sábado, 31 de agosto de 2019
O RIO VERMELHO
O Rio Vermelho , bairro boêmio e um dos mais tradicionais de Salvador, está cheio de imóveis para vender, assim como a maioria dos bairros da orla de Salvador.
Mas, além da crise econômica, a comercialização ficou mais difícil por conta do aumento aleatório do valor venal dos imóveis pela prefeitura-assim que ACMNeto assumiu - com o objetivo de aumentar o IPTU.
Segundo os corretores, está difícil vender até abaixo do valor calculado pela prefeitura , por conta das altas taxas dos impostos relacionados à compra e venda e à escritura.
A crise na área está quase enlouquecendo os que vivem dela.
Casa com 8 Quartos à Venda, 480 m² por R$ 1.000.000
Mas, além da crise econômica, a comercialização ficou mais difícil por conta do aumento aleatório do valor venal dos imóveis pela prefeitura-assim que ACMNeto assumiu - com o objetivo de aumentar o IPTU.
Casa com 3 Quartos à Venda, 269 m² por R$ 1.250.000
Segundo os corretores, está difícil vender até abaixo do valor calculado pela prefeitura , por conta das altas taxas dos impostos relacionados à compra e venda e à escritura.
A crise na área está quase enlouquecendo os que vivem dela.
Aurora Vasconcelos
BREVIÁRIO DO PIRÔMANO SUICIDA
José Eduardo Agualusa
O imenso crime em curso na Amazônia, e a consequente degradação da imagem do presidente Jair Bolsonaro e do Brasil no mundo, eram eventos de tal forma previsíveis que até eu fui capaz de os prever, em crônica recente, publicada neste mesmo espaço. Está feito: Bolsonaro já é o grande vilão global do nosso tempo. Nem Donald Trump conseguiu alguma vez vaia tão forte e tão unânime.
Deve ser uma sensação estranha, para o presidente dos EUA, ser ultrapassado no desvario, e na ululante rejeição planetária, por um proto-ditador caipira sul-americano. Imagino o pobre Donald, abandonado na solidão oval do seu gabinete, a fulgurante melena desgrenhada, o beiço esticado, tentando perceber se isso pode ser encarado como uma vitória ou como uma derrota.
Animado por este pequeno acerto atrevo-me a ir mais longe. Vou agora prever o que ocorrerá ao longo das próximas semanas. Se acertar em cinco pontos ou mais isso não significa que me tornei vidente. Significa apenas que certos atos têm consequências não apenas previsíveis, mas inevitáveis.
1. Aumentarão as denúncias de instituições brasileiras e internacionais sobre o envolvimento de grandes proprietários rurais no recente ataque à floresta.
2. Os países escandinavos, todos eles criptocomunistas, como sabe qualquer discípulo do grande filósofo Olavo de Carvalho, anunciarão boicotes à soja, couros, carne e outros produtos provenientes de áreas roubadas à floresta. Anunciarão ao mesmo tempo o apoio direto a movimentos ecologistas e de defesa dos povos indígenas.
3. Os restantes governos europeus, pressionados pelas ruas — pois as manifestações contra a destruição da Amazônia continuarão a multiplicar-se —, começarão a estudar medidas semelhantes.
4. Em outubro, Raoni Metuktire ganhará o Prêmio Nobel da Paz. Interrogado a respeito pelos jornalistas, Jair Bolsonaro perguntará: “E quem é esse Raoni, porra?!”
5. Por essa altura, a bancada ruralista, em absoluto desespero, já estará defendendo abertamente a destituição de Jair Bolsonaro.
6. Se Bolsonaro não cair, entretanto, a bancada ruralista terminará propondo o derrube em bloco do atual governo e a convocação de novas eleições.
7. Eleitores de Bolsonaro em viagem para Paris ou Lisboa vestirão camisetas “Lula Livre”, se não quiserem ser hostilizados pelas multidões de descontentes com as responsabilidades do atual governo brasileiro na destruição da Amazônia.
8. A China proporá comprar, por metade do preço, os produtos brasileiros que a Europa recusa. Na eventualidade de Donald Trump não conseguir ser reeleito, restará a Jair Bolsonaro aliar-se ao último grande país comunista do mundo. Quando interrogado a respeito dessa bizarra aliança, o presidente brasileiro encolherá os ombros: “O comunismo funciona muito bem na China porque lá eles são chineses, tá ok? Você é chinês? Não? Então cala a boca!”
9. Brigitte continuará casada com Emmanuel Macron, e Michelle continuará casada com Jair. Coitada da Michelle.
10. A Amazônia continuará a arder — e a imagem do Brasil também.
UM MOMENTO MÁGICO
Mergulho multimídia no mar de Júlio Verne
Grupo italiano Teatro Potlach leva o fundo do mar para o palco do Ouro Verde no encerramento da programação do FILO 50+1
Cenários digitais, atores mergulhados num mundo fantástico, uma viagem rumo ao desconhecido, à tecnologia como companheira de cena e às emoções como matéria-prima de experimentos. Tudo isso no espetáculo “Vinte Mil Léguas Submarinas”, do grupo italiano Teatro Potlach, que encerra a programação do Festival Internacional de Londrina com a última apresentação no domingo (1/9). Serão três sessões: sábado, às 20h30, e domingo, às 16h e 20h30.
Pino Di Buduo tinha pouco mais de 16 anos quando leu pela primeira vez “Vinte Mil Léguas Submarinas”, clássico da literatura universal escrito por Júlio Verne há mais de dois séculos. Uma obra visionária para a época. Di Buduo encontrou inspiração para a sua versão do livro que o encantara na adolescência, transcrevendo para o palco as visões de menino diante de outro desconhecido: a tecnologia.
