perto está o Petrossian que tem, como todos sabem, os melhores caviares importados da Rússia e do Irã. Aqui o menu está muito mais em conta: somente 45 euros. Atenção: sem caviar nem vodca!


Le Grand Véfour

 Voltemos ao lado direito do Sena. Num dos cenários mais românticos de Paris, o Palais-Royal - onde também se hospedam os teatros da Comédie-Française e do Palais Royal, lá na ponta – empurre a porta do Grand Véfour. A decoração é simplesmente deslumbrante. Não mudou desde o século XVIII. Menu muito amigo: 57 euros. Sem bebidas. bien sûr! Com um pouco de sorte, você poderá sentar na “banquette” onde uma etiqueta lhe informa que era o lugar preferido de Napoleão, Maria Callas ou Victor Hugo. E o foie-gras, para os conhecedores, é o melhor de Paris. Faça sua reserva antecipada para o almoço. Assim poderá aproveitar a vista sobre o jardim, 


Bagatelle

É primavera, o dia está de cartão postal e você não pretende ficar fechado. Então proponho uma excursão até o Bois de Boulogne para descobrir um dos endereços que só os parisienses conhecem: o Jardin de Bagatelle e suas famosas roseiras. Melhor chegar cedo para ter tempo de passear, admirar e fotografar estas maravilhas da natureza. Depois é só sentar no “terrasse” do restaurante. Para 60 euros (sem bebidas) terá direito a um menu de qualidade ouvido o canto dos pássaros. 



Brasserie Bofinger - Paris 

Mas seu orçamento tem limites severos e você não pretende ultrapassá-los. Então vamos descendo no orçamento sem, porém, perder o charme. Vou lhe levar até a Bastille. Podemos pegar o metro. Aproveite para ver o belo trabalho de azulejaria antes de subir a superfície onde dará de caras para a moderníssima Opera-Bastille. No número 5 da pequena Rue de la Bastille está a encantadora Brasserie Bofinger, com sua decoração Art Nouveau original. Não se deixe convencer a subir até o andar superior. O espetáculo está na sala do térreo. Aqui o menus não vai lhe assustar. 28,50 euros, incluindo a incontornável choucroute, prato típico da Alsácia, beirando a culinária alemã. 

Bouillon Montparnassse

Por falar em brasserie, sugiro também outra, da mesma época, suntuosa decoração Art Nouveau incluindo um belíssimo vitral no teto, um pouco como a pastelaria Colombo, no Rio de Janeiro. O Bouillon Chartier Montparnasse, frente a  ferroviária do mesmo nome, propõe um cardápio a preços bem populares. Único inconveniente: terá que entrar na fila de espera. Quando estudante. costumava freqüentar este estabelecimento – nos dias de bonança - me deliciando com uma mousse de chocolate caseira. Ficava imaginando o público do princípio do século... 


Le Petit Saint Benoit

Mas, naquela época meus endereços habituais eram mais modestos, sem porem, abdicar do charme. Um deles ainda existe: o Petit Saint Benoit, na rua do mesmo nome, por trás do famoso café Les Deux Magots. Aberto em 1901, trata-se de um autêntico bistrô. Mesas minúsculas, muita gente com pressa, agitado, serviço sem tempo para perder, comida correta, sem grandes requintes e preços de fácil digestão. 


Bouillon Chartier Grands Boulevards

 Outro Bouillon Chartier, a pouca distancia das Galeries Lafayette, serviu, desde 1896, mais de cinqüenta milhões de refeições. A imensa sala é tombada como patrimônio nacional. Aqui não tem menu. O prato mais servido é a “Andouillette grillée” com batatas fritas e a sobremesa, muito gostosa, é o “baba au rhum” acompanhado de chantilly.  



Agora, se realmente você prefere investir em compras em vez de comida – o que eu lamentaria profundamente – compre um sanduíche na padaria na esquina e coma num banco de jardim público. Não fique acanhado, têm muita gente fazendo a mesma coisa. Mas para não perder a classe, compre uma garrafa da deliciosa água mineral de Chateldon. Era a água servida na mesa do rei Luis XIV em Versalhes.

 


 

NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA

 


VOCÊS SABEM O QUE É UM PALÍNDROMO? 

 

 Um palíndromo, como deve saber, é uma palavra ou um número que se lê DA  mesma maneira nos dois sentidos normalmente, DA esquerda para a direita e ao  contrário.

Exemplos: OVO, OSSO, RADAR. O  mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase; é o caso do  conhecido: SOCORRAM-ME, SUBI NO ONIBUS EM MARROCOS.

Diante do interesse pelo assunto (confesse, você leu a frase de trás p'ra  frente), tomámos a liberdade de seleccionar alguns dos melhores palíndromos DA  língua de Camões... Se você souber de algum, acrescente e passe adiante.

 

         ANOTARAM A DATA DA MARATONA

 

         ASSIM A AIA IA A MISSA

 

         A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA

 

         A DROGA DA GORDA

 

         A MALA NADA NA LAMA

 

         A TORRE DA DERROTA

 

         LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL  É COR AZUL

 

         O CÉU SUECO

 

         O GALO AMA O LAGO

 

         O LOBO AMA O BOLO

 

         O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO

 

         RIR, O BREVE VERBO RIR

 

         A CARA RAJADA DA JARARACA

 

         SAIRAM O TIO E OITO MARIAS

         ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ      

 

PROFUUUUUUNDO!  ISSO É QUE É CULTURA!!!!

 Você sabe o que é tautologia? É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.

O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

 

- elo de ligação

- acabamento final

- certeza absoluta

- quantia exacta

- nos dias 8, 9 e 10, inclusive

- juntamente com

- expressamente proibido

- em duas metades iguais

- sintomas indicativos

- há anos atrás

- vereador DA cidade

- outra alternativa

- detalhes minuciosos

- a razão é porque

- anexo junto à Carta

- de sua livre escolha

- superávit positivo

- todos foram unânimes

- conviver junto

- facto real

- encarar de frente

- multidão de pessoas

- amanhecer o dia

- criação nova

- retornar de novo

- empréstimo temporário

- surpresa inesperada

- escolha opcional

- planear antecipadamente

- abertura inaugural

- continua a permanecer

- a última versão definitiva

- possivelmente poderá ocorrer

- comparecer em pessoa

- gritar bem alto

- propriedade característica

- demasiadamente excessivo

- a seu critério pessoal

- exceder em muito .

 

Note que todas essas repetições são dispensáveis.

Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada?  É óbvio que não.

Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.