O ESCÁRNIO DOS GENOCIDAS
segunda-feira, 31 de maio de 2021
O LIVRO DO CAFEZINHO
domingo, 30 de maio de 2021
SOBRE A FAMÍLIA IMPERIAL
CERTAMENTE SEU PROFESSOR DE HISTÓRIA NÃO TE ENSINOU ISSO NA ESCOLA
NOS QUEREMOS, NOS PEDIMOS...
...A ENTRADA DE JOSÉPHINE BAKER NO PANTEÃO DE PARIS!
Uma petição já com mais de 50 mil assinaturas está sendo amplamente divulgada na França.
TED TALKS: JAIME LERNER
O CIRCO
Eu amo essa história da infância de Katharine Hepburn; em suas próprias palavras.
sábado, 29 de maio de 2021
A ONDA MAIS LONGA DO MUNDO
OMISSÃO CUSTOU 95 MIL VIDAS
Vacinas teriam salvo 95 mil vidas se governo Bolsonaro não tivesse ignorado ofertas, calcula pesquisador
Se o Brasil tivesse comprado as vacinas quando elas foram ofertadas pela primeira vez, teria 50% a mais do que tem hoje. Ou seja, quase 150 milhões de doses em vez das 100 milhões atuais. Isso seria suficiente para vacinar praticamente todos os brasileiros dos grupos prioritários, que somam quase 80 milhões de pessoas.
Ao menos 95 mil vidas poderiam ter sido salvas, segundo cálculos conservadores do epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (RS). Ou seja, os números podem ser maiores, mas essas doses de vacinas poderiam evitar no mínimo 1 em cada 5 mortes, se considerarmos que 456 mil pessoas morreram oficialmente de covid-19 no Brasil até o fim de maio de 2021.
Para chegar a esse número, Hallal explica à BBC News Brasil ter se baseado em dados epidemiológicos da pandemia e em dois depoimentos cruciais para a investigação no Senado sobre a condução da pandemia pelo governo Bolsonaro.
O primeiro foi prestado pelo gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, em 13/05. Segundo ele, o governo Bolsonaro rejeitou três ofertas de 70 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech, cujas primeiras doses poderiam ter sido entregues em dezembro de 2020.
Na prática, o acordo com a farmacêutica, se tivesse sido fechado quando foi proposto, teria garantido ao Brasil 4,5 milhões de doses de vacina até o fim de março de 2021. A primeira oferta de vacinas foi feita em agosto de 2020, mas o governo Bolsonaro só fechou a compra delas em março de 2021.
O segundo depoimento usado no cálculo foi prestado pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, na quinta-feira (27/05). Segundo ele, o governo Bolsonaro rejeitou três ofertas de compra da Coronavac, sendo que uma delas teria garantido 60 milhões de doses da vacina, mesmo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não tivesse autorizado ainda o uso desse imunizante.
Covas afirmou à CPI que a primeira oferta foi feita em julho de 2020, mas o governo Bolsonaro só acertou a compra em janeiro de 2021. Se tivesse comprado no momento da primeira oferta, o país teria 49 milhões de doses a mais do que tem hoje.
Dessa forma, se o país tivesse comprado as vacinas quando elas foram ofertadas pela primeira vez, teria hoje 50% a mais do que tem. Ou seja, quase 150 milhões em vez das 100 milhões atuais. Isso seria suficiente para vacinar praticamente todos os brasileiros dos grupos prioritários, que somam quase 80 milhões de pessoas. O Ministério da Saúde estima atualmente que a vacinação dessa parcela da população só seja concluída em setembro ou outubro.
O cálculo de Hallal leva em conta algumas variáveis, como a eficácia das vacinas, a quantidade de pessoas suscetíveis ao vírus e a taxa de letalidade estimada de covid-19 (que varia de uma faixa etária para outra).
Primeiro, a eficácia global das vacinas (94% para a Pfizer e 50% para a Coronavac). Esses dados correspondam à quantidade de pessoas vacinadas que não ficam doente após serem imunizadas, e não ao número de vacinados que não morrem (80%, no caso da Coronavac, segundo estudo do governo do Chile).