“Vinte Mil Léguas Submarinas” estreou no começo dessa década. Assim como Verne – que imaginou uma máquina capaz de levar tripulantes para o fundo do mar – Pino Di Buduo imaginou como faria o espectador mergulhar nas aventuras de Nemo e Aronax, como iria recriar aquele universo marinho diante da plateia. É aí que as projeções entram como parte da estrutura dramatúrgica do espetáculo.
Além do aspecto fantástico, a montagem ainda aborda questões ambientais, temas ligados à ecologia e problemáticas existenciais importantes do ponto de vista social. “O espetáculo fala de defender a natureza mas não apenas a sua beleza. O Capitão Nemo decide fazer isso até com a violência”, conta Di Buduo. “A arte pode ajudar as pessoas a se sensibilizarem sobre essas questões”, completa.
Esses temas urgentes se potencializam no trabalho interdisciplinar do grupo, entre teatro, música, cenografia digital e videoarte. O resultado no palco é uma simbiose entre as ações dos atores e os componentes interativos proporcionados pelas novas tecnologias.
O Teatro Potlach é famoso pelos métodos de pesquisa e experimentação teatral. Com sede em Fara in Sabina, na província de Rietti, a 30 minutos de Roma, o grupo se apresenta em festivais por todo o mundo e usa essa oportunidade como motor para os espetáculos. “A curiosidade, a vontade de descobrir novos mundos e culturas nos da energia”, afirma o diretor.
O FILO 2019 é uma realização da Universidade Estadual de Londrina, Palipalan Arte e Cultura, Secretaria Especial da Cultura e Ministério da Cidadania, com patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura, Copel, Governo do Estado do Paraná e Bratac, apoio do Sicredi, Midiograf, Viação Garcia, Unimed, Sesi Cultura, Crillon Palace Hotel, La Comédie, Núcleo dos Festivais Internacionais das Artes Cênicas do Brasil, Editora Cobogó, Ciranda, Bella Vista, Rádio UEL FM e apoio institucional da Prefeitura de Londrina – Secretaria Municipal de Cultura e Associação Médica de Londrina.
FICHA TÉCNICA
Direção: Pino Di Buduo
Com: Daniela Regnoli, Nathalie Mentha, Marcus Acauan , Giovanni Di Lonardo, Gabriel Delfino Marques
Técnica de Som e Imagens: Zsofia Gulyas
Cenografia e Iluminação: Luca Ruzza
Cenografia digital: Aesop Studio e Mopstudio
Maquiagem e Figurinos: Laura Colombo
Assistente de Direção: Zsofia Gulyas
Com: Daniela Regnoli, Nathalie Mentha, Marcus Acauan , Giovanni Di Lonardo, Gabriel Delfino Marques
Técnica de Som e Imagens: Zsofia Gulyas
Cenografia e Iluminação: Luca Ruzza
Cenografia digital: Aesop Studio e Mopstudio
Maquiagem e Figurinos: Laura Colombo
Assistente de Direção: Zsofia Gulyas
Classificação etária: Livre
Duração: 60 min
UM PRESIDENTE INCORRUPTO?
Escândalo de Itaipu extrapola o Paraguai e ronda PSL e os Bolsonaro
Autoridades paraguaias pressionaram a agência local de energia em nome dos interesses da ‘família presidencial do país vizinho’
Como parte das tratativas iniciadas em março, Abdo Benítez assinou às escuras um acordo que praticamente cede a soberania energética do Paraguai ao Brasil. A utilização da energia do lado de lá da margem segue o roteiro de um acordo firmado nos anos 70 do século passado e atualizado ao longo das décadas. O Tratado de Itaipu estabelece que cada país tem direito a 50% da energia produzida na hidrelétrica. Como os paraguaios utilizam muito menos do que têm por direito, vendem os megawatts livres ao Brasil a preço de custo, acrescido de uma tarifa de compensação. Sob esse roteiro, o País é o comprador prioritário da energia que sobra do lado de lá. Uma forma de compensar as perdas que o Paraguai enfrentou pela inundação de seu território.
O novo acordo secreto estabelecia, porém, que o Brasil pagaria menos pela energia excedente paraguaia, impondo ao país vizinho um prejuízo calculado em 200 milhões de dólares. Quando o acerto por baixo dos panos veio à tona, cinco integrantes do governo vizinho foram obrigados a renunciar, entre eles o ministro das Relações Exteriores e o presidente paraguaio de Itaipu.
O trato foi firmado em 24 de maio, e permaneceu em segredo até a queda de Pedro Ferreira, presidente da Administración Nacional de Electricidad (Ande), a agência estatal paraguaia que administra a energia de Itaipu. O executivo admitiu ter deixado o cargo por não aceitar a pressão de Brasília para assinar um acordo contrário aos interesses do país. Documentos obtidos pela jornalista Mabel Rehnfeldt, do jornal ABC Color, mostram que o Brasil trabalhou ativamente pela aprovação do tratado. Duas semanas depois do encontro entre Abdo e Bolsonaro, houve um convite para iniciar as tratativas. Em abril, o Brasil enviou ao país uma delegação com vários especialistas em energia. Do lado paraguaio, o grupo era composto basicamente de funcionários das embaixadas. O Brasil escolheu as datas, os itens a serem negociados, redigiu a proposta da ata e teria até conseguido a assinatura do contrato regulatório, caso os paraguaios não tivessem “esquecido” a necessidade do aval da Ande para a continuidade da negociação. A mídia do Paraguai relata os fatos com uma franqueza pouco comum em terras brasileiras. O trato é chamado, com todas as letras, de acordo entreguista. Sob o risco crescente de um impeachment, o Paraguai sustou o acerto na quinta-feira 1º de agosto e o Brasil aceitou o recuo prontamente, no dia seguinte, sob o mais profundo silêncio das autoridades. O rompimento das cláusulas, aliado a um acordo com a base oposicionista do Partido Colorado, garantiu a Abdo Benítez uma sobrevida. Não se sabe até quando, pois os protestos populares continuam.
