O que o Bolsonaro diz ou faz não surpreende mais, o céu é o infinito
para o que ainda pode vir a fazer ou dizer. Essa sua maior habilidade garante a
sobrevivência, mantem a base e é a razão dos 464 mil votos que recebeu nas últimas
eleições no Rio de Janeiro, para exercer o sexto mandato. Foi o mais votado do
estado, com 6% do eleitorado. São seus também os votos que elegeram os filhos respectivamente
vereador, deputado estadual e deputado federal. Tudo no Rio de Janeiro. Mas, para
consolo dos demais 94% , Bolsonaro é
paulista, de Campinas. Essa culpa o Rio não carrega.
Muitos dos 500 mil eleitores de Bolsonaro são militares ou familiares,
agraciados por vantagens e aumento de
pensões. Mas quem serão todos os outros, os civis, fiéis seguidores,
declaradamente adeptos do estupro, do racismo, da tortura, inclusive na
educação das crianças, das ditaduras.
Onde vivem e o que fazem esses cariocas? Muitos, mas não todos, estão nas
igrejas evangélicas. E os demais, inclusive os jovens? Representam quantos por
cento dos 464 mil bolsonaros? Isso, sim, preocupa. Os bolsonaros odeiam
mulheres, com exceção das que deixaram em casa, agridem negros e não apenas
gays, qualquer pessoa, vestígio ou manifestação LGBT. Preocupa que jovens
homens e, incrível, também jovens mulheres, e até negros, declarem apoio, voto e lealdade a esse
parlamentar.
Então, Bolsonaros estão entre nós, disfarçados de pessoas normais,
pode ser nosso vizinho, colega de trabalho, namorado da nossa filha. Estão no
facebook, nas manifestações, parecem poucos, de tão bizarros, mas contaminam,
com a mesma estratégia do Bolsonaro de verdade, a arte de chocar, de se mostrar
repulsivo, de, enfim, dar voz aos que carregam mazelas emocionais, distúrbios
sexuais e outras taras, que veem nele seu representante maior. Assim, para Bolsonaro e os bolsonaros, quanto mais
denúncias e processos, melhor.
Eleonora Ramos
Jornalista
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