sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

A CONDER NÃO É NENHUM PRESENTE DE NATAL

 

Apesar de quase dois anos de obras, todos os postes, toda fiação permanecem.


Se concordo irrestritamente com a afirmação “O governo Bolsonaro tem sido um verdadeiro desastre”, não consigo compactuar com boa parte da entrevista nestas páginas do José Trindade, presidente da CONDER, órgão que teve por duas vezes sua extinção anunciada, mas graças a quem manipula os mamulengos por trás das cortinas do poder, continua sobrevivendo aos trancos e barrancos.

Para não falar daquilo que não conheço, tentarei ficar no estreito quadrilátero do bairro de Santo Antônio que, nos anos 90, escapou das betoneiras do ACM. Já naquela época a Conder aprontava, apoiando-se em empresas que pouco ou nada entendiam de restauração.

Antes do carnaval de 2020, a dita iniciou obras no Santo Antônio, com término previsto para julho do mesmo ano. Depois passou para outubro. Chegamos ao Natal de 2021 e a obra, muito, muito mal executada, está longe de terminada. Para quem interessar, tenho tudo documentado. Algum arquiteto da estatal tem qualificação acadêmica para resolver os problemas específicos de construções datadas de cem, duzentos ou trezentos anos? Não duvido: tenho a certeza que não existe um só com sombra de competência. E arquiteto paisagista? Desde o playground do Lar Franciscano Santa Isabel na Baixa dos Sapateiros até o ziguezague da ladeira do Boqueirão, a indigência conceitual é constrangedora.

O problema é que este patrimônio é público e as obras armengadas são pagas por todos nós, contribuintes diretos ou indiretos, incluindo os favelados das encostas.

Quanto às obras do prefeito anterior, concordo que várias foram feitas para maquiar Salvador. O Farol da Barra é uma ofensa e o BRT da avenida ACM outra. Mas a Cesar o que é de Cesar. Hoje temos uma piscina olímpica, um centro de convenções, a Cidade da Música no magnífico casarão de azulejos perfeitamente restaurado, a Casa de Jorge Amado, a Casa do Carnaval, o Elevador do Taboão, o Espaço Pierre Verger no forte Santa Maria e o Espaço Carybé no forte São Diego. Em breve um novo edifício para os arquivos municipais.

Enquanto isso, cadê as intervenções do governo do Estado no Cine-Teatro Jandaia, no Museu do Cacau, na Biblioteca Central? E o centro de convenções que nem sabem onde será – e se será – construído? Teria muitas outras perguntas. Por exemplo, sobre o fim da Bahiatursa, hoje motivo de inúmeras ações trabalhistas e ameaçando até a Quinta do Tanque.

Mas para a obra megalômana da ponte sobre a baía, o dinheiro corre que nem as cataratas de Iguaçu. Só para o pré-projeto já foram enterrados cem milhões. E para quê? Para ficarmos colonizados pelos chineses cuja ideologia social é altamente questionável. E que não hesitam em impor um monotrilho na cidade baixa em vez do VLT prometido.

Muito cimento para meu saco.

Dimitri Ganzelevitch

A Tarde. 24/12/2021

Um comentário:

  1. Concordo com vc em quase tudo. O arquitetura do centro de convenções não é praquele local...ali merecia algo leve com muitos coqueiros e árvores. O pq dos ventos arde em dias de sol.

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