Autoridades do Paraguai pressionaram a agência local de energia em nome dos interesses da “família presidencial do país vizinho”
Do lado de cá do Rio Paraná, o refluxo no acordo serve para ofuscar o envolvimento dos Bolsonaro e do PSL, partido do ex-capitão, no episódio. O sobrenome presidencial entrou no escândalo pela voz de um assessor do vice-presidente paraguaio, Hugo Velázquez, um jovem advogado chamado José Rodríguez. Em meio às tratativas, Rodríguez entrou em contato com dirigentes da Ande para pressionar pela retirada de um item específico do acordo. Apresentava seu pleito como um reflexo do desejo da “‘família presidencial’ do país vizinho”. Seu interlocutor era o empresário Alexandre Giordano, lobista apontado como representante de uma empresa brasileira chamada Léros Energia. Ele é o primeiro suplente de Major Olímpio, líder do PSL no Senado e parlamentar mais votado do estado de São Paulo.
O estopim da crise reside no item 6 da ata, que dava à Ande permissão para negociar a eletricidade excedente de Itaipu por conta própria, extinguindo a necessidade de intermediários. Sem essa cláusula, abria-se caminho para um contrato de exclusividade. E o item acabou mesmo revogado. A comercialização da energia paraguaia da Itaipu Binacional no mercado brasileiro de eletricidade é um negócio multimilionário. Chama atenção, portanto, que uma única empresa tenha protagonizado as negociações. Suspeita-se que a Léros quisesse monopolizar a revenda de 300 megawatts de energia excedente do Paraguai. Em proposta formal feita pela empresa à Ande no dia 27 de julho, a Léros ofereceu 31,50 dólares por kilowatts/hora de energia excedente de Itaipu. A comercializadora sugeriu dividir com a estatal paraguaia o lucro obtido em caso de revenda acima de 35 dólares por kilowatt.
A relação entre Giordano e Olímpio é antiga. Os dois conheceram-se na Zona Norte de São Paulo, reduto eleitoral do policial militar convertido em político graças à retórica “bandido bom é bandido morto”. Em maio de 2017, foram clicados lado a lado para uma reportagem do jornal Guarulhos Hoje a respeito da liberação de emendas para a área de saúde na cidade. O empresário filiou-se ao PSL em 6 abril de 2018, quatro dias depois da adesão do Major Olímpio à legenda. Antes, militava nas hostes do PSDB. Até o mês passado, às vésperas de eclodir o escândalo do Paraguai, a sede do diretório paulista do partido funcionava no mesmo prédio em que ficavam sediadas as empresas de Giordano. O empresário cedeu a sala ao partido na época em que o ex-PM assumiu a direção do PSL. Olímpio comandou a seção paulista da legenda até abril deste ano, quando renunciou ao cargo e foi sucedido por Eduardo Bolsonaro.
A relação de Giordano com o poder também não é nova. Em 2008, a empresa Lobel, da qual é sócio, ganhou da prefeitura de Juazeiro do Norte, no Ceará, um terreno de 9.465 metros quadrados para instalar uma indústria de artefatos de joalheria e ourivesaria. O prefeito à época era Raimundo Macedo, filiado ao MDB.
Fontes do PSL descrevem Giordano como “grande financiador” da eleição de Olímpio. “Ele era assíduo na campanha”, descreve um funcionário do partido ouvido sob anonimato. No Tribunal Superior Eleitoral não consta, porém, nenhuma doação oficial do suplente ao titular. O principal doador individual de Olímpio é o empresário João de Favari, dono de uma fábrica de produtos de limpeza localizada na Zona Norte de São Paulo. A CartaCapital, Favari confirmou a proximidade com o senador e seu suplente. Conhece o major há quase duas décadas. A amizade com Giordano é mais recente. “Há uns quatro, cinco anos”, diz. Essa foi a primeira vez que o empresário colaborou com a campanha de Olímpio. Desembolsou 55 mil reais. Apesar de se declarar filiado ao PSDB, o apoio ao ex-major foi sua única doação nas eleições de 2018.
Giordano não atendeu aos pedidos de entrevista. A secretária do empresário informou que ele estava em viagem, mas desconversou diante da pergunta sobre seu paradeiro e se ele estava no país vizinho. Em nota, o suplente confirmou, no entanto, que esteve duas vezes no Paraguai, na condição de empresário, para tratar da comercialização da energia de Itaipu. Mas negou ter se apresentado como suplente de senador ou como político. O Major Olímpio corrobora essa versão. “Ele me disse, e eu acredito, que jamais se intitulou senador em reunião, muito menos disse falar em nome da família Bolsonaro. Até porque isso seria um completo absurdo, muito fácil de ser checado“, afirmou o parlamentar a CartaCapital.
Os depoimentos de executivos envolvidos contrariam essa afirmação. Em entrevista ao canal Telefuturo, Pedro Ferreira, ex-presidente da Ande, disse que o nome da família Bolsonaro foi citado várias vezes durante reuniões com representantes da Léros. O chanceler Luiz Castiglioni afirmou ter certeza de que houve uma “negociação paralela” sobre a venda de energia para a empresa brasileira. Também procurados, a Léros Energia e o executivo Kleber Ferreira, diretor da empresa, não responderam aos pedidos de entrevista.
