Depois de quinze anos morando em Portugal, foi preciso aportar na Bahia para descobrir a curiosa palavra “Inverdade”. Afastando as sutilezas que caracterizam o juridiquês, aqui ela é mais usada como metáfora, visto o mal-estar crônico do baiano quando se trata de enfrentar sem rodeio uma situação desagradável.
Assim que, baianamente (opa!), definirei o anúncio da CONDER
dando a obra do Santo Antônio como terminada no domingo 17 de maio, não como
mentira, mas como inverdade. Terminada? Claro que não, se, no mesmo texto, a
estatal admite que ainda faltam noventa dias para retirada dos postes e da
fiação. Isto é, sem falar dos estragos materiais da dita operação.
Mas vamos manter o otimismo, tá okei? Portanto, talvez,
talvez ... a obra esteja definitivamente acabada, prontinha da silva, em
outubro de 2021 e inaugurada pelo governador com as devidas pompas: discurso,
jornalistas, tevê e placa comemorativa de bronze maciço.
Só para lembrar: o projeto, que nunca foi formalmente apresentado
à comunidade, começou a ser executado na ladeira do Boqueirão em princípio de
fevereiro, antes do carnaval de 2020. Era para terminar em julho. Empurrando
por causa das chuvas inesperadas (risada minha), da pandemia e da lua minguante,
o final feliz seria para outubro. Entrei com ação no Ministério Público. A
promotora, dra. Cristina Seixas, determinou 30 de dezembro como última data.
Que nada! Novamente, a mesma doutora deu até o fim de fevereiro. Não foi. Nunca
a digníssima fez a mínima alusão a multa, argumento que sempre tem efeito
milagroso. Castigada foi a comunidade.
E em 17 de maio... (retornar ao início do texto). O que era
para ser executado em seis meses, terá levado pelo menos vinte meses, e isso
sem a PEJOTA tão pouco sofrer qualquer sanção da contratante CONDER. Que
durante quase dois anos moradores e comerciantes tenham sofrido por total leviandade
de planejamento e incompetência na execução, não importa.
Além de me acusar, com descabida ironia, de carecer de
respaldo técnico, o jovem arquiteto responsável (sic) declarou nas redes
sociais que a PEJOTA arcaria com todos os atrasos e erros, portanto de julho 2020
até... outubro 2021 (?). Quem quiser, que acredite. Eu, sendo radicalmente
ateu, duvido. Não teve nenhum aditivozinho camarada? Os vinte meses ficaram nos
tais 15 milhõezinhos anunciados inicialmente? Por favor!
Em março assisti e participei de uma live sobre o centro
histórico organizada pela Ufba com intervenções do Iphan. Choveram críticas
sobre a obra na Rua Direita de Santo Antônio. E não era para menos. Em tempo:
alguém na CONDER tem real conhecimento técnico e acadêmico sobre a problemática
de centros históricos? Favor responder sem inverdade, tá okey?
Dimitri Ganzelevitch A Tarde. Sábado, 29 de maio de 2021
"Inverdade" é um eufemismo para mentira. Como "má sorte" é para azar. Antigamente, quando eu era criança, meus pais não permitiam que eu falasse as palavras verdadeiras.
ResponderExcluirQuanto à PEJOTA, essa fraude do setor da construção civil, por motivo ainda não descoberto tem contratos fechados não apenas com o Estado. Com o município também. É a cúmplice na devastação ambiental que acontece célere (antes que algum juiz que não seja venal se manifeste) NA RESTINGA DE PRAIA DE STELLA MARIS.
Conder, Pejota devem ter as costas largas, a devastação é visível....
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