A versão original para piano, igualmente famosa, data de 1899, altura em que Ravel era aluno de Fauré. Foi escrita a pedido da já mencionada Princesa de Polignac (vide nota sobre Poulenc). Nela encontramos já o pensamento orquestral, com a parte do acompanhamento simulando os pizzicatos e a melodia a percorrer diversas tessituras que imitam diferentes registos orquestrais. Esta versão foi estreada pelo especialista da música francesa Ricardo Viñes, pianista catalão residente em Paris, em 1902. Ganhou imediata popularidade sendo editada em França e nos Estados Unidos. Apesar do enorme sucesso, Ravel só a orquestrou em 1910. Escolhendo uma “pequena orquestra”, com duas flautas, oboé, dois clarinetes, dois fagotes, duas trompas, harpa e cordas, o que com a excepção da harpa poderia ser uma formação clássica, o compositor quis manter a sonoridade perene associada à antiga dança. A esse respeito, devemos acrescentar que Ravel era um grande admirador da Música Antiga francesa, como comprovam obras como Minueto antigo, Minueto sobre o nome de Haydn, ou as obras incluídas neste programa: “Pavana” de Ma Mère l’Oye e O túmulo de Couperin. A versão orquestral foi estreada nos Concertos Hasselmans, no dia de Natal de 1911, sob a direcção de Alfredo Casella. No historial de anedotas sobre a peça, conta-se que Ravel terá dito, após ouvir uma versão que considerou muito lenta: “é uma Pavana para uma Infanta defunta e não umaPavana defunta para uma Infanta.” Rui Pereira
Ravel é maravilhoso.
ResponderExcluirEssa pavana é para uma defunta
ResponderExcluirinfanta, bem-amada, ungida e santa,
e que foi encerrada num profundo
sepulcro recoberto pelos ramos
de salgueiros silvestres para nunca
ser retirada desse leito estranho
em que repousa ouvindo essa pavana
recomeçada sempre sem descanso,
sem consolo, através dos desenganos,
dos reveses e obstáculos da vida,
das ventanias que se insurgem contra
a chama inapagada, a eterna chama
que anima esta defunta infanta ungida
e bem-amada e para sempre santa.
(Jorge de Lima)