Os depoimentos de executivos envolvidos contrariam essa afirmação. Em entrevista ao canal Telefuturo, Pedro Ferreira, ex-presidente da Ande, disse que o nome da família Bolsonaro foi citado várias vezes durante reuniões com representantes da Léros. O chanceler Luiz Castiglioni afirmou ter certeza de que houve uma “negociação paralela” sobre a venda de energia para a empresa brasileira. Também procurados, a Léros Energia e o executivo Kleber Ferreira, diretor da empresa, não responderam aos pedidos de entrevista.
Não é de hoje que o Paraguai vive subjugado pelos interesses dos vizinhos grandalhões. Quando caiu Fernando Lugo, em 2012, o país passou um ano fora do Mercosul por ferir a “cláusula democrática” do mercado comum. A dependência agrava-se no caso do Brasil, principal parceiro comercial. O Brasil mantém ainda o segundo maior estoque de investimentos diretos naquele país, estimado em cerca de 1 bilhão de dólares. Em 2018, o intercâmbio comercial foi de 4,1 bilhões de dólares, aumento de 8,6% em relação a 2017. Desde que Jair Bolsonaro foi eleito, a relação entre os dois países ganhou contornos mais voluntaristas. Dias antes do resultado das eleições, Bolsonaro procurou Abdo, a quem chama de “Marito”, para manifestar o desejo de afinar as relações entre ambos. Os filhos dos dois se frequentam, como mostram postagens de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais. No dia 23 de julho, o ministro Sérgio Moro revogou o status de refugiado de três paraguaios acusados de integrar um movimento armado de esquerda.
Alexandre Giordano, lobista da Léros Energia, é apontado como “grande financiador” da campanha do Major Olímpio, líder do PSL no Senado
Filho de um dos homens mais poderosos do regime militar, Abdo Benítez venceu as eleições pela margem mais estreita em eleições locais desde 1993. Pesquisas apontam uma rejeição atual de quase 80%, e ele só se mantém no cargo porque a ala oposicionista do Partido Colorado, liderado pelo ex-presidente Horacio Cartes, mudou de ideia em relação ao impeachment. “A união forçada de seu partido ao Colorado e o apoio de Horacio Cartes estão salvando seu governo”, explica a jornalista Estela Ruiz Díaz, do jornal Ultima Hora.
Acuado pelas revelações do caso Itaipu, Benítez agora diz que se deixou levar pelos argumentos da chancelaria paraguaia. Mas mensagens vazadas mostram que ele sabia do acordo e pressionava a Ande a agilizar as tratativas. Em conversa com o presidente da agência estatal na semana anterior à reunião com Bolsonaro, Benítez cobrou pressa
“Temos que mover a economia. Itaipu é uma ferramenta. Não se pode ganhar tudo em uma negociação.” A sensação, segundo a jornalista, é de que o presidente perdeu a moral para negociar a revisão do acordo binacional, que vence em 2023, com um presidente que o livrou de perder o cargo. Ela aposta, porém, que a história vai acabar em pizza. “No Paraguai, a maioria dos casos de corrupção é diluída. Tudo vai depender da decisão política. Com o Partido Colorado unido, não há possibilidade de chegar ao fundo da questão”, completa.
Pouco antes de morrer, o economista paraguaio Gustavo Codas publicou um extenso artigo sobre o caso de Itaipu. Codas, que presidiu o lado paraguaio da empresa e teve papel central na negociação entre Lugo e Lula, explica que aquele acordo era acompanhado de uma cláusula que permitia à Ande vender energia diretamente ao mercado brasileiro. Reivindicação antiga do país, que esperava lucrar com os preços de mercado. As novas regras abriram caminho para as chamadas “piranhas” no mercado energético privado brasileiro, pequenas empresas que batalham para entrar no mercado de revenda e lucrar com a oscilação dos preços. Foi a primeira vez, porém, que as piranhas atuaram diretamente na negociação.
A oposição convocou o chanceler Ernesto Araújo e o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Costa Lima, para prestarem esclarecimentos na Câmara dos Deputados
Bolsonaro esperava abafar o caso rapidamente, mas não será tão fácil. Na terça-feira 13, a Câmara dos Deputados aprovou as convocações do chanceler Ernesto Araújo e do ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Costa Lima Leite, para prestarem esclarecimentos. Também foi convidado o general Silva e Luna, presidente da porção brasileira de Itaipu. A oposição tenta conseguir documentos para justificar a abertura de uma CPI. Os deputados querem saber, entre outros temas, se existe alguma relação entre a Léros, o governo paraguaio e a “família presidencial” brasileira. “Mexer com essa história atrapalha a votação do Eduardo Bolsonaro para a embaixada”, avalia o deputado Carlos Zarattini, autor dos pedidos. No Paraguai, os procuradores analisam todas as mensagens virtuais trocadas entre Abdo Benítez e Pedro Ferreira. E já foram ouvidos os principais envolvidos no caso.
Do lado de cá, ainda é cedo para saber se a entrada do nome dos Bolsonaro no favorecimento à Léros é fruto de interesses subterrâneos ou de mera bravata de negociadores espertalhões. Só uma investigação séria conseguirá esclarecer os pontos obscuros dessa história.