Ainda assim, Hallal optou neste momento por ser mais conservador em seu cálculo, mas afirmou que se aprofundasse a análise, o número de vidas salvas seria maior.
Segundo, Hallal considerou para seu cálculo, novamente sendo conservador, a taxa de letalidade de 1%, que é a estimada para a população em geral. Mas sabe-se que esse número é muito mais alto entre os idosos, que foram os primeiros a serem vacinados. Dados da Universidade Federal do Amazonas apontam uma letalidade entre 20% e 40% dos idosos com mais de 80 anos que acabaram infectados por covid-19.
Como resultado, calcula o epidemiologista, poderiam ter sido evitadas pelo menos 14 mil mortes com as 4,5 milhões de doses da Pfizer e 80.300 mortes com as 49 milhões de doses da Coronavac.
O pesquisador ainda avalia se fará cálculos mais precisos num artigo científico mais formal, que "certamente darão números ainda maiores", sobre as vidas que poderiam ter sido salvas com a compra das vacinas.
Por que o governo Bolsonaro não comprou as vacinas quando elas foram ofertadas?
As razões que levaram o governo Bolsonaro a rejeitar as ofertas de vacinas em 2020 não estão totalmente claras, mas algumas delas foram apontadas também pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em seu depoimento à CPI da Covid.
Sobre a vacina da Pfizer, o general citou alguns obstáculos para assinar o contrato. Um deles era o preço de US$ 10 (cerca de R$ 50) por dose, mais alto que outro imunizante negociado pelo governo federal com a farmacêutica AstraZeneca (US$ 3,50 ou cerca de R$ 18). O valor de US$ 10 acabaria sendo aceito pelo governo Bolsonaro sete meses depois.
Outros empecilhos, segundo Pazuello, eram a quantidade pequena de vacinas, a não transferência de tecnologia para o país (presente nos contratos com a AstraZeneca e com a Sinovac) e "cláusulas assustadoras" e "leoninas" no contrato com a Pfizer.
Uma delas era a exigência de isenção de responsabilidade da farmacêutica sobre eventuais efeitos colaterais. Segundo a Pfizer, os termos contratuais eram padronizados e foram aceitos pelos demais países do mundo que adquiriram, antes mesmo do Brasil, as vacinas da empresa.
No caso da vacina Coronavac, produzida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac, Dimas Covas afirmou que depois de meses de negociação e insistência, um documento de compromisso de compra chegou a ser acertado entre o Butantan e o governo federal em outubro, mas o presidente Jair Bolsonaro "mandou cancelar" o contrato e o compromisso "ficou em suspenso".
Segundo o diretor do Butantan, não houve nenhum questionamento formal do Ministério da Saúde sobre possíveis dúvidas em relação à vacina. E, com a suspensão do acerto, o Butantan passou a enfrentar incertezas sobre o financiamento de sua produção.
Além disso, Covas afirma que a demora fez com que parceiros internacionais de fornecimento de matéria-prima de vacina fechassem contratos com outros fabricantes. Isso levou a uma disponibilidade muito menor de doses quando o governo Bolsonaro decidiu finalmente fechar contrato com o Butantan, seis meses depois.
Pelo menos dois fatores influenciaram a decisão de Bolsonaro de não fechar contrato com o Butantan. Primeiro, divergências com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), visto por Bolsonaro como seu virtual concorrente na disputa pelo Palácio do Planalto em 2022. O Butantan é ligado ao governo paulista.
Segundo, a pressão de militantes de direita que, a partir do momento em que Pazuello anunciou a compra da Coronavac, passaram a circular em grupos de WhatsApp de apoiadores do governo teorias conspiratórias contra a vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac. Termos como "VaChina" e "Fraudemia" são empregados com frequência nestas correntes.
Em entrevista à rádio Jovem Pan em outubro de 2020, Bolsonaro disse que o governo federal não compraria nenhuma vacina oriunda da China, mesmo que ela fosse aprovada pela Anvisa.
"Da China nós não compraremos. É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso", disse Bolsonaro, que acabaria fechando o contrato em janeiro de 2021.
Até o fim de abril, quase 80% das vacinas aplicadas no Brasil eram a Coronavac.
