segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

SURPRESAS EM PORTO SEGURO

A imagem pode conter: ar livre   Nada me surpreendeu tanto, em Porto Seguro, do que aqueles dois rapazes que vi na beira do mar de Coroa Vermelha com apetrechos que me pareceram impróprios para o local. Portavam fones de ouvido e, numa das mãos, detector de metais (o mais barato custa R$ 360,00), e, na outra, uma espécie de colher-peneira de cabo longo. Creio ter visto também, em torno da cintura deles, cinto de utilidades. Fui informado que ganham a vida localizando metais valiosos – anéis, pulseiras, correntes de ouro, prata e assemelhados – que os banhistas perdem na beira ou que o mar devolve. Lamento, mas não os fotografei.
Visito Porto Seguro desde a década de 1970, quando o Hotel Vela Branca reinava solitário na vizinhança do centro antigo situado a cavaleiro do vasto mar. Estive na Cidade do Descobrimento várias vezes, a trabalho e a passeio, e nos últimos 20 anos a atração que a cidade exerce sobre nós aumentou por causa dos primos que passaram a residir lá. Assim, posso dizer que acompanho as mudanças dali há mais de 40 anos.
Dito isso. Permitam-me à surpresa que me causaram os dois garimpeiros de beira mar acrescentar algumas outras. 1. Agora, o uso emergencial de sanitário só é autorizado contra pagamento imediato. A taxa menor é de R$ 2,00. 2. Há, à semelhança da Passarela do Álcool, a nova Passarela Indígena, localizada na Coroa Vermelha, que se estende da beira do asfalto até o cruzeiro que marca o local da 1ª missa em abril de 1500. 3. Alguns produtos, identificados como artesanato da região, são fabricados na Ásia. 4. Há rede de supermercados, cujo empresário é de Santa Catarina, de admirável qualidade e variado sortimento. 5. Talvez o predomínio de turistas de renda média explique que os preços, de modo geral, não assustem. Há, em Porto Seguro, bons restaurantes a peso que oferecem comida de excelente qualidade. 6. A partir do cair da tarde, o trecho de 17 quilômetros entre Coroa Vermelha e Porto Seguro engarrafa; pela manhã, o engarrafamento é no sentido de Porto para Coroa. 7. Fiquei perplexo com a sentença proferida por guia turística ao pé de baiana de acarajé no centro antigo: “sair de Porto Seguro sem conhecer acarajé corresponde a ir ao Rio de Janeiro e não conhecer o Cristo Redentor”. Menos, companheira, até porque acarajé não tem nada a ver com o sul da Bahia, que sequer utilizada dendê na moqueca (a dita moqueca capixaba, que era o modelo utilizado, é feita com urucum).
Enfim, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália cresceram. Avançam para além de Trancoso, no Sul, e para além de Santo André, no Norte. Os pataxós cederam o que tinham e o que não tinham. Nada mais aconteceu após a lambada. O cinturão de barracas, cadeiras, mesas e sombreiros, aperta o banhista de tal maneira que ele não espreguiça mais na areia. Pois é!
Apesar dos pesares, eu voltarei lá.
Foto minha (Coroa Vermelha, 09jan2019) - coqueiro tombado na areia da praia.
Luis Guilherme Pontes Tavares

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