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
RECORD DE BILHETERIA COM SALAS VAZIAS
"Filme sobre Edir Macedo bate recorde de bilheteria com salas vazias"
"Cena do filme ‘Nada a Perder’: Petrônio Gontijo interpreta Edir Macedo| Foto: Divulgação
'Nada a Perder 2' estreou na quinta-feira, 15, em salas de todo o Brasil. Só na Grande São Paulo são 145 salas, mas menos do que as 167 da primeira parte. 'Nada a Perder' protagonizou o que não deixa de ter sido um escândalo. Converteu-se na maior bilheteria do cinema brasileiro com 12 milhões de ingressos vendidos. De acordo com a Filme B, que monitora o mercado de cinema no Brasil, a continuação segue o mesmo caminho: desde quinta-feira, já arrecadou mais de R$ 15 milhões.
Lotações esgotadas, salas vazias. Na época, a reportagem visitou várias salas e ouviu sempre a mesma história dos espectadores. Raros admitiam haver comprado ingressos. A maioria dizia que os havia recebido nos próprios templos da Igreja Universal. Só que, mesmo com ingressos garantidos, muito menos que os tais 12 milhões fizeram o esforço de ir às salas.
"Na quinta-feira à noite, quando o repórter foi ao PlayArte Marabá, no centro de São Paulo, havia pouca gente na sala. No sábado à tarde, quando voltou, havia muito menos — quatro espectadores, incluindo ele. E, desta vez, a lotação não estava teoricamente esgotada. Foram os únicos ingressos vendidos para a sessão.
Alexandre Avancini, que dirige 'Nada a Perder 2' — também dirigiu o 1º e fez a redução de Os Dez Mandamentos de novela para filme — deve ter lido seu Joseph Campbell. A trajetória do herói, o arco dramático. Edir Macedo segue como herói quixotesco, enfrentando moinhos. Igreja (Católica), políticos, magistrados, todos se unem contra ele.
Mas o 'herói', com sua 'crença' inabalável em Deus, a todos enfrenta (e vence). O chute na santa, episódio visceral na cruzada anti-Edir, é extensamente lembrado, mas não mostrado.
A ficção incorpora trechos documentais, do bispo e sua família, de auxiliares. O filme manipula? Com certeza. É chapa-branca. Toda a tentativa de destruir o bispo e sua reputação é obra do Grande Satã, para usar a linguagem do aiatolá Khomeini contra os EUA, no auge da crise com o Irã. O Satã, vários vezes citado, nunca nominalmente, é a emissora concorrente (da Record). 'Nada a Perder 2' não é um filme inocente, sobre um herói glorificado, e maior que a vida. Tudo ali tem um objetivo, o fortalecimento de uma ideia, um conceito.
O primeiro 'Nada a Perder' arrecadou mais de R$ 100 milhões em bilheteria, também com salas vazias."
NÃO ESTÁ MORTO!
Revista Veja descobre o paradeiro de Queiroz: Ele está em São Paulo
Reportagem de Daniel Pereira, Adriana Dias Lopes e Fernando Molica na Veja.
Por volta das 17h50 do último dia 26, o desaparecido mais famoso do Brasil passou, sem chamar atenção de ninguém, pela porta e se encaminhou para a recepção do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ali são oferecidos consultas e serviços como quimioterapia e radioterapia. De boné preto e óculos de grau, o paciente chegou sem seguranças nem familiares o acompanhando — e ficou sozinho por lá. Antes do compromisso agendado, fez hora na lanchonete e tomou café tranquilamente, sem ser importunado por ninguém. Cerca de uma hora depois, Fabrício Queiroz, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, sumido desde janeiro, deixou o local. Ao longo dos últimos três meses, VEJA seguiu pistas e entrevistou dezenas de pessoas para identificar seu paradeiro. Conforme mostram as fotos desta reportagem, achamos finalmente o desaparecido mais famoso do país.
Queiroz hoje reside no Morumbi, o mesmo bairro da Zona Sul de São Paulo onde se encontra o Einstein. A proximidade facilita os deslocamentos até o hospital, normalmente feitos de táxi ou Uber. Queiroz, que raramente sai de casa, luta contra o mesmo câncer no intestino que o levou para a mesa de cirurgia no fim do ano passado, pouco antes do estouro do escândalo da movimentação suspeita de 1,2 milhão de reais (600 000 entrando e 600 000 saindo) em sua conta na época em que trabalhava para Flávio Bolsonaro. Sua última aparição pública foi justamente no Einstein. Em 12 de janeiro, ele postou um vídeo na internet em que surgia dançando no hospital durante a recuperação de uma cirurgia. Segundo uma pessoa próxima, a operação não resolveu o problema do tumor. Um possível agravante é o de que Queiroz teria se descuidado por um tempo, para dar prioridade nos últimos meses ao esforço de se manter longe dos holofotes. As “férias” forçadas do tratamento cobraram um preço: há sinais de que a doença continua ameaçando perigosamente seu organismo. Um de seus amigos, o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), trocou mensagens com Queiroz há alguns meses. “Ele escreveu que ainda estava baqueado”, conta. No aspecto físico, Queiroz não aparenta seu delicado estado de saúde. Está apenas ligeiramente mais magro do que no ano passado.
