sábado, 29 de novembro de 2025

ENFIM LIVRE!

 

Colômbia se declara como primeiro país da Amazônia totalmente livre de petróleo e mineração

Em decisão inédita anunciada na COP30, o governo colombiano anuncia toda a Amazônia do país como zona livre de petróleo e mineração, pressionando vizinhos a reforçar proteção ambiental e transição energética.

Irene Vélez Torres durante encontro de ministros da Amazônia na COP30. Foto: Divulgação/Gov. Colômbia
Irene Vélez Torres durante encontro de ministros da Amazônia na COP30. Crédito: Divulgação/Gov. Colômbia

Em um anúncio considerado histórico por ambientalistas e negociadores internacionais, a Colômbia declarou na última quinta-feira (13) que toda a sua extensão do bioma amazônico está oficialmente livre de exploração petrolífera e de mineração de grande escala. A decisão foi anunciada pela ministra de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Irene Vélez Torres, durante encontro da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) realizado na COP30.

A medida torna a Colômbia o primeiro país amazônico a assumir integralmente essa postura restritiva, num momento em que pressões econômicas e políticas impulsionam diversos governos a ampliar fronteiras extrativistas. O anúncio ocorre poucas semanas após o Brasil autorizar a Petrobras a perfurar o bloco 59, na Foz do Amazonas, reacendendo debates sobre desenvolvimento e preservação.

Segundo Vélez Torres, a nova diretriz institui toda a região amazônica colombiana como “zona de reserva de recursos naturais renováveis”, consolidando um marco de proteção ambiental que, segundo ela, deve inspirar as demais nações da região. Ao lado da ministra brasileira Marina Silva, a colombiana afirmou que a decisão simboliza “um ato de soberania ambiental” e um chamado coletivo.

Amazônia colombiana ganha blindagem ambiental inédita

A política recém-anunciada cria uma barreira à expansão de atividades extrativas em mais de 48 milhões de hectares — área equivalente a 42% do território continental colombiano e a 7% de toda a Amazônia sul-americana. A proteção cobre integralmente os departamentos de Amazonas, Caquetá, Putumayo, Guaviare, Guainía e Vaupés, regiões pressionadas por estradas ilegais, grilagem, mineração clandestina e pela existência de 43 blocos de petróleo e quase 300 pedidos minerários não autorizados.

Para o governo colombiano, impedir o avanço dessas atividades é um passo essencial para evitar o agravamento do desmatamento e da violência associada ao garimpo e às redes criminosas que atuam na floresta. A nova disposição estabelece um marco jurídico que impede a concessão de novos licenciamentos para extração de petróleo ou minérios de larga escala nessas áreas.

Além disso, o anúncio reforça o compromisso da Colômbia com o Acordo de Paris e com seu Plano Nacional de Contenção da Desflorestação, que busca reverter anos de alta na perda de cobertura florestal, especialmente em regiões de conflito.

Chamada por uma “Aliança Amazônica pela Vida”

Durante o encontro, Vélez Torres convocou os nove países da OTCA a unirem esforços para formar uma “Aliança Amazônica pela Vida”, voltada à integração de políticas de biodiversidade, clima, água e combate aos crimes ambientais. A ministra enfatizou que tratar a floresta como “o coração da ação climática e da justiça ambiental” é fundamental para garantir o futuro comum das nações amazônicas.

A preservação da Amazônia será debatida em cúpula na cidade brasileira de Belém, Região Norte do País, Estado do Pará (Jens Büttner/picture alliance via Getty Images)
A preservação da Amazônia está sendo debatida em cúpula do clima na cidade de Belém, região Norte do Brasil. Crédito: Jens Büttner/picture alliance via Getty Images

Segundo ela, preservar a Amazônia não representa entrave ao desenvolvimento. “Os rios não têm fronteiras e a vida também não. Proteger a Amazônia não é sacrifício econômico, é decisão ética e científica”, afirmou, defendendo que a transição energética deve ser encarada como oportunidade.

Debate regional e contradições brasileiras

A ministra brasileira Marina Silva reiterou, durante o mesmo encontro, a proposta apresentada pelo presidente Lula para que a COP30 estabeleça um roteiro global para o fim dos combustíveis fósseis. Marina destacou que o Brasil reconhece as contradições do setor energético nacional e a urgência de uma saída programática da dependência do petróleo.

Apesar disso, a ministra não comentou a recente liberação da exploração na costa amazônica, tema que tem gerado críticas de organizações ambientais e tensões internas no governo brasileiro. A posição colombiana, agora oficializada, deve ampliar a pressão política sobre os demais países amazônicos e reconfigurar o debate regional sobre clima e desenvolvimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário