Alerta verde
O geólogo Eduardo Grissolia explica sobre o impacto das obras na orla de Stella Maris e região
Dando continuidade ao nosso dever de informar aos leitores e frequentadores das praias, trouxemos o geólogo Eduardo Grissolia para uma explicação mais técnica do que é imensamente provável que aconteça nas praias de Stella Maris, Flamengo e Ipitanga.
E, mais do que isso, é fácil concluir que se tomarmos por base as obras feitas em outras localidades da cidade, que teremos por aqui o mesmo destino desastroso.
O surf deve ser impactado diretamente, uma vez que a medida que as construções se deterioram com o efeito das marés, chuvas e demais intempéries, grande parte dos sedimentos rumam para o mar, causando assim impacto negativo na formação das ondas.
Isso tudo ainda aliado a supressão da vegetação de restinga, que mexe com a movimentação natural dos bancos de areia.
Com a palavra, Eduardo Grissolia:
As zonas costeiras representam a interface entre o oceano e o continente e são, portanto, ambientes dinâmicos que estão em constante modificação. A ação contínua do mar nestas áreas é responsável por processos de erosão, transporte e deposição de sedimentos, provocando variações da linha de costa ao longo do tempo.
É necessário que as características morfodinâmicas de cada região litorânea sejam compreendidas para embasar possíveis intervenções, sem que haja comprometimento dos ambientes e eventuais consequências desastrosas para a própria sociedade, que podem acarretar em danos paisagísticos,econômicos e riscos à população.
Diversos estudos científicos apontam que obras como as de proteção costeira, tais como muros de contenção, quebra-mares, molhes, entre outras, representam estruturas inadequadas devido aos consequentes impactos por elas causados, principalmente no que diz respeito às mudanças na dinâmica das praias, e interferência no balanço natural de aporte de sedimentos. Além disso, a supressão da vegetação dos feixes de restinga, gerada por tais intervenções, produz a instabilidade e erosão dos cordões litorâneos, afetando também o equilíbrio natural da disposição de sedimentos no ambiente costeiro.
Áreas urbanizadas em zonas costeiras podem sofrer graves problemas em função de modificações nas taxas de aporte de sedimentos em certos trechos do litoral, principalmente relacionados ao balanço negativo, o que consequentemente acaba produzindo erosão costeira, uma vez que os cordões litorâneos atuam como proteção natural à zona litorânea.
Estudos em áreas de erosão ao longo do litoral brasileiro apontam que a intervenção humana nos processos costeiros, somada à urbanização da orla, caracterizam as causas centrais dos processos de erosão. A correlação entre erosão e urbanização indica que construções de edificações ou intervenções na interface da área de influência da dinâmica da praia, tendem a serem destruídas pela ação do mar em virtude dos fenômenos naturais envolvidos.
Efeitos da destruição gerada pela erosão costeira na orla de Salvador ao longo dos anos, em função de intervenções semelhantes às que estão sendo propostas para a orla de Stella Maris, Praia do Flamengo e Ipitanga. Fica claro que os fatores de dinâmica costeira envolvidos no ambiente litorâneo não foram considerados durante o planejamento dos projetos.
*Colaborou Alexandre Piza
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO Recomendo o exemplo da Paraíba:
https://novoblogdodimitri.blogspot.com/2021/04/me-deu-vontade-de-conhecer-paraiba.html
Relatório inconsistente e superficial, parece que busca mais alarmar que de fato apontar algum problema gerado pela obra em curso.
ResponderExcluirFale algo consistente e aprofundado então.
ExcluirColabore cobalto construtivo.