A militarização das Escolas públicas é outro ponto em comum entre Jair Bolsonaro e Rui Costa. Se em 2017, Bolsonaro dizia que se fosse eleito iria realizar parcerias entre as redes municipal e estadual de educação para que elas fossem administradas pela Polícia Militar. Rui Costa anunciou que iria assinar um termo de acordo para a implantação da metodologia e filosofia dos colégios militares nos municípios. Segundo o governador, o desempenho dos alunos das escolas militares é superior aos alunos da rede pública não militar. Inclusive, o Ministério Publico Federal abriu um inquérito civil, para investigar a aplicação do ensino militar nos municípios. O procurador regional dos Direitos dos Cidadãos da Bahia, questionou a justificativa dada pelo governo para realizar o convênio com a Polícia Militar. A análise que atribui apenas a filosofia e metodologia do ensino militar como responsável pelo bom desempenho das Escolas Militares, deixa de considerar o nível sócio econômico dos estudantes, já que 50 a 70% das vagas são reservadas para filho de militares. Além de não existir estudos que comprovem que o método disciplinar militar é superior as demais práticas pedagógicas.
A militarização das escolas tem se tornado a panaceia para resolver os problemas da educação pública em alguns estados, como Goiás e Amapá, agora avançando para Brasília. O baixo desempenho de rendimento e a insegurança não serão solucionados apenas com a instalação de um regime disciplinar militar, sem que as condições sócia econômicas das famílias dos alunos sejam melhoradas, sem que haja investimento na estrutura escolar, no salário dos professores, em suma, um bom desempenho escolar é resultado de múltiplos fatores. O ensino médio baiano ficou em último lugar no país, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, a militarização das escolas, portanto, não passa de uma iniciativa diversionista, ao invés de se debater medidas concretas e efetivas.
E por isso não foi surpresa alguma, o governador Rui Costa (PT), dizer que de forma geral ele apoiava o pacote anticrimeapresentado pelo ministro da justiça, Sergio Moro, mesmo sem ler toda a proposta, Rui Costa falou que trabalharia pela sua aprovação.
O governador esteve em Brasília e disse que apresentou uma proposta para regular a audiência de custódia, para evitar que pessoas presas com armamento como fuzil, escopeta e metralhadora, sejam liberadas pelos juízes. Porém, a maioria das armas apreendidas na Bahia são espingardas, revólveres e pistolas, então não existe um grande número de pessoas apreendidas com armas de grosso calibre, que estão sendo liberadas nas audiências de custódia no estado.
O governador Rui Costa se aliou com Jair Bolsonaro e Sergio Moro, para defender ampliação da legítima defesa aos policiais, segundo ele “não podemos colocar em uma vala comum pessoas que defendem a sociedade e em um confronto morrem criminosos e respondem por processos longos, penosos. Em alguns estados os policiais cruzam os braços.” Em quais estados os policiais brasileiros cruzam os braços para não matarem em confronto, com medo de serem processados, se a Polícia brasileira é a que mais mata no mundo? E a Polícia baiana é a terceira mais letal do país, ficando atrás das polícias do Rio de Janeiro e São Paulo. Se os policiais realmente cruzassem os braços, um bebê de 7 mesesnão teria sido assassinado pela Polícia Militar, após ser atingido por uma bala de borracha, num bairro periférico de Salvador. Aliás, alguém viu o governador fazer alguma declaração sobre isso? Mas Rui Costa se manifestourapidamente quando uma estudante universitária, branca e militante do PT foi agredida por PM’s, numa confusão após o resultado do segundo turno das eleições.
O governador Rui Costa assim como os políticos de extrema direita recentemente eleitos cultuam uma perfomance policialesca, na qual aparecem em fotografia ou filmagem ao lado de policiais fortemente armados, fazendo flexão, ou então entoando discursos em defensa da violência policial, endurecimento do código penal e sobre impunidade. Não a toa Rui Costa se autocondecorou com a medalha do mérito policial, “Cruz da Ordem”, da Polícia Civil no final do ano passado. Se o ministro Sergio Moro precisar de aliados para a aprovação do seu pacote anticrime, entre outras medidas na área da segurança pública e política criminal, encontrará em Rui Costa um forte aliado, que não medirá esforços para mostrar que entre ele e Bolsonaro a única diferença é a sigla partidária.
Henrique Oliveira é colaborador da Revista Rever/Salvador