De quem é o Pelourinho? Aqueles que o amam, aqueles que dele sobrevivem ou nele moram, os que desconfiam que passado, presente e futuro são uma só coisa precisam saber! Se ele é um dos primeiros bairros da Baía, se seu nome está nos registros iniciais da Urbis, se ele é ou foi território do primeiro colégio, da Biblioteca, da prefeitura e da cadeia é obrigação do Alcaide protegê-lo. E se nele e no seu entorno, há paredes coloniais, caquinhos cariados belíssimos do século XVIII, casarões ainda imponentes do século XIX misturados a igrejas centenárias que espantam e preocupam os turistas com o abandono de um patrimônio que, quase todo, pertence ao Estado e à igreja, os dois são responsáveis por ele.
Atualmente, ninguém protege o Centro Histórico, o Pelourinho. A casa da Rua Santa Isabel incendiada em 2005, porque não havia água nos hidrantes, porque o caminhão dos bombeiros não conseguiu entrar na rua, porque inexiste um sistema de prevenção contra incêndio no Centro, e que pertence à Igreja Católica, continua incendiada, defronte da saída de um estacionamento do bairro turístico do Pelourinho. Turístico? Aonde?
E é, porque além de pertencer à Prefeitura e ao Estado, o Pelourinho pertence, por merecimento, por um título disputadíssimo, um título que todas as cidades do mundo gostariam de ter, de patrimônio da humanidade, que atrai turistas do planeta. Mas a Humanidade precisa das responsabilidades do Prefeito e do Governador, porque é dona distante desse majestoso, desse soberbo patrimônio. E eles são seus guardiões próximos.
Se o título de patrimônio da humanidade é uma distinção, as outras responsabilidades são reais e maculam as gestões municipal e estadual, incapazes de resolver com soluções contemporâneas, questões básicas. Se o Estado não pode gerir esse Patrimônio, se a igreja não tem como conservá-lo, venda-o, leiloe-o com planejamento público, para que além de majestoso, ele sirva à Cidade e ao Estado como usina de trabalho criativo.
Porque só ele pode e tem capacidade para isso. Porque afora ele, Centro Histórico, a cidade de Salvador, atualmente, é Shopping. E Shopping é o que não falta ao Planeta.
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