'Adotei um bebê com hidrocefalia abandonado no hospital e vivi os cinco melhores anos da minha vida'
Técnica de enfermagem, Dabiene Sousa conta como adotou João Emanuel após o mesmo ser abandonado com uma condição de saúde crítica no hospital em que trabalhava. Após ouvir de médicos que ele viveria em estado vegetativo e seria incapaz de reagir a ela, Dabiene não só pôde acompanhar o crescimento e desenvolvimento do menino durante cinco anos, como viveu os melhores anos de sua vida e viu sua existência transformada por completa, apesar da partida dele.
"Era 18 de janeiro de 2019. Eu trabalhava como qualquer outro dia na Santa Casa BH, um hospital público de Belo Horizonte, Minas Gerais, quando recebi a instrução de um médico para buscar uma criança para que colocássemos uma válvula em sua cabeça. Ao subir as escadas em que ele estava, fui conferindo os papéis, como de costume. Chegando na pediatria, perguntei sobre a mãe dele, já que menores de idade precisam sempre estar acompanhados. Me responderam: 'Ele é destituído'. O termo não era familiar para mim, não tinha nem noção do que significava, então perguntei o que queria dizer. Me explicaram que é quando uma criança é abandonada, com pais que a rejeitaram. Fiquei curiosa e fui olhar para o menino. Quando o vi, senti uma grande mudança. Parecia que estava revivendo coisas que nunca vivi. Veio um frio na barriga e eu comecei a chorar. Parecia que o conhecia há muito tempo."
"Peguei o bebê no colo -- e geralmente nem pode fazer isso, tem que colocá-lo na maca --, mas desci com o recém-nascido encostado em mim, e lhe disse: 'Você nunca mais vai estar sozinho. Eu não vou te deixar'. Quando o coloquei na maca para o médico avaliar, ele segurou na minha blusa. Parecia uma resposta, como se me dissesse: 'Eu sou seu mesmo'. O garoto se chamava João Pedro -- mais tarde, quando o adotei, de fato, o rebatizei de João Emanuel.
Ele foi levado para a cirurgia, com menos de um mês de vida, e eu achei que fosse morrer. Tive que sair da sala, pois não aguentava assistir, chorava muito. Prometi a mim mesma: 'Se ele sair, vai ser meu'. O bebê deixou a sala entubado, viram que não era possível fazer o procedimento planejado, porque não tinha lugar para colocar a válvula. Mais tarde, descobriríamos que ele tinha hidrocefalia.

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