Se concordo
irrestritamente com a afirmação “O governo Bolsonaro tem sido um verdadeiro
desastre”, não consigo compactuar com boa parte da entrevista nestas páginas do
José Trindade, presidente da CONDER, órgão que teve por duas vezes sua extinção
anunciada, mas graças a quem manipula os mamulengos por trás das cortinas do
poder, continua sobrevivendo aos trancos e barrancos.
Para não
falar daquilo que não conheço, tentarei ficar no estreito quadrilátero do
bairro de Santo Antônio que, nos anos 90, escapou das betoneiras do ACM. Já
naquela época a Conder aprontava, apoiando-se em empresas que pouco ou nada
entendiam de restauração.
Antes do
carnaval de 2020, a dita iniciou obras no Santo Antônio, com término previsto para
julho do mesmo ano. Depois passou para outubro. Chegamos ao Natal de 2021 e a
obra, muito, muito mal executada, está longe de terminada. Para quem interessar,
tenho tudo documentado. Algum arquiteto da estatal tem qualificação acadêmica para
resolver os problemas específicos de construções datadas de cem, duzentos ou
trezentos anos? Não duvido: tenho a certeza que não existe um só com sombra de
competência. E arquiteto paisagista? Desde o playground do Lar Franciscano Santa
Isabel na Baixa dos Sapateiros até o ziguezague da ladeira do Boqueirão, a
indigência conceitual é constrangedora.
O problema é
que este patrimônio é público e as obras armengadas são pagas por todos nós,
contribuintes diretos ou indiretos, incluindo os favelados das encostas.
Quanto às
obras do prefeito anterior, concordo que várias foram feitas para maquiar
Salvador. O Farol da Barra é uma ofensa e o BRT da avenida ACM outra. Mas a
Cesar o que é de Cesar. Hoje temos uma piscina olímpica, um centro de
convenções, a Cidade da Música no magnífico casarão de azulejos perfeitamente
restaurado, a Casa de Jorge Amado, a Casa do Carnaval, o Elevador do Taboão, o
Espaço Pierre Verger no forte Santa Maria e o Espaço Carybé no forte São Diego.
Em breve um novo edifício para os arquivos municipais.
Enquanto
isso, cadê as intervenções do governo do Estado no Cine-Teatro Jandaia, no
Museu do Cacau, na Biblioteca Central? E o centro de convenções que nem sabem
onde será – e se será – construído? Teria muitas outras perguntas. Por exemplo,
sobre o fim da Bahiatursa, hoje motivo de inúmeras ações trabalhistas e ameaçando
até a Quinta do Tanque.
Mas para a
obra megalômana da ponte sobre a baía, o dinheiro corre que nem as cataratas de
Iguaçu. Só para o pré-projeto já foram enterrados cem milhões. E para quê? Para
ficarmos colonizados pelos chineses cuja ideologia social é altamente
questionável. E que não hesitam em impor um monotrilho na cidade baixa em vez
do VLT prometido.
Muito
cimento para meu saco.
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde. 24/12/2021
Concordo com vc em quase tudo. O arquitetura do centro de convenções não é praquele local...ali merecia algo leve com muitos coqueiros e árvores. O pq dos ventos arde em dias de sol.
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