domingo, 19 de julho de 2020

CARTAS DE OSCAR WILDE


Na véspera do último julgamento por sodomia, no fundo do poço emocional, com a reputação arruinada e saúde se deteriorando, o escritor Oscar Wilde escreveu para o companheiro, pivô da sua crise, lorde Alfred Bruce Douglas, que havia fugido deixando-o à mercê da própria sorte:

‘’Meu garoto mais amado

Isto é para garantir-lhe o meu imortal, meu eterno amor por você. Amanhã tudo terminará. Se a prisão e a desonra são o meu destino, pense que meu amor por você e essa ideia, essa crença ainda mais divina, de que você me ama em troca me sustentará em minha infelicidade e me tornará capaz, espero, de suportar mais a minha dor pacientemente. Já que a esperança, antes da certeza, de encontrá-lo novamente em algum mundo é o objetivo e o incentivo da minha vida atual, ah! Eu devo continuar vivendo neste mundo por causa disso’’

Nos anos seguintes após sair da prisão, na miséria, sem expectativas, a vida destruída quase completamente, Wilde escreveu para o advogado e editor de livros eróticos Leonard Smithers sobre Alfred:

‘’Espero nunca me separar dele. Além disso, ele é um poeta muito delicado e requintado - o melhor de todos os jovens poetas da Inglaterra. Você precisa publicar seu próximo volume; está cheio de letras encantadoras, música de flauta e música da lua e sonetos em marfim e ouro. Ele é espirituoso, gracioso, adorável de se ver, adorável de se estar. Ele também arruinou minha vida, então não posso deixar de amá-lo - é a única coisa a fazer’’


Trechos de ''Oscar Wilde: A Life in Letters'' (2006), 
editado por Merlin Holland

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