quinta-feira, 27 de setembro de 2018
NÃO DEVEMOS ESQUECER
Esse aí da foto é meu primo que nunca conheci. O nome dele era Stuart Edgar Angel Jones, mas lá em casa os mais velhos chamavam ele de Tutty. A mãe dele era prima-irmã do meu avô. Minha avó era sua madrinha. Stuart morreu quando eu tinha sete anos de idade, assassinado pela ditadura militar.
Em junho de 1971, foi levado para a Base Aérea do Galeão, espancado e torturado por uma dezena de covardes ligados ao Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica. Segundo depoimentos de testemunhas oculares, foi amarrado a um carro e arrastado por todo o pátio do quartel.
Enfiaram a boca dele no cano de descarga do veículo para inalar os gases emitidos. Depois, deixaram ele esfolado e arrebentado no chão até morrer de sede. Ele tinha 25 anos de idade.
Dois anos depois, torturaram, estupraram e mataram também a mulher dele, Sônia Moraes Angel Jones. Ela tinha 27 anos.
Essa história só ficou conhecida porque a mãe de Stuart, a estilista Zuzu Angel, botou a boca no mundo. Ela vinha de família “boa” – classe média alta, udenista, mineira, católica – e conhecia muita gente famosa.
Levou a denúncia da morte do filho até aos Estados Unidos. (O pai de Stuart era americano, o que lhe valeu a cidadania americana, além da brasileira.)
Zuzu criou tanto caso que acabou morta também, num acidente de automóvel suspeito em 1976. Para honrar a memória dessas três pessoas assassinadas a sangue frio, venho aqui dizer que não se pode ficar calado perante gente que faz apologia da tortura.
Eles dizem que querem defender a família brasileira. Me pergunto qual família e defender de quem? Porque para a minha família, esses canalhas só trouxeram desgraça.
Quem vai nos defender do sadismo e da perversidade dessa gente doente no dia em que um deles chegar novamente ao poder?
Deus nos livre e guarde!
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