Na movimentada seara de escândalos nacionais, Queiroz surgiu como um cometa e sumiu do espaço sem deixar vestígios. A aparição espetacular, como se sabe, ocorreu no fim de 2018, a partir do momento em que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou em sua conta a dinheirama suspeita. A tese do Ministério Público é a de que ela é fruto de um sistema de coleta e de repasse de dinheiro de funcionários do gabinete do senador Flávio Bolsonaro, quando o Zero Um era deputado estadual no Rio de Janeiro. O órgão identificou também emissão de cheques de Queiroz no total de 24 000 reais para a conta da então futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. O enrolado Queiroz enrolou-se ainda mais nas explicações. Mencionou em um primeiro momento lucros de vendas de carros usados e, depois, disse que recolhia parte dos salários dos funcionários do gabinete a fim de contratar mais gente para a equipe do chefe, sem conhecimento do próprio. No caso de Michelle, os depósitos seriam para quitar um empréstimo pessoal concedido a ele por Jair Bolsonaro. Em público, o clã Bolsonaro procurou se distanciar do ex-policial, incluindo o presidente, amigão de Queiroz desde o início dos anos 80, quando se conheceram no serviço militar da Brigada de Infantaria Paraquedista, no Rio. Tal distanciamento, no entanto, está mais no terreno da retórica. Foi do entorno de Bolsonaro a ideia de levar Queiroz para uma entrevista no SBT, no dia 26 de dezembro, para falar sobre o relatório do Coaf e tentar explicar a origem do dinheiro. Não convenceu ninguém, e o presidente, em sintonia com essa percepção, chamou de “roleiro”, em manifestação pública, o velho amigo de pescarias, churrascos e serviços prestados à família. As
perguntas foram inevitáveis: Queiroz fazia as transações com ou sem a anuência do filho do presidente? Quais os nomes desses contratados? Não houve respostas. Pressionado, o ex-assessor decidiu sumir do mapa.
perguntas foram inevitáveis: Queiroz fazia as transações com ou sem a anuência do filho do presidente? Quais os nomes desses contratados? Não houve respostas. Pressionado, o ex-assessor decidiu sumir do mapa.
O desaparecimento nos últimos meses fez da pergunta “Cadê o Queiroz?” um bordão popular nas redes sociais e entre políticos da oposição sempre que querem cutucar o presidente. “Cabe a ele explicar. Eu também quero saber onde está o Queiroz”, diz Flávio Bolsonaro, ao ser perguntado sobre o tema. Bolsonaro, o pai, sempre entoou a mesma cantilena, terceirizando a responsabilidade dos problemas ao parceiro de longa data. Segundo um dos boatos surgidos para explicar o desaparecimento, Queiroz estaria escondido, fugindo de ameaças de morte para não abrir a boca. Em outra hipótese, neste caso, na direção contrária, teria sumido para escapar do assédio de pessoas interessadas em depoimentos capazes de incriminar os Bolsonaro. Ganharia em troca o fim das encrencas que enfrenta na Justiça e segurança para sua família.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
Para se tratar no Albert Eisntein, é evidente que o ex-policial militar não tem problema de grana. De onde vem?
Para se tratar no Albert Eisntein, é evidente que o ex-policial militar não tem problema de grana. De onde vem?
VINTE E UM BILHÕES
TCU ESTIMA EM 21 BILHÕES TOTAL DESVIADO DO BNDES EM OBRAS NO EXTERIOR
SALVARBrasil
Por Claudio Dantas
No voto aprovado há pouco pelo plenário do TCU, o ministro Augusto Sherman ressalta que até agora as auditorias identificaram um rombo de R$ 12 bilhões nos financiamentos de obras em países amigos do PT.
Mas esse valor pode chegar a R$ 21 bilhões, caso se mantenha em 50% a média de recursos desviados em cada empreendimento.
“As informações relativas ao conjunto de financiamentos à exportação de serviços de engenharia demonstram que esse estado de coisas se repetiu independentemente do tipo de obra, dos países ou de empresas envolvidas”, ressalta Sherman.
Além de rodovias, como publicamos há pouco, o tribunal já concluiu as auditorias sobre financiamentos do BNDES à exportação de serviços para obras de geração e transmissão de energia elétrica, obras de infraestrutura urbana e obras de portos e estaleiros.
Em todas, o desvio médio também foi de 50% dos recursos desembolsados.
“Extrapolando-se esse percentual para o montante total de operações contratadas, o desvio de finalidade pode ter atingido o montante de R$ 21 bilhões”, escreve o ministro-relator. Segundo ele, “as falhas e irregularidades observadas ocorreram durante 10 anos, reiteradamente”.
TESTAMENTO VITAL
Com o envelhecimento da população brasileira e os avanços
tecnológicos da Medicina, aumentaram em progressão geométrica os casos de
pacientes terminais internados nas Unidades de Terapias Intensivas- UTI, sendo
submetidos a tratamentos e recursos, muitas vezes dolorosos, capazes de prolongar,
por muito tempo, a vida dos pacientes em coma, o que pode causar seu sofrimento
diante desta “ obstinação terapêutica”.
Nesta hipótese, seria importante que o cidadão pudesse
preservar a sua autonomia e dignidade, procurando seu advogado e estipulando em
um “Testamento Vital” as suas “ Diretivas Antecipadas de Vontade” , para serem
seguidas pelos médicos e hospitais que o atendesse , quando não mais fosse
capaz de se comunicar e tomar decisões, como nas doenças terminais, demência
avançada ou estado vegetativo persistente no coma.
Efetivamente, esse testamento vital não é eutanásia. Muito ao
contrário, visa preservar seus direitos de escolher como ser tratado nos seus
últimos dias de vida, em face de um diagnóstico médico que comprove uma doença
incurável.
Importante destacar é que o paciente, para fazer seu
testamento vital, seja maior de 18 anos e apresente discernimento para
manifestar a sua vontade, ou seja, mesmo que doente terminal ainda mantenha
toda a sua capacidade mental preservada.
O objetivo desse documento é garantir ao paciente sua
qualidade de vida e dignidade até o final da vida, buscando-se o menor
sofrimento possível. Assim por exemplo, ele poderia se recusar a ser submetido
a certos procedimentos médicos invasivos, tais como a ventilação mecânica,
traqueostomia, hemodiálise, ressuscitação cardiopulmonar , cirurgias sem potencial curativo, oxigenação extracorpórea,
etc.
