Com
estatutos, CNPJ e uma diretoria altamente competente, o bairro de Santo Antônio
acaba de ganhar uma associação de moradores, preenchendo uma lacuna de 30 anos.
Vamos torcer para que os poderes públicos entendam que a comunidade tem hoje
representatividade oficial e concreta. A AMSA chega em bom momento para que o
bairro não continue terra de ninguém, onde quem tem padrinho tudo pode, como é
o caso de certo restaurante indiferente às limitações do patrimônio tombado pela
UNESCO.
Em carta de
18/12/2024 à Prefeitura, ficou claro que os moradores discordam quando a gestão
Bruno Reis se permite invadir o bairro com uma programação descabida. O Festival
Som do Sabor pode ser benvindo em amplo espaço, como a Fonte Nova ou a Feira
dos Municípios, mas não no reduzido Largo de Santo Antônio. Significa que, como
na época quando o Forte era sede de grupo carnavalesco, teremos rios de mijo
nas portas, depredações, xingamentos, engarrafamentos, isopores desordenados,
excesso de lixo e gritaria quando não algo pior. Sempre é bom lembrar que a palavra Democracia significa que o poder vem do
povo.
O vizinho
bairro do Pelourinho acaba de festejar a inauguração da Vila Nova Esperança,
proposta imatura de recém-eleito secretário de Cultura em 2007. Ou seja: levou
17 anos para virar realidade. Minha opinião, se me permitirem, é que pouco tem
a festejar. Com tantos imóveis abandonados, caindo aos pedaços, não havia razão
nenhuma para gastar tanta grana – e tão mal -
ocupando um dos poucos espaços verdes do centro histórico. Podia abrigar
uma bela creche, que tanta falta faz a comunidade, no meio de um paisagismo bem
tropical.
Porque
demorou dezessete anos para se construir um conjunto tão desprovido de
identidade com o patrimônio? Resposta: por puro e exclusivo desinteresse dos
governantes. E mais: ao princípio, o projeto era para ser realizado pelo
arquiteto Marcelo Ferraz, responsável pela adaptação do Palacete das Artes e
discípulo de Lina Bô Bardi. Mesmo sem o gênio da italiana, teria feito algo
menos desesperadamente medíocre que “isso”. Mesma safra que os deprimentes
“Minha casa, minha vida” denunciados no filme “Central do Brasil”. Os bons
arquitetos da Bahia continuam engavetados. Como o professor Pasqualino
Magnavita, autor do projeto Palco Móvel do Largo do Pelourinho, amplamente
divulgado em revistas especializadas pelo mundo afora. O projeto não foi
executado nos anos 90 porque ACM recusou o “esquerdista”. Duas décadas depois,
com outra opção política, Pasqualino permanece mofando na gaveta. Nossos
governantes têm medo de qualidade. Mediocridade é mais confortável.
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde, 4 janeiro 2025
Na realidade estes políticos de herança coronelesca pouco estudaram e sobretudo HISTORIA DA 1.A CAPITAL DO PAÍS!
ResponderExcluirNão têm identidade histórica porque não leem, e se tornam donos do mundo que já sabe oque é e i que quer!
O Bairro de Santo Antônio resistirá à violência da politicagem.