sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

RUI COSTA E A CULTURA

FAROL OU FIASCO?


Primeiro, veio a extinção do Ministério da Cultura, na esteira dos ataques à Lei Rouanet. Então, as declarações sobre cortar verba do Sesc para a cultura e retirar a Petrobras dos seus programas de cultura, também. Com isso, o governo federal deixa claro que, mais do que não incentivar a arte e a cultura, sua intenção é desestruturar e enfraquecer o setor.
Os quase 80% de votos a Rui Costa não deixam dúvidas de que seu primeiro mandato foi exitoso. No entanto, a gestão do petista deixou a cultura de lado; foi um desastre.
Nem tudo foi ruim. A Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) avançou, o Teatro Castro Alves (TCA ) teve suas reformas louváveis, alguns centros de cultura foram reformados, mas, no cômputo geral, a descontinuidade de projetos, editais e ações, bem como a falta de diálogo e de alinhamento com a legislação, e orçamento ridículo, foram bem ruins para a cultura.
Rui poderia formar um secretariado nacionalmente renomado. Nessa perspectiva, o nome de Juca Ferreira, novamente, veio à tona. Ele aceitaria, mas não houve interesse de Rui. Por motivos, oxalá, positivos, decidiu-se pela continuidade de Arany Santana.
Nossa secretária já deve ter um diagnóstico de tudo que não deu certo, tudo que deu certo e precisa continuar, e números para, assim, apresentar à sociedade um plano para a cultura em relação à continuidade de editais, à reforma e ao fortalecimento dos centros de cultura e territórios de identidade, uma gestão mais eficaz do Fundo de Cultura, bem como políticas específicas para as diversas linguagens artísticas.
Mas nada disso tem valia se Rui não abraçar a ideia. Em tempos sombrios para a cultura, na instância federal, o governo da Bahia pode ser um farol para o Brasil, um exemplo luminoso. Para tal, faz-se necessário um orçamento digno, e o tratamento adequado para a Secult, como um dos eixos fundamentais para a estruturação de uma sociedade.
Potencializar a cultura e as artes é gerar emprego e renda, através da chamada economia criativa. É fortalecer a tradição, o experimento, a subjetividade e sensibilidade de um povo. É despertar mais interesse turístico para nosso estado. É, sobretudo, combater a violência, como podemos ver no exemplo de Medellín (pesquise no Google!).
Nas redes sociais, Rui Costa é constantemente chamado de bolsonarista, por conta de notícias relacionadas às questões de segurança e educação. Seria uma resposta iluminada do governador mostrar que não lhe cabe essa pecha, trazendo a cultura e as artes para o centro de sua gestão.
A Bahia sempre foi lugar de resistência e revolução. Acredito que possamos, mesmo com todos os problemas de orçamento, ser um farol, e, tal como Péricles, ter um governo que potencialize a cultura como ela merece, sabendo ser um eixo transformador, revolucionário e de resistência.
Que seja essa a decisão de Rui Costa, e não seguir os passos que nos levarão às sombras de uma caverna escura.
 
Gil Vicente Tavares 
é  artista e professor

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