Este direito de ter
uma boa morte sempre teve, em todas as épocas, seus defensores, inclusive desde a Resolução nº
1805, de 2006, do Conselho Federal de Medicina, que estabelece no seu artigo 1º
: “ é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que
prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável,
respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal”. Na verdade, já
seria uma normatização da ortotanásia, mesmo que em nível infra-constitucional,
mas que demonstra esta tendência nos meios médicos.
Entre os motivos que nortearam a referida resolução, está a
constatação dos médicos de que a morte de pacientes graves dificilmente se faz
na companhia da família ou mesmo em casa. Geralmente ela ocorre em hospitais e UTIs ,
onde o natural ato de morrer é adiado e dificultado pelos inúmeros avanços da
tecnomedicina , apenas prolongando a agonia do paciente terminal, ou seja, uma
morte dolorosa e sofrida conhecida como distanásia. Vale ser lembrado o exemplo
do papa João Paulo II, que em sua Encíclica Evangelium Vitae, de 1995, defendia
a renúncia a tratamentos extraordinários e desproporcionais, que levariam a um
prolongamento precário e penoso da vida. Ele se recusou a ser levado a um
hospital nos seus instantes finais , preferindo permanecer em sua morada no
Vaticano.
Outra Resolução do CFM, de n° 1995/2012, obriga que o “
médico registrará , no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade que lhes
forem diretamente comunicadas pelo paciente”, ou seja, respeita sua autonomia
em dispor no Testamento Vital como deseja ser tratado, inclusive outorgando um
mandato duradouro a procurador de sua confiança, que possa falar em seu nome e
honrar seu testamento vital.
O paciente, hoje chamado terminal, morre cercado de toda a
parafernália da medicina contemporânea, mas longe do carinho e conforto de parentes
e amigos. Entretanto, a tendência atual é de se resgatar a visão humanista da
Medicina, com a adoção desse Testamento Vital.
Sérgio
Nogueira Reis, Advogado.
Presidente da Sociedade Brasileira de Bioética- Regional Bahia.
(sergio@nogueirareis.com.br)
AÇAÍ MUITO MELHOR QUE O BOI
Técnica aumenta produção do açaí em até cinco vezes
Açaizal bem-manejado garante mais renda para o produtor e preserva a diversidade da floresta. O duplo benefício é obtido quando se aplica a técnica conhecida como Manejo de mínimo impacto de açaizais nativos, desenvolvida pela Embrapa a partir do saber local e aplicada por produtores das florestas de várzeas do estuário amazônico (Amapá e Pará). Por meio da técnica, agricultores são capazes de passar de um patamar de produção de 20 a 30 sacas em média por hectare para até 100 sacas. O impacto positivo mais relevante dessa tecnologia talvez não seja este, mas a geração de emprego local. O manejo ocupa a força de trabalho familiar e, em alguns casos, a contratação de mão de obra disponível na própria comunidade, a fim de atender a demanda de aumento da produtividade do açaizal.
O manejo de mínimo impacto foi desenvolvido com base em levantamentos realizados por pesquisadores em açaizais nativos manejados pelos produtores e em experimentos e módulos de manejo estabelecidos em diversos tipos de açaizais. É utilizado desde 2002 por produtores de açaí do estuário amazônico.
Desenvolvida a partir do conhecimento dos extrativistas e da equipe técnica da Embrapa Amapá, a tecnologia é baseada no princípio da combinação adequada de açaizeiros e outras espécies florestais. "Uma boa distribuição das árvores no açaizal garante uma boa produção de frutos, melhora a qualidade e o rendimento de polpa e reduz o trabalho de limpeza do açaizal", afirma o pesquisador da Embrapa, Silas Mochiutti, doutor em Ciências Florestais.
De acordo com uma avaliação da Embrapa sobre os impactos decorrentes do uso dessa tecnologia, enquanto os açaizais não manejados rendem uma produção anual média de 20 a 30 sacas de quatro rasas de açaí/hectare (cerca de 52 quilos), nas áreas onde são adotadas a tecnologia de mínimo impacto, esse número sobe para uma produção anual de 70 a 100 sacas com características iguais. O mesmo estudo mostrou que, no indicador da oportunidade de emprego local qualificado, o impacto positivo atingiu a escala de 7,5 na tabela da metodologia Sistema de Avaliação de Impacto da Inovação Tecnológica (Ambitec). "Devido ao aumento da produtividade, a tecnologia ao longo do tempo produziu mais renda no estabelecimento. O resultado imediato foi a ampliação de ocupação da força de trabalho familiar e a renda obtida já é capaz de satisfazer o projeto de vida de outros membros da família", destacam os analistas Joffre Kouri e Walter Paixão, autores do trabalho.
Maior renda ao produtor
Foi constatado ainda que a adoção do manejo de mínimo impacto provocou mudanças na renda do produtor. Foram analisados três indicadores: geração de renda, diversidade de fontes de renda e valor da propriedade. A inovação tecnológica trouxe melhorias na renda do produtor, com aumento na segurança e montante recebido. Os coeficientes de impacto desses indicadores foram iguais a 10,4, 3,6 e 4,3 , respectivamente, segundo aponta o relatório. A avaliação dos impactos gerados pela tecnologia do manejo de mínimo impacto de açaizais nativos concentrou-se nos aspectos do emprego, renda, saúde, gestão e administração. O relatório completo está aqui. Nessa amostragem foram consultados oito produtores ribeirinhos dos municípios amapaenses de Macapá, Santana e Mazagão.
