Por que as antigas esculturas
gregas possuem
‘pequenos’ pênis?
Os gregos antigos fetichizaram o corpo masculino em esculturas, representando homens poderosos e ilustres como figuras com músculos abundantes e ondulantes. Às vezes, essas figuras aparecem parcialmente cobertas por panos; muitas vezes, estão completamente nuas.
Para o olho contemporâneo, seus corpos são os ideias, exceto por um detalhe importante. “Eles possuem pênis pequenos, em comparação com a média da humanidade”, diz o historiador de arte Andrew Lear, especialista em arte e sexualidade gregas antigas. “E eles geralmente estão flácidos”.
Inúmeros amantes e historiadores da arte contemporânea foram atingidos pela natureza modesta dos falos que figuram em esculturas clássicas de deuses, imperadores e outros homens de elite – de Zeus a atletas famosos. Os pequenos membros parecem estar em desacordo com os corpos maciços e as personalidades miticamente grandes que os acompanham. Mas os gregos antigos tiveram suas razões para essa escolha estética.
Retorne para o mundo grego antigo de cerca de 400 aEC, e você perceberá que grandes pênis eretos não eram considerados desejáveis, nem eram um sinal de poder ou força. Em sua peça As Nuvens (419-423 aEC), o dramaturgo grego Aristófanes resumiu os traços ideais de seus pares masculinos como “um peito reluzente, pele brilhante, ombros largos, língua minúscula, nádegas fortes e um pequeno pênis.”
O historiador Paul Chrystal também realizou pesquisas sobre esse antigo ideal. “O pênis pequeno era consonante com os ideais gregos da beleza masculina”, ele escreve em seu livro In Bed with the Ancient Greeks (em tradução literal: Na Cama com os Antigos Gregos), de 2016. “Foi um emblema da cultura mais refinada e um modelo de civilização”.
Na arte grega antiga, a maioria das características de um grande homem eram representadas como amplas, firmes e brilhantes, então por que esses mesmos princípios estéticos não eram aplicados ao pênis? Como sugerem Lear e outros historiadores, parte da resposta reside em como os falos de homens menos admiráveis eram retratados.
Os depravados sátiros, em particular, eram representados com órgãos genitais grandes e eretos, às vezes quase tão eretos como os seus torsos. De acordo com a mitologia, essas criaturas eram parte homem e parte animal, e totalmente descontrolados – uma qualidade que a alta sociedade grega relegava. “Os grandes pênis eram vulgares e fora da norma cultural, algo exibido apenas pelos bárbaros”, escreve Chrystal. De fato, em vários potes e frisos de ânfora, sátiros bem dotados podem ser vistos bebendo e aprazendo a si mesmos com abandono.
Enquanto hoje ser bem dotado é muitas vezes equiparado ao poder e mesmo à boa liderança, “o pênis nunca foi um emblema de virilidade ou masculinidade na Grécia antiga, como foi em outras culturas”, escreve Chrystal. “A potência vinha do intelecto necessário para criar os filhos, prolongar a linha familiar e a oikos [a unidade familiar ou a família] e sustentar a polis [cidade-estado]”.
Não há dúvida de que, em toda a arte grega antiga, a representação do falo – e seu tamanho variado – era simbólica. Como sugere Lear, isso pode sugerir por que os artistas da época retrataram nus masculinos com tanta frequência, mesmo quando um personagem ou narrativa poderia não exigir isso. “Eles usaram o pênis como um indicador pessoal”, explica Lear. “O tamanho dizia algo”.
Naquela época, o tamanho indicava se um homem era ou não correto. Mas, embora o simbolismo cultural do pênis tenha mudado, algumas coisas não mudaram. Assim, como agora, o sexo masculino era visto como a destilação da habilidade de um homem de dominar.
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