FESTA NA FLORESTA
FERNANDO GABEIRA
“Regozijem-se os campos e tudo o que neles há. Cantem de alegria, todas as árvores da floresta.” (Salmos, 96: 12)
Dessa forma, o delegado Alexandre Saraiva comemorou o afastamento de dez funcionários
do Ministério do Meio Ambiente e a batida policial nos escritórios do ministro Ricardo Salles.
Saraiva estava feliz com a Operação Akuanduba, realizada por outro delegado, Franco Perazzoni,
que, como ele, também é especializado no tema, com doutorado em meio ambiente.
O delegado Saraiva havia denunciado Ricardo Salles por ter atuado na tentativa de liberar
um grande carregamento de madeira ilegal, apreendida por ele. A denúncia lhe valeu o afastamento
do cargo. E ainda é muito audacioso, no governo Bolsonaro, denunciar um ministro que
se associe a bandidos ambientais travestidos de empresários.
A denúncia de Saraiva foi parar nas mãos da ministra Cármen Lúcia, que a enviou para a PGR
e, lá, adormeceu na gaveta de Augusto Aras. Acontece que, correndo por fora, numa outra
investigação, o delegado Franco Perazzoni investigava algo parecido, as alterações de normas
do Ibama para favorecer madeireiros.
Ricardo Salles, na célebre reunião em que falou em passar a boiada, aproveitando-se da pandemia,
revelou seus métodos. É preciso uma caneta, dizia ele, e um parecer. Caneta sem parecer dá cana.
Acontece que alterar normas, substituir funcionários e colocar alguém que lhe escreva o parecer
também podem dar cana.
A investigação brasileira que já existia foi fortalecida com informações de um agente do
United States Fish and Wildlife Service, que detectou as exportações ilegais para os EUA,
algumas no Porto de Savannah, na Geórgia.
Graças a essa cooperação internacional, o delegado Perazzoni avançou nas investigações,
e o ministro Alexandre de Moraes afastou os funcionários, inclusive o presidente do Ibama.
É uma festa na floresta. Em primeiro lugar, por saber que a PF tem quadros especializados
como Saraiva e Perazzoni, capazes de defender a floresta e conhecedores dos métodos da
corrupção normativa, proclamados abertamente por Ricardo Salles.
Em segundo lugar, por saber que um serviço como o Fish and Wildlife americano está jogando
também do lado da Floresta Amazônica, o que nos enche de esperança sobre a cooperação
futura. Nossos interlocutores agora são Biden e John Kerry, acabou a era Trump por lá.
Salles não caiu, apesar de tudo. Bolsonaro está com ele e, no fundo, acha também que normas
de proteção da floresta deveriam ser atropeladas.
Tenho escrito muito sobre a política destruidora do governo Bolsonaro, mas sempre a tratei como
uma visão retrógrada da maneira de produzir e consumir. Ela fundamenta ódio à floresta e aos
povos tradicionais que a mantêm de pé.
Víamos apenas barbárie numa política que, entre outros, protege desmatadores e garimpeiros ilegais.
Duas crianças ianomâmis morreram vítimas dessa barbárie, quando garimpeiros atiraram contra
os índios no dia 10 de maio. As mortes na floresta às vezes passam em branco, num contexto de
pandemia, em que todos se concentram nas mentiras que são contadas na CPI.
A operação Akuanduba trouxe, além de um fio de esperança, algumas lições. A PF que defende as
leis ambientais precisa ser valorizada. O próprio Alexandre Saraiva deveria ser reconduzido a seu posto.
É um quadro valioso.
Assim como tivemos cooperação norte-americana ao denunciar a madeira ilegal, é preciso que
deputados brasileiros acionem o Parlamento Europeu para obter o mesmo comportamento dos
fiscais de lá.
As chances de preservar a floresta dependem também dessas articulacões internacionais.
É preciso que todos passem da retórica à ação. Só assim poderão cantar todas as árvores que
restam na Floresta Amazônica e nos outros biomas brasileiros.
Artigo publicado no jornal O Globo em 24/05/2021
sexta-feira, 28 de maio de 2021
MY WAY
A CANÇÃO -ASSINATURA DE SINATRA
( da qual ele não gostava muito)