Manutenção periódica
O consenso é de que o açaizal manejado produz mais frutos e de melhor qualidade. Mas, para conservá-lo produtivo, é preciso fazer a manutenção a cada dois anos, por meio de roçagem e retirada das palmeiras finas e com mais de 12 metros. A demonstração prática do manejo de mínimo impacto dos açaizais nativos vem sendo disseminada, nos últimos 10 anos, para produtores e extensionistas rurais do Amapá, por meio de palestras e treinamento prático em áreas de terra firme, em ambiente de floresta de várzea do Campo Experimental da Embrapa em Mazagão e também em açaizais de produtores parceiros. O objetivo é sempre transferir conhecimentos visando o aumento da produção de frutos de açaí e também a manutenção da diversidade florestal no estuário amazônico. No período de 2009 a 2013, os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram crescimento significativo na produção e no preço do fruto de açaí no Estado do Amapá. Enquanto em 2009 foram registrados em torno de 115 mil toneladas, totalizando uma rentabilidade de R$ 160 mil, em 2013 a produção atingiu 202 mil toneladas e renda estimada em R$ 409 mil. De acordo com a análise da Embrapa Amapá, isso é consequência dos diversos manejos praticados pelos ribeirinhos na prática do extrativismo do açaí.
Licença ambiental é o primeiro passo
Desenvolvida pela Embrapa Amapá, a tecnologia de manejo de açaizais nativos de mínimo impacto permite a exploração econômica dessa espécie, conciliando com a preservação da diversidade da floresta. O primeiro passo para se fazer o manejo é obter o licenciamento ambiental. "É necessário se dirigir a um dos órgãos de licenciamento, geralmente vinculados à Secretaria Estadual de Meio Ambiente ou órgão correlato", explica o pesquisador Silas Mochiutti.
O manejo é feito em várias fases. O produtor deve começar limpando o açaizal, com a roçagem da vegetação herbácea, eliminação de cipós e derrubada de parte das palmeiras de outras espécies, como o murumuru, marajá, ubuçu e buritizeiro, que são os principais competidores do açaizeiro. Em seguida faz o inventário florestal da área, definindo quantas e quais árvores a serem cortadas e depois planta açaizais nos espaços liberados pela derrubada seletiva. Uma boa distribuição das árvores no açaizal garante boa produção de frutos, melhora a qualidade e rendimento de polpa e reduz o trabalho de limpeza do açaizal.
Veja no vídeo abaixo, o pesquisador explicando, em detalhes, cada uma dessas etapas. "No segundo ano, o produtor começa a ter um pequeno incremento em sua produção, que será maior após seis ou sete anos da adoção do manejo de mínimo impacto e vai se estabilizar a partir do oitavo ano", ressalta Mochiutti.
O produtor Antônio Madureira, estabelecido em um açaizal no Município de Santana, que fica a 8 km de Macapá (AP), afirma que passou a produzir mais açaí com a adoção da tecnologia de manejo de mínimo impacto. De uma área da qual ele retirava no máximo cem sacas de açaí, o produtor atualmente retira o dobro. "Passei a produzir mais e um açaí de bom fruto, de boa qualidade. O rendimento era muito baixo e hoje é mais alto por causa do manejo", afirma Madureira.
Um açaizal com o manejo de mínimo impacto deverá ter por hectare, cerca de 400 touceiras, com cinco açaizeiros adultos em cada touceira; 50 palmeiras de outras espécies, sendo 20 adultas e 30 jovens; e 200 árvores folhosas, sendo 40 grossas (>45 cm de Diâmetro à Altura do Peito (DAP), 40 médias (20 a 45 cm de DAP) e 120 finas (5 a 20 cm de DAP). Essa quantidade de plantas, além de garantir uma alta produção de frutos e palmito de açaí, com uma alteração mínima da biodiversidade, preserva outros produtos como madeira, látex, plantas medicinais, frutos e fibras.
Dulcivânia Freitas (MTb 1.063/96/PB)
Embrapa Amapá
Embrapa Amapá
EMPREENDIMENTO BOUTIQUE
Olhando essa foto eu imagino o domingo nesse condomínio! Todos na piscina aos berros, as crianças todas mal educadas aos gritos e os menores chorando de pura manha, em cada “pombal” uma música mais brega que a outra tocando no volume mais alto, com as caixas de som voltadas para a piscina, o cheiro da gordura das carnes do churrasco e da fritura dos quitutes...e penso que prefiro a morte a viver num troço desses!
CONTRA O ABANDONO DE HOMENS E COISAS
Foi por causa deste desenho do Solar Boa Vista, feito pelo poeta Antonio Frederico de Castro Alves (1847-1871), estampado num dos posters da exposição “Na trilha de Castro Alves”, que permanece até quarta-feira (28ago2019) na galeria do Solar do Ferrão, no Pelourinho, que decidi revisitar o antigo prédio do final do século XVIII que, apesar de tombado, segue arruinando-se dia após dia.
Fiz as fotos a seguir na tarde desta segunda-feira (26ago2019), após a cremação do jornalista Francisco Viana, 67 anos, no Jardim da Saudade. Despedia-me de amigo que admirei desde a primeira convivência na década de 1970, quando fomos colegas na redação de A Tarde. Ele, jornalista consolidado; eu, aprendiz.
O Solar Boa Vista ainda não desabou porque a construção foi feita para permanecer séculos a fio.
. A placa que registra a restauração, em 1983, pelo Governo ACM, está pinchada,
assim como a placa também da década de 1980 que identifica o prédio como sede da prefeitura.
A bela entrada da capela, em cantaria, está tomada pelo mato.
O tapume já desabou e o trânsito é livre para o
interior do prédio histórico.
Que esta janela destroçada permita, ao menos, que passe algum respeito pelos homens e pelas coisas.
Assinar:
Postagens (Atom)