UM FILME PARA NÃO PERDER!
Neste leitura livre da história bíblica, Lazzaro (Adriano Tardiolo) é um garoto pobre e pouco inteligente, mas extremamente bondoso. Ele é explorado pelos familiares, fazendo trabalhos forçados diariamente, além de colaborar com a marquesa, proprietária das terras onde vivem. No entanto, após uma tragédia, Lazzaro retorna à vida no século XXI. Ele não compreende mais a lógica deste mundo, mas pretende reencontrar a sua família e viver como antigamente.
Acho este resume bastante falho.
"Lazzaro felice" é um conto filosófico. Impossível não citar o clássico de Voltaire "Cândido ou o otimismo". Com a diferença que o herói de Voltaire é um narrador/observador. Lázzaro é um inocente que não tem qualquer segunda leitura dos eventos. Ele se deixa levar. Lembrei também da Gelsomina (La Strada, de Fellini). Mesma ingenuidade frente ás armadilhas de uma sociedade impiedosa. Claro que existe uma denúncia sócio-política na trama da narrativa. O peixe maior abocanha o peixe médio que devora o peixe miúdo. Mas na realidade - se realidade houver - trata-se do combate da Pureza contra o Mal, sendo que o final, muito pouco cristão, o Mal triunfa.
Reencontrei nesta obra toda a magia do neorrealismo italiano. Vittorio De Sica (Milagre em Milão) está bem perto. Uma pérola rara perdida nos enlatados da